Kelvin Hoefler detona skate nas Olimpíadas e nova geração: "Erram, erram, acertam duas e ganham".
Brasileiro ainda critica organização do skate no Brasil e deixa em dúvida busca por vaga olímpica para Los Angeles: "Estou cansado".
Sem ter conseguido terminar no pódio, o brasileiro Kelvin Hoefler detonou o formato adotado para o skate street nas Olimpíadas de Paris.
Segundo ele, o modelo atual permite mais erros e favorece à nova geração da modalidade que, para o skatista, tem menos repertório de manobras.
"Com essa nova geração é difícil, né. Uma pista muito pequena, que a galera consegue tentar bastante coisa, ter mais qualidade, mais técnica. A nova geração é essa daí. Bem difícil de acompanhar. Consegui acertar minhas manobras, por milésimos, muito pouco. Tóquio foi diferente, a pista era grande, formato diferente. Tóquio eram quatro notas totais, aqui eram três, tirando uma da volta. Aí você tem cinco tentativas, para acertar duas. Então, a margem de erro é muito maior do que em Tóquio. Eu, sinceramente, particularmente, acredito que o pessoal tem que mudar o formato para os próximos Jogos Olímpicos para ser mais divertido".
É fato que o pessoal erra, erra e erra, e ganha.
Acertam duas e ganham.
Então, para um público mais leigo e para mim também, que vejo a galera errando e errando e vencendo, tem que ser mais legal para o público.
O brasileiro citou rumores de que o formato de avaliação do skate street pode mudar para Los Angeles-2028.
Ele ainda colocou o skate park como formato a ser seguido.
"Igual o (street) park. Os caras têm três voltas, e a melhor volta da sua vida que você vai colocar lá, as melhores manobras. Tem que ser isso".
Para Hoefler, mudar o formato da pista e o modelo de avaliação para o próximo ciclo olímpico serão importantes.
Essas modificações passam pela decisão de querer disputar a modalidade nas próximas Olimpíadas.
"Acredito que sim (muda decisão de não disputar Los Angeles). Porque vai ser mais fácil. Não vai ser na pegada da nova geração, aprender duas manobras e ganhar... Eu e o Nyjah (skatista norte-americano) a gente tem bagagem de manobra muito grande. A gente consegue encaixar várias. Então, essa nova geração aprende de uma forma só e não consegue ter um leque de manobras tão grandes. Mudando o formato, pelos rumores, o pessoal vai ter que ter um leque maior, vai ter que aprender bastante".
Hoefler explicou o motivo de não pensar em disputar as próximas Olimpíadas.
Segundo ele, o último ciclo foi desgastante.
"Eu não aguento mais. Preciso de férias. Estou cansado. Ando de skate há uns 23 anos. Nunca tive, velho. Preciso de férias, descansar. Essa corrida olímpica foi bem difícil. Tivemos competição há dois, um mês atrás. E de um alto nível muito difícil. A gente não sabia que viria pra cá (Paris). Tivemos que vir nessa correria".
Não sabia que eu iria classificar, e não sei se vou para Los Angeles, porque estou bem cansado.
É estressante pra caramba.
É difícil manter o alto nível...
Nas Olimpíadas, Kelvin Hoefler terminou na sexta colocação e não conseguiu repetir a prata de Tóquio-2020 em uma final de nível jamais visto no skate.
O japonês Yuto Horigome conquistou o bicampeonato na última manobra.
Os americanos Jagger Eaton, prata, e Nyjah Huston, bronze, completaram o pódio.
Hoefler ainda detonou a organização do skate no Brasil, quando a ele foi citada a briga jurídica pelo controle da modalidade no país, iniciada no começo do ano.
Acho que não (muda). Se tiver junto ou separado, é a mesma merda: Em janeiro deste ano, a World Skate anunciou que não reconhecia mais a CBSk como uma de suas integrantes.
De acordo com a federação internacional, apenas uma instituição por país pode ser filiada ao órgão, o que obrigaria uma junção da CBSK com a Confederação Brasileira de Hóquei e Patins.
Como não houve junção nem acerto entre as entidades nacionais, a de skate foi desfiliada e a CBHP passaria a gerir o skate no Brasil.
Em fevereiro, por meio de uma medida cautelar, a CBSk retomou o controle do skate no Brasil.
Sem esposa em Paris e convites: Após a prova, o skatista também foi questionado se pretende disputar mais provas no Brasil.
Ele respondeu que tem este interesse, mas precisa ser convidado.
"Tomara que eu consiga. Sou brasileiro, patriota, mas acredito que se o pessoal fizer eventos legais, eu vou. E se me chamarem. Se não me chamarem, não vou. Eu não vou de intruso. Tem que me convidar. Alguns não (tem me convidado). Mas não ligo. Estou lá, fazendo minhas coisas. Competindo na skate league, X-Games, que são importante para mim. Tem meus patrocinadores. Estou felizão", disse o brasileiro.
Hoefler não levou a esposa para Paris e foi questionado.
Ele citou que não tinha credencial para ela estar ao seu lado.
"Porque ela quis ficar em casa, tem coisa para fazer, ela cuida dos nossos cachorros, cavalos. Eu também não tinha credencial para ela ficar perto. Para que (ela vir), para ficar longe, na arquibancada. Fica em casa. Gostaria de ficar com ela, bem tranquilo".
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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