sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Tudo verde!!!

O clube mais "verde" do mundo: conheça o Forest Green Rovers, da quarta divisão inglesa.


FGR é reconhecido pela FIFA e pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o melhor do planeta em sustentabilidade ambiental. 

Medidas vão de camisas feitas de bambu até cardápio vegano para torcedores

Caneleiras e camisa de bambu, dieta vegana para o elenco, gramado 100% orgânico, cortador de grama movido a energia solar. 

Essas são algumas das peculiaridades do Forest Green Rovers, da quarta divisão da Inglaterra. 

O clube é considerado pela FIFA e pela ONU como o mais ambientalmente sustentável do mundo, o único com certificado de neutralidade de emissões de carbono.

Toda a energia das instalações do clube é gerada por fontes limpas, a maior parte captada pelos painéis solares do estádio New Lawn. 

O gramado é 100% orgânico, adubado com algas marinhas e irrigado com água coletada da chuva. 

Os cortadores de grama, direcionados via GPS (Global Positioning System - Sistema de Posicionamento Global), funcionam com energia solar. 

Eventuais ervas daninhas são retiradas com as mãos, sem produtos químicos.

"Nós nos concentramos em três aspectos: energia, transporte e comida. Cerca de 80% da pegada de carbono de uma pessoa vem de como ela usa energia, se desloca e o que come. Nos importamos com o meio ambiente, óbvio, mas performance é tão importante quanto", comentou o presidente do FGR, Dale Vince, em entrevista ao globo esporte.

O Forest Green Rovers foi fundado em 1889, e disputa a League Two, a quarta divisão da Inglaterra, desde 2017. 

Hoje está em sétimo lugar na tabela e neste sábado (26) enfrenta o Salford City, em quarto. 

O objetivo é subir mais um nível para depois tentar a principal meta: chegar à Championship, a segunda divisão nacional.

Ações de sustentabilidade adotadas pelo FGR:

Painéis solares sobre as arquibancadas e uso de energia eólica.

Equipamentos de economia de consumo de energia.

Van elétrica para o transporte do material dos jogadores.

Menu vegano em dias de jogo e também para o elenco principal.

Gramado cuidado sem pesticidas ou fertilizantes.

Em 2019/20, com os impactos da pandemia do coronavírus, o FGR teve uma redução de 18% no consumo de eletricidade e de 70% no de gás.

Do lado de fora do estádio, o estacionamento conta com torres de baterias para carros elétricos de funcionários e torcedores. 

Mas os fãs são incentivados a usar o transporte público em dias de jogo.

Desde 2011, o elenco principal e funcionários do clube têm à disposição uma dieta sem carne vermelha. Peixes e laticínios foram retirados do cardápio quatro anos depois, também para os torcedores. 

Os jogadores aceitaram rapidamente porque viram ganho de performance com as mudanças, mas houve certa resistência por parte de antigos dirigentes.

Os atletas recebem orientação nutricional para manter esse hábito alimentar fora das instalações do FGR, se assim quiserem. 

Em dia de jogo, tem batata frita, hambúrguer, pizza, sopa... 

Tudo vegano.

O veganismo foi adotado por grandes nomes do esporte mundial, como o piloto Lewis Hamilton, da Fórmula 1, a tenista Serena Williams, a jogadora Alex Morgan, da seleção dos Estados Unidos, Kyrie Irving, da NBA (National Basketball Association é a principal liga de basquetebol profissional da América do Norte), e Nate Díaz, do UFC (Ultimate Fighting Championship - Campeonato de Luta de Elite.)

Uma novidade da temporada passada foi a informação nos ingressos para jogos fora de casa da pegada de carbono (medida que calcula a emissão de carbono equivalente na atmosfera por pessoa) da viagem para cada torcedor. 

Mas a mais chamativa talvez tenha sido a nova versão do uniforme. 

A camisa foi produzida com uma mistura de plástico com carvão de bambu (cerca de 50% do material).

A medida mais recente foi a modernização de todo o clube para o pagamento apenas pela via eletrônica, isto é, sem a operação de dinheiro, no estacionamento, bares, restaurantes, lojas e bilheterias. Isso vai aumentar a velocidade dos serviços e a higiene em dias de jogo.

No fim de semana passado, o jogo do FGR contra o Bradford City serviu de piloto para a volta do público na Inglaterra. 

A partida contou com cerca de 600 espectadores. 

Porém, dias depois o governo britânico decidiu proibir a presença de torcedores nos estádios pelos próximos seis meses, por causa do aumento de casos de coronavírus.

Novo estádio 100% de madeira: A transformação do Forest Green Rovers em uma instituição ambientalmente sustentável teve início em agosto de 2010, quando Dale Vince evitou a sua falência e se tornou o maior acionista e presidente do clube. 

O empresário do ramo de energias renováveis também é dono da Ecotricity, a principal patrocinadora do FGR.

"Era uma missão de resgate. O Forest Green Rovers estava com dificuldades, em 2010, e dei algum dinheiro para ajudar. Achávamos que seria o suficiente, mas na verdade não foi. No fim do verão, eles me disseram que se eu não assumisse a responsabilidade do clube, ele iria falir. Foi uma decisão clara: o FGR tem mais de 130 anos de existência, é parte importante de sua comunidade. Nem pensei muito, foi uma escolha clara. Vamos salvar o clube", contou Dale Vince.

"Não sei quanto gastei porque não me importo com dinheiro. Esse é o fato. O que importa é a missão para nós. Fazer do FGR o clube mais “verde” do mundo e usar o esporte como plataforma para falar sobre sustentabilidade. Isso não tem preço para mim", disse.

O lateral-direito Héctor Bellerín, do Arsenal, se tornou neste mês o segundo maior acionista do FGR. 

Ele adotou a dieta vegana há cerca de três anos. 

Durante a pausa no futebol inglês por causa da pandemia, ele prometeu plantar 3 mil árvores a cada nova vitória dos Gunners. 

Desde então foram 11 triunfos, além do título da Copa da Inglaterra.

O aporte de Bellerín vai ajudar no principal pilar do futuro do Forest Green Rovers, a construção do novo estádio, com capacidade para 5 mil pessoas. 

O clube conseguiu em agosto a autorização que faltava do conselho distrital local para o desenvolvimento do projeto, que está na fase de detalhamento de design. 

A perspectiva é de que as obras comecem daqui a um ano, ou em até 18 meses.

"Fizemos o máximo que podíamos nas atuais instalações. O futuro para nós é no Eco Park, um novo estádio totalmente de madeira, numa área de 50 hectares, com reflorestamento, restauração de canais... É lá onde queremos nos estabelecer na Championship", afirmou Vince.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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