quinta-feira, 27 de abril de 2023

Bastidores da saída de Cuca

Cuca comunicou saída na terça-feira (25).

Elenco do Corinthians tentou reverter decisão.

Técnico teve reunião com jogadores em véspera do jogo contra o Remo. 

Líderes mostraram apoio público, e Cássio deu camisa após pegar pênalti em classificação.

Foi com um emocionado pronunciamento que Cuca comunicou a imprensa que deixaria o cargo de técnico do Corinthians, cerca de uma hora e meia após o término do jogo diante do Remo, quando o Timão venceu por 2 a 0 no tempo normal e conquistou a vaga nos pênaltis, ao vencer a decisão por 5 a 4.

A decisão, porém, foi tomada ainda na terça-feira (25), na véspera da partida, tendo sido comunicada ao presidente Duilio Monteiro Alves e ao gerente de futebol Alessandro Nunes.

"Desde que chegou, com tudo o que foi passando, algumas vezes já tinha nos falado: "Melhor eu ir embora, estou atrapalhando". Em outras tentava ficar. A gente sabia da possibilidade, sim. Entendemos mais hoje que ele não continuaria por não ter condições mentais de focar no trabalho. Foi uma decisão dele, só lamento. É um excelente profissional, poderia nos ajudar. Mas era o momento de sair", lamentou Duílio, que bancou a contratação na quinta-feira passada.

Pressionado pelos protestos por conta de sua condenação no caso de agressão sexual de 1987, quando ainda atuava pelo Grêmio como jogador, Cuca recebeu um pedido da família para sair.

Algo que Róger Guedes e outros atletas tentaram reverter em conversas desde terça-feira (25). 

Apesar dos poucos dias de convívio, houve uma rápida aceitação dos jogadores do elenco, que elogiaram seus métodos de treinamento.

Contra o Remo, Cuca levou a família de todo o elenco para motivar o time na entrada do campo.

"Ontem (terça) fiquei uma hora na sala dele, eu era um dos que sabia que ele queria ir embora. Ele deu os argumentos, eu tentei convencer, disse que as pessoas iam ver que ele tem razão, que está certo", disse Guedes, que já havia trabalhado com Cuca no Palmeiras.

Além dele, Cássio, Fábio Santos e Renato Augusto também foram à sala de Cuca na terça-feira (25):

"O Cássio também tentou, Fábio Santos, Renato (Augusto). A gente tentou, mas é difícil você querer um negócio e ver que a parte humana dele não está bem", revelou Guedes.

Após a classificação, Guedes voltou a conversar com Cuca, que chorou no vestiário. 

O treinador recebeu a camisa usada por Cássio na partida como um presente. 

Ele a levou, inclusive, para a sua última coletiva.

"Depois do jogo, fui na sala dele, fiquei uns 40 minutos ali conversando com ele. É triste vê-lo arrasado, as filhas escutarem que o pai é um estuprador é algo muito forte. Mas acredito na palavra dele, que ele é um inocente", completou o atacante do Timão.

O contrato de Cuca com o Corinthians não tinha multa contratual. 

Assim, qualquer uma das partes poderia quebrar o vínculo antes de 31 de dezembro sem a necessidade de pagamento de valores.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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