quarta-feira, 26 de junho de 2019

O que será da Primeira Liga?!?!

Com Corinthians e sem Flamengo, Primeira Liga se reúne em Belo Horizonte e extingue competição.

Representantes de clubes das Séries A e B estiveram na sede do América-MG. 
Clubes se reuniram para discutir um novo rumo do futebol nacional. (Foto: Globoesporte.globo.com)
Foco é criar Associação Nacional dos Clubes para "melhorias para o futebol brasileiro".

Em reunião realizada na sede administrativa do América-MG, em Belo Horizonte, representantes de 14 times, entre filiados e convidados, descartaram a realização de nova edição da Primeira Liga, torneio disputado em formato de copa em 2016 e 2017, com participação de equipes de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 

O Flamengo, sócio da Liga, não esteve presente. 

Em contrapartida, o Corinthians foi convidado a entrar na entidade e participou da reunião.

Representantes de América-MG, Ceará-CE, Paraná Club-PR, Chapecoense-SC, Internacional-RS, Brasil de Pelotas-RS, Vila Nova-GO, Criciúma-SC, Atlético-MG, Fluminense-RJ, Grêmio-RS, Corinthians-SP, Londrina-PR, Atlético-GO e Athletico-PR estiveram presentes no encontro desta terça-feira (25). 

Flamengo-RJ, Figueirense-SC, Cruzeiro-MG, Coritiba-PR e Avaí-SC não participaram da reunião.

Em nota, os clubes explicam que não há espaço para a disputa da Primeira Liga no calendário do futebol brasileiro, que está "superlotado" na visão deles. 

A entidade passa a trabalhar na criação de uma nova associação nacional de equipes, a fim de tratar de temas ligados ao futebol como legislação, regularização de negócios e captação de novas receitas.

"Eu acho que essa reunião é uma evolução desde a fundação da Primeira Liga. Nós assumimos há um ano e meio e percebemos, após muita tentativa, que não era possível organizar uma competição que não tivesse o porte das competições já existentes no futebol brasileiro. Discutimos com as redes de TV, com a CBF, com tudo mundo", afirmou Marcus Salum, presidente da Primeira Liga e do América-MG e também representante do Atlético-GO nesta pauta.

A competição surgiu em 2015 com a ideia de reeditar a extinta Copa Sul-Minas, que reuniu times de Minas Gerais e da Região Sul e, principalmente, rever a distribuição de cotas de patrocínio e trazer a organização do campeonato para as mãos dos clubes. 

Entre atritos de dirigentes, entrada e saída de participantes, queda de braço com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e adequação ao calendário, a Primeira Liga saiu do papel e chegou aos gramados.

A edição de abertura contou com a participação de Flamengo e Fluminense, que se sagrou campeão da primeira edição do torneio, disputada em 2016. 

No ano seguinte, Coritiba e Athletico deixaram a competição. Avaí e Ceará ocuparam as vagas abertas no torneio, que teve 16 participantes e foi vencido pelo Londrina. 

Em 2018, integrantes da Primeira Liga descartaram a terceira edição do torneio por não haver datas disponíveis.

"Existia a possibilidade de ser sub-23, foi ventilada. Hoje existe um campeonato nacional sub-23. Para que vamos fazer um campeonato que não tem força? A nossa busca hoje é de trabalhar em outra direção. Não há possibilidade, hoje (de fazer o torneio)", Marcus Salum, presidente da Primeira Liga.

Discussão: A Primeira Liga, hoje, conta com 19 clubes oficiais, sendo 16 fundadores e três convidados. 

Entretanto, na reunião, o Corinthians esteve presente como primeiro time do futebol paulista a aderir a ideia. O peso do Timão serve para substituir o Flamengo, ausente da reunião.

O encontro, que começou às 10 horas (horário de Brasília) desta terça-feira (25), durou cerca de cinco horas. 

O presidente da Primeira Liga, Marcus Salum, presidente também do América-MG, explicou que o encontro foi um "passo a frente" para a instituição. 

Ainda que não haja mais torneios, decisão que pode mudar no futuro, foi um momento de união para melhorias do futebol, segundo disse o mandatário.

"Primeira coisa é não organizar mais competição. Colocar foco na organização dos clubes em busca de aperfeiçoar a legislação nacional do futebol. Especialmente tributária, trabalhista. Isso já existe, mas achamos que possamos contribuir. Busca por novas receitas dos clubes, nós temos discussão de direito internacional que se arrasta há dois anos e não teve resultados. Poderíamos ter melhorado isso. Vivemos ditadura da intermediação dos profissionais do futebol, legislação que pode ser melhorada. Desde a Lei Pelé que enfrentamos dificuldade com direitos de jogadores, direitos de jogadores que são roubados cada vez mais jovens dos clubes. É um trabalho em conjunto".

Os objetivos da nova Primeira Liga, agora sem torneio:

Aperfeiçoamento e modernização das legislações esportiva, trabalhista e tributária;

Regularização da intermediação de negócios no futebol;

Captação de novas receitas no mercado para o futebol;

Entre outras;

"Percebemos que não era possível criar uma competição do mesmo porte das competições já existentes", disse Salum, presidente do América e da Primeira Liga.

Os participantes da reunião desta terça-feira (25):

Marcus Vinicius Salum - Presidente do América-MG e representante do Atlético-GO

Claudio Aparecido Canuto – Presidente do Londrina-PR

Leonardo de Oliveira – Presidente do Paraná Clube-PR

Marcelo Penha Ribeiro- Representante do Fluminense-RJ

Edu Pesce Filho – Representante do Brasil de Pelotas-RS

Jaime Dal Farra – Presidente do Criciúma-SC

Eduardo Arruda – Representante do Ceará-CE

Romildo Bolzan – Presidente do Grêmio-RS

Felipe Dallegrave – Representante do Internacional-RS

Lucas Ottoni - Representante do Atlético-MG

Plínio David de Nes Filho – Presidente da Chapecoense-SC

Rodrigo Gama Monteiro – Representante do Athletico Paranaense-PR

Ecival Martins – Presidente do Vila Nova-GO

Vicente Cândido – Representante do Corinthians-SP

Voos atrasados, momentos turbulentos: As duas principais ausências da reunião na capital mineira foram Flamengo e Cruzeiro. 

O primeiro não enviou representantes, e a Raposa teria a presença do presidente Wágner Pires de Sá. 

Entretanto, segundo explicou Salum, a diretoria celeste preferiu não ir ao local até pelo momento turbulento que o clube vive fora (e também dentro) das quatro linhas, com denúncias e investigações da Polícia Civil.

"Flamengo não veio porque é uma administração nova, temos pouco contato. O Cruzeiro não veio porque está vivendo momento difícil. Tive com o Itair, o Itair me disse que o Wagner viria. Hoje, provavelmente, não veio por causa dos problemas que o Cruzeiro está vivendo. Mas o Cruzeiro está alinhado com a gente. O Corinthians veio... Vamos procurar todos os clubes. É a afinidade de ideias, de trabalhar pautas. Vocês não têm noção do que sofre um presidente de clube. Somos dizimados moralmente e fisicamente. É uma ditadura de cobrança, de ganhos dos outros. Só vamos mudar isso com o trabalho unido dos clubes e trabalhar com as federações, com a CBF. A pauta é comum a todos os clubes. Não obrigamos ninguém a vir".

Avaí e Figueirense iriam para a reunião, mas houve atrasos no voo entre Santa Catarina e Minas Gerais e acabaram não assinando a lista de presenças. 

"Essa reunião teve quase 100% de adesão. O Flamengo não veio, mas veio o Corinthians. Avaí e Figueirense perderam o voo. O Atlético-GO me solicitou que eu o representasse", explicou o presidente do Coelho.

Salum, ainda explicando a decisão de não ter mais a Copa da Primeira  Liga, ainda que haja contrato assinado com parceiros para mais uma edição.

Próximos passos: "Próxima reunião no início de agosto, já formatado com boa parte que foi falado. E com mais clubes agregados com a ideia, desde que pensem igual a gente", disse Salum.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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