Nova geração garante o pouco brilho do Brasil em etapa do Circuito Mundial de karatê.
Rafael Nascimento e Breno Teixeira fazem bonito em Salzburgo, na Áustria.
Principais nomes ficam longe das medalhas.
Quando o Brasil entra em uma competição de karatê, no masculino, os olhos ficam voltados para as categorias -60 kg, por causa do bicampeão mundial Douglas Brose, e para a -67kg, que conta com o atual vice-campeão mundial Vinícius Figueira.
Neste fim de semana, em Salzburgo, na Áustria, foram realmente essas categorias que trouxeram os melhores resultados para o Brasil no Circuito Mundial de karatê.
Mas não com os nomes mais conhecidos, e sim com os atletas da nova geração Rafael Nascimento, de 23 anos, e Breno Teixeira, de 22.
Rafael fez uma competição impecável.
Depois de vencer cinco lutas, só foi derrotado na semifinal pelo turco Eray Samdan.
Uma derrota com gosto amargo.
Nenhum dos dois conseguiu encaixar um golpe perfeito e o placar acabou 0 a 0.
Na bandeirada, os jurados deram vitória para Eray.
Na disputa pelo bronze, o brasileiro foi derrotado pelo egípcio Malek Samala.
"Ano passado, na primeira competição, eu perdi na primeira rodada. Esse ano, consegui ir bem melhor. Fiz 7 lutas, ganhei 5. Fiquei triste por perder o bronze, mas feliz pelo quinto lugar. Foi de arrepiar na hora que anunciaram meu nome para entrar e todo mundo do país começou a gritar. Eu sabia que estava representando o país. Uma honra gigantesca estar representando meu país numa disputa desse tamanho", disse Rafael, melhor brasileiro entre os 30 que foram pra Áustria.
Breno também se saiu bem. Na categoria com mais atletas inscritos (222), o brasileiro chegou às quartas de final quando foi derrotado por 4 a 2 por Mussa Bexultan, do Kasaquistão.
"Minha meta era lutar bem. Minha experiência nessas competições não era tão boa. Queria lutar bem e me sentir bem comigo mesmo. Fico feliz de ter conseguido isso. A medalha ficou por pouco. Saio muito feliz, mas não satisfeito. A gente não pensa na hora que vai lutando. Quando para pensar...de 222, eu estava entre os 8. É um caminho bem longo. Infelizmente a medalha não veio dessa vez. Agora estamos em reta final de preparação para o Pan-Americano de karatê. Espero sair de lá com a medalha", falou Breno.
Há pouco mais de uma semana, o Comitê Olímpico da França divulgou os esportes que pretende ter na Olimpíada de 2024, em Paris.
O karatê não está entre eles, o que causou revolta no mundo do esporte.
Essa decisão, claro, tem impacto sobre todos os atletas, mas maior naqueles que sabem que têm poucas chances de chegar em Tóquio-2020, mas que são vistos como a esperanças para o futuro.
Na equipe brasileira, parece que foram justamente esses que lidaram melhor com esse impacto na primeira competição após esse anúncio.
Rafael Nascimento faz parte da seleção brasileira, mas disputa uma vaga na Olimpíada diretamente com Douglas Brose porque são da mesma categoria, e indiretamente com Vinícius, já que as categorias -60 kg e -67kg se juntarão para formar uma só nos Jogos.
O contrário acontece com Breno Teixeira, que também está na seleção, mas na mesma faixa de peso de Vinícius.
Os dois são considerados nomes fortes para o futuro, mas dificilmente estarão no Japão, já que cada país só pode mandar um representante por categoria e os mais experientes estão bem na frente nessa briga.
Douglas, aliás, foi o que se saiu melhor entre os favoritos.
Ainda ganhando ritmo depois de uma lesão no tendão de Aquiles no fim do ano passado, o bicampeão mundial ficou em sétimo lugar, o que lhe garantiu uma boa pontuação no ranking olímpico.
Já os outros favoritos tiverem um fim de semana para esquecer.
Vinícius, sempre tão regular em termos de resultados, parou na primeira luta contra o iraniano Fastali Mirzae em um combate bastante truncado.
Fastali passou boa parte do tempo tentando forçar faltas de Vinicius (e conseguindo).
No fim, o brasileiro partiu com tudo para cima do rival, mas não conseguiu encaixar o golpe limpo.
Na bandeirada, vitória do iraniano.
Resultados semelhantes aconteceram entre os nomes mais fortes do feminino.
Valéria Kumizaki, vice-campeã mundial em 2016 na categoria até 55 quilos e que foi bronze na última competição, parou na egípcia Sara Lalo também na primeira luta: 1 a 0.
Exatamente a mesma coisa aconteceu com Isabela Rodrigues na -68kg.
A brasileira perdeu para a chinesa Mengmeng Gao.
Outros novatos vão bem: Sem tanto destaque quanto Breno e Rafael, outros atletas da nova geração tiveram motivos para comemorar.
Leonardo Figueiroa, da categoria até 67 kg (a mesma de Vinícius e Breno), ficou em décimo primeiro lugar.
Ele tem só 20 anos e é mais um dos que podem ser trabalhados visando ao futuro.
Breno em ação no Circuito Mundial de karatê em Salzburgo. (Foto: Globoesporte.globo.com) |
No feminino, Sabrina Pereira também conseguiu o décimo primeiro lugar na categoria até 61 kg.
A atleta de 20 anos também fez parte do time de kata, junto com a irmã Carolaine Pereira, de 17 anos, e com Izabela Vieira, de 22, que ficou em sétimo lugar no torneio.
A prova do kata em equipe, entretanto, não é olímpica.
A próxima missão da equipe brasileira será no Panamá.
No fim de março, dois atletas da seleção por categoria buscam o título do Pan-Americano de karatê.
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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