Campeão e artilheiro na Tunísia, brasileiro detalha experiência e avalia estrutura no futebol africano.
Rodrigo Rodrigues é um dos destaques do Espérance de Tunis, maior campeão tunisiano.
Campeão tunisiano pela trigésimo terceiro vez na história, o Espérance de Tunis conta com dois brasileiros no seu elenco.
Um deles, o artilheiro da equipe no campeonato.
O centroavante Rodrigo Rodrigues, conhecido por boas passagens por CSA e Juventude, foi peça importante em mais um troféu conquistado pelo clube e contou detalhes da vida no país africano.
No último sábado, o Espérance venceu o Monastir por 2 a 0 e sagrou-se campeão com uma rodada de antecedência.
Rodrigues, inclusive, marcou o primeiro gol do triunfo.
Foi o décimo gol do centroavante, que divide a artilharia do campeonato com outros dois jogadores.
Semanas antes da conquista do título, o jogador, que completa 28 anos nesta terça-feira (18), falou com exclusividade ao Globo Esporte.
Um dos pontos foi a adaptação à Tunísia, onde mora desde setembro do ano passado.
"Fiquei pensando que seria tudo muito diferente, pessoas, línguas, cultura, religião e tudo. No começo foi difícil porque demorou na parte burocrática para estrear, então essa adaptação cultural afetou um pouco por causa dessa demora para estrear. Mas, a partir do momento em que tudo foi resolvido, pude estrear e fazer meu primeiro gol, a adaptação nos outros quesitos foi se tornando muito mais fácil", afirmou Rodrigo Rodrigues.
"A maioria é de religião muçulmana. O país, por ser africano, pensei que seria calor, mas não, aqui no norte da África tem um clima frio, parecido com o frio de Portugal. Então, foi algo diferente do que eu pensei e a comida também. Depois que a família chega, você começa a jogar e a se familiarizar", declarou.
No início da trajetória no maior clube da Tunísia, Rodrigo Rodrigues encontrou dificuldades com a língua. No entanto, o cenário mudou com a chegada do técnico português Miguel Cardoso.
Com ele, o centroavante deslanchou, e a adaptação ficou mais fácil.
Além disso, Rodrigues ganhou fama nas ruas de Radès, no país africano, quando passou a ter destaque no time.
O que rendeu uma história curiosa com a esposa, Alana Rodrigues, e a filha, Maria Luísa.
Ao sair para compras de rotina com a família, o jogador acabou surpreendido com o assédio dos torcedores.
"Paramos em frente a uma barraquinha de fruta e fiquei no carro com a minha filha. Enquanto minha esposa comprava, não percebi que estávamos em frente a uma escola. Nesse meio tempo, a molecada foi liberada. Eles viram que eu estava ali, começaram a rodar o carro pedindo para sair e tirar foto. Demoramos uma hora para sair do local. Foi algo bem maluco", relembrou Rodrigues.
Torcida apaixonada
Rodrigo Rodrigues é um dos dois jogadores brasileiros na Ligue 1, elite do futebol da Tunísia.
Além dele, o meia-atacante Yan Sasse, ex-Coritiba e Vasco, também atua no Espérance.
Para o centroavante, o futebol jogado por lá é mais físico que o do Brasil, mas fica atrás no quesito técnico e tático. Por outro lado, a estrutura dos clubes não deixa a desejar em nada.
"É um nível maior de força, e um nível menor técnico e tático. Eles têm evoluído nesses aspectos, mas a força está acima de alguns lugares no Brasil. No Brasil, se sobressai na técnica, na tática e em outros quesitos. No geral, é um pouco parecido, mas aqui os campos são ótimos, estádios grandes, que já sediaram Copa das Nações Africanas. São bem modernos, com grama excelente. Não se sente uma diferença absurda", disse.
A temporada coroada com mais um título nacional exaltou o fanatismo dos torcedores.
O fato já havia impressionado o brasileiro.
Para ele, a intensidade se difere do Brasil, principalmente por haver mais apoio do que críticas, o que possibilita com que ele possa desfrutar mais.
"Aqui é muito intenso, festa e mosaico todo jogo. Em críticas, é muito menos que no Brasil, eles têm uma intensidade diferente. Querem dar carinho, tirar foto. É mais intenso, mas para o lado bom. É uma coisa que consegue desfrutar com mais tranquilidade. No Brasil, tem que ter um pouco mais de cuidado, saber o momento que o clube está para poder ir passear com a família", lembrou.
Campeão na Tunísia, Rodrigo Rodrigues também foi finalista da Liga dos Campeões da África, mas o Espérance foi derrotado pelo Al Ahly, do Egito, na decisão.
Apesar disso, o clube está classificado ao Mundial de Clubes de 2025, via ranking da África.
Por conta disso, a próxima temporada será especial para o time tunisiano.
O brasileiro tem mais dois anos de contrato, embora não descarte a possibilidade de mudar de ares antes do término do vínculo.
Autor de 10 gols e duas assistências na temporada, o atleta desperta o interesse de clubes da Europa e do Brasil.
"Ano que vem é importante para o clube, temos a participação no Mundial de Clubes no novo formato. Mas nunca se sabe como é o futebol, quando estava no Juventude, não imaginava que iria sair em pouco tempo. É estar preparado, vivenciar as coisas boas e sentir se a oportunidade é boa ou não", concluiu o centroavante.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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