terça-feira, 29 de março de 2022

Japão fica no empate

Sem pontaria, Japão fecha campanha nas Eliminatórias com empate contra o lanterna Vietnã.

Yoshida fez um gol, perdeu outro de forma inacreditável e o 1 a 1 em Saitama acaba com a chance do Japão ficar no pote 2 no sorteio dos grupos da Copa do Mundo.

Era mesmo jogo só para "cumprir tabela"? 

O Japão já estava classificado para a Copa do Mundo do Catar ao derrotar a Austrália na rodada passada, enquanto o Vietnã já estava eliminado e em último lugar do grupo, mas ainda assim era um jogo importante porque uma vitória deixaria o Japão com chances (remotas, é verdade) de ficar no pote 2 no sorteio dos grupos da Copa do Mundo. 

Mas pela forma como entrou em campo hoje parecia que o Moriyasu Japan não estava ligando muito para isso.

Moriyasu trocou nove titulares hoje. Apenas o capitão Yoshida e Yamane foram mantidos. 

Nomes que vinham pedindo passagem como Mitoma, Nakayama, Ayase Ueda, Kubo e o estreante Hatate ganharam uma chance no onze inicial. 

Wataru Endo e Ko Itakura, titulares contra a Austrália, foram dispensados e já voltaram para seus clubes na Alemanha, enquanto o goleiro Kosei Tani ficou no banco como "jogador de linha" porque só dois goleiros reservas são permitidos (já havia Gonda e Schmidt) e Moriyasu queria todo o elenco no banco para o último jogo.

Na seleção vietnamita, o técnico sul-coreano Park Hang-seo reclamou bastante dos protocolos de covid e do tratamento, segundo ele, injusto ao qual sua delegação foi sujeita. 

O seu intérprete testou positivo no aeroporto e teve que ficar isolado, o que limitou a comunicação de Park com atletas e staff.

Apesar de não ter mais limite de público no estádio, ainda está em vigor a regra que proíbe torcer durante os jogos: não pode cantar, gritar, etc. 

Só que a torcida do Vietnã, aparentemente, não estava ciente disso, pois eles faziam barulho, pulavam e torciam normalmente desde o início, enquanto os japoneses seguiam o protocolo de apenas bater palmas. 

Tanto o alto-falante do Saitama Stadium 2002 quanto o telão pedia a cooperação dos vietnamitas, mas anunciando apenas em japonês e inglês. 

Os funcionários do estádio, desesperados, tentavam orientar os visitantes, até que arranjaram placas com desenhos e textos no idioma vietnamita.

Os visitantes tiveram muito o que comemorar, pois saíram na frente no que foi a primeira e única finalização deles na partida. 

Escanteio batido por Nguyen Cong Phuong (ex-Mito HollyHock) e um erro de marcação do Japão deixou três adversários contra apenas dois marcadores na segunda trave. 

Nguyen Thanh Binh escapou da marcação de Nakayama e marcou de cabeça. 

Para quem já planejava apenas se defender desde o início, marcar o primeiro gol era um sonho para os Guerreiros da Estrela Dourada.

O Japão estava, teoricamente, com uma escalação bem mais ofensiva. 

Aos invés dos três volantes que Moriyasu costumava usar, desta vez eram três meias com características ofensivas. 

Shibasaki era o mais recuado, com Haraguchi e Hatate à frente, mas todos os três jogavam mal, errando passes, perdendo à bola e sem levar perigo em meio à forte marcação do 5-4-1 de Park Hang-seo. 

O fraco desempenho do meio-campo era o principal motivo para o Japão não se impor e ter criado poucos lances de perigo. 

Apesar de várias finalizações, ia sempre para fora e o goleiro Tran Nguyen Manh só precisou fazer uma defesa a instantes do intervalo.

No segundo tempo, a entrada do ponta Junya Ito no lugar de Hatate, deslocando Kubo para o centro, melhorou o time, que logo empatou, quando Yoshida deu uma de Tulio, roubou a bola no campo de defesa, saiu carregando até o ataque e ficou lá até o fim da jogada, aproveitando um rebote do goleiro em chute de Haraguchi. 

As entradas de Morita e Tanaka nas vagas de Shibasaki e Haraguchi logo deixaram o time ainda mais perigoso.

O Japão seguiu atacando sem parar até o final, com 24 finalizações e oito na direção do gol, mas o goleiro salvou tudo e o trio de zaga também se destacou, especialmente o central Que Ngoc Hai. 

Tanaka chegou a colocar a bola nas redes ao pegar rebote de chute de Ueda, mas o lance foi anulado porque a bola bateu no braço de Minamino. 

Taniguchi quase marcou de cabeça, mas o goleiro salvou e a bola bateu na trave; a sobra ficou com Yoshida, de frente com o gol aberto, mas ele conseguiu o mais difícil e chutou para fora. 

Um gol perdido tão inacreditável quanto o de Yanagisawa em 2006, o lendário "QBK". 

Ueda também teve um gol anulado, por impedimento, e ficou por isso.

Até hoje, o Japão tinha vencido todos os jogos que fez contra o Vietnã. 

Os três últimos, todos vitórias apertadas por 1a 0. 

O Vietnã conquista um ponto pela primeira vez no confronto, terminou a campanha com apenas quatro pontos em 10 jogos, mas é a seleção que mais evoluiu entre as 12 participantes dessa fase final de Eliminatórias Asiáticas e cria expectativas para quem sabe, brigar ainda mais alto pensando na Copa de 2026.

O sorteio dos grupos da Copa do Mundo acontece nesta sexta-feira, 1º de abril, às 13 horas (horário de Brasília). 

O Japão deve ficar no pote 3, ou seja, jogará contra duas seleções de ranking mais alto e uma de ranking mais baixo.

Eliminatórias - Japão 1 X 1 Vietnã

Saitama Stadium 2002 - Público: 44.600

Gols: Nguyen Thanh Binh (aos 20 minutos do primeiro tempo), Maya Yoshida (aos 9 minutos do segundo tempo).

Notas:

Eiji Kawashima - 5,5 - Não era titular desde o jogo contra o Quirguistão em junho de 2021 (última rodada da fase anterior das Eliminatórias). 

Na única finalização do Vietnã em toda a partida, deixou a bola entrar.

Miki Yamane - 6,5 - Um dos poucos japoneses que foi bem. Não teve problemas na defesa e participou bastante do ataque.

Maya Yoshida - 6,0 - Envolvido na jogada do gol sofrido, redimiu-se ao começar e terminar a jogada do empate, marcando seu segundo gol na era Moriyasu. 

Poderia ter saído como herói do dia, mas perdeu uma chance inacreditável de virar o jogo.

Shogo Taniguchi - 6,5 - Atuação sem erros, firme em todas as disputas. 

No ataque, ainda acertou uma bola na trave.

Yuta Nakayama - 6,0 - Falhou no lance do gol porque era ele quem marcava Nguyen Thanh Binh. 

Foi bem no resto da partida sempre apoiando o ataque.

Gaku Shibasaki - 5,5 - Teve momentos ruins, como quando perdeu a bola no campo de defesa no início (esses cochilos às vezes custam caro, como na derrota para a Arábia Saudita), mas também acertou alguns bons passes. 

No geral, ficou abaixo da média e ainda cometeu uma falta dura em que teve sorte de levar apenas cartão amarelo. 

Foi um dos melhores da primeira metade da era Moriyasu, mas hoje está cada vez mais longe de recuperar o lugar no time. 

Não joga bem pela seleção desde a vitória contra a Costa do Marfim em outubro de 2020.

Genki Haraguchi - 6,0 - Não foi bem no primeiro tempo, mas o gol japonês saiu no rebote de um chute dele. Substituído depois de uma hora em campo.

Reo Hatate - 5,0 - Não fez boa estreia, quase sempre perdendo a bola ou errando a jogada. 

Não mostrou entrosamento com o ex-colega de Kawasaki Frontale, Kaoru Mitoma. Saiu no intervalo.

Takefusa Kubo - 6,0 - Até participou de algumas boas jogadas, mas geralmente era anulado pela marcação. 

Começou na ponta direita e melhorou no segundo tempo, centralizado. 

Participou do lance do gol.

Kaoru Mitoma - 6,0 - Foi de longe o mais perigoso no primeiro tempo, mas no segundo caiu de produção, apareceu menos e errou demais.

Ayase Ueda - 5,5 - Teve dificuldades no meio do trio de zaga vietnamita e encontrou poucos espaços. 

Pouco participativo no primeiro tempo, melhorou no segundo e criou várias jogadas como pivô ajeitando a bola para a finalização de um companheiro. 

Mas quando teve uma grande chance dentro da área, chutou em cima do goleiro.

Junya Ito - 6,0 - Atuou por 45 minutos na ponta direita e se saiu melhor que Kubo por lá, mas poderia melhorar nos cruzamentos.

Hidemasa Morita - 6,0 - Jogou como volante mais recuado e teve pouco trabalho. 

Cometeu uma falta em Quang Hai que deu ao Vietnã a única chance de ameaçar no segundo tempo. 

Apareceu pouco no ataque.

Ao Tanaka - 6,0 - Jogou por meia hora e ajudou a melhorar o time. 

Para o seu azar, teve um gol anulado por toque de mão de Minamino.

Takumi Minamino - 5,5 - Entrou na vaga de Kubo como meia central e no geral ficou devendo. 

Sem querer, acabou invalidando o gol de Tanaka.

Hajime Moriyasu - 5,5 - Apesar de ter escalado muitos jogadores que torcida e imprensa pediam, o trio do meio-campo teoricamente mais ofensivo não funcionou. 

O time melhorou depois do péssimo primeiro tempo e criou várias chances após a formação mudar para o 4-2-3-1, mas só fez um gol. 

No fim das contas, uma chance desperdiçada de terminar a campanha de forma positiva.

(peso das notas: 5,0: péssimo; 5,5: ruim; 6,0: razoável; 6,5: bom; 7,0: muito bom)

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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