quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Prata para Rebeca Andrade

Rebeca Andrade ilumina Paris com a medalha de prata no individual geral da ginástica nas Olimpíadas.

Simone Biles ganha o ouro em mais um capítulo de sua história de redenção; bronze fica com a americana Sunisa Lee, e Flavia Saraiva termina em nono lugar. 

Rebeca Andrade iluminou a Bercy Arena, em Paris, nesta quinta-feira (1º), com o brilho de sua quarta medalha olímpica e mostrou que a prata pode, sim, reluzir tanto quanto o ouro. 

A ginasta brasileira conquistou a prata na final da individual geral das Olimpíadas 2024, ficando atrás apenas da americana Simone Biles, que emocionou com sua história de retorno e redenção após ter deixado as disputas de Tóquio 2020 para cuidar da saúde mental.

Foi a segunda prata de Rebeca na competição entre as ginastas mais completas do mundo, repetindo Tóquio.

Nesta terça-feira, Biles somou 59.131 pontos, contra 57.932 de Rebeca e 56.465 de Sunisa Lee, ouro em Tóquio, que ficou com o bronze. 

A brasileira Flavia Saraiva se garantiu entre as dez do mundo, numa espetacular nona posição, com 54.032.

Com apresentações eletrizantes, Rebeca entregou precisão e graciosidade em saltos incríveis e coreografias cheias de charme e inventividade. 

Simone não deixou por menos e serviu acrobacias impossíveis que levam seu nome.

Rebeca ainda vai disputar as finais de solo, salto e trave. 

Pode se tornar, nos próximos dias, a brasileira com mais pódios em Olimpíadas na história, ultrapassando os cinco dos velejadores Torben Grael e Robert Scheidt. 

Já Simone Biles chegou à sua nona medalha olímpica.

A romena Nadia Comaneci, ícone da ginasta e dona de nove medalhas olímpicas e da primeira nota 10 perfeita da modalidade, em uma época em que a pontuação era diferente, apresentou a abertura da competição. 

No banco, Lorrane Oliveira estava ao lado do técnico Francisco Porath, acompanhando Rebeca, enquanto Jade Barbosa ajudou a a técnica Irina Ilyashenko a guiar Flavia Saraiva. 

Isso é importante porque os treinadores não podem se manifestar durante as séries, mas as outras ginastas, sim.

Além disso, foi fundamental ter apoio de suas companheiras. Rebeca, Flavia, Jade e Lorrane, junto com Julia Soares, afinal, conquistaram o bronze por equipes nos Jogos Olímpicos na última terça-feira (30).

Rebeca e Simone estavam no mesmo grupo das rotações dos aparelhos, apresentando-se sempre uma depois da outra. 

Veja como foram as apresentações das duas, série por série, e, em seguida, confira as apresentações de Flavinha.

Salto: Rebeca, mais uma vez, fez um Cheng perfeito e cravou a aterrissagem. 

Ninguém supera a elegância e a perfeição da brasileira na execução, e Rebeca repetiu a nota da disputa por equipes, um excelente 15.100, com apenas meio ponto de descontos, já que o Cheng tem grau de dificuldade 5.600. 

Nele, a ginasta dá uma rondada com meia volta até chegar à mesa e parte para uma pirueta e meia.

Mas Simone tem o Biles II. 

O salto, dificílimo, tem grau de dificuldade 6.400. 

A americana deu um passo muito grande para trás, quase um segundo voo, mas ainda assim recebeu 15.733. 

Um notão digno da complexidade do movimento, um salto em que a ginasta precisa entrar no aparelho com um Yurchenko (rondada + volta completa com o apoio do trampolim, entrando de costas na mesa de salto) e depois dar dois mortais para trás na posição carpada.

Ao fim dessa primeira rotação, Simone ocupava a liderança da disputa, com Rebeca em segundo lugar.

Barras assimétricas: Rebeca Andrade fez sua melhor série de assimétricas nos Jogos de Paris, encerrada com uma saída quase cravada.

Ela não teve a série mais fluida, mas acertou as ligações de movimentos e recebeu a nota de 14.666, a maior dela no aparelho, no qual tirou 14.400 nas classificatórias e 14.533 na disputa por equipes.

Simone Biles veio logo em seguida e falhou. 

Sim, Simone também erra, e dessa vez o erro foi na ligação entre a barra mais alta e a mais baixa. 

A ginasta dobrou os joelhos para evitar a queda, mas perdeu o embalo em uma falha grave. 

Perdeu décimos preciosos, recebendo a nota 13.733. 

E viu Rebeca ultrapassá-la no quadro geral da competição, assumindo a liderança, com a franco-argelina Kaylia 

Nemour ainda beliscando a segunda posição após uma apresentação brilhante nas assimétricas, pela qual recebeu incríveis 15.533.

Trave: Com direito a um triplo giro de cócoras, uma sequência de flic com duplo layout e uma saída dificílima com o Tsukahara, Simone fez uma apresentação espetacular na trave. 

Só cometeu um desequilíbrio médio e tirou 14.566.

Rebeca fez uma série linda na trave, mas teve desequilíbrio médio em uma acrobacia, ao final do flic+layout. 

A ginasta segurou bem e não caiu. 

Foi muito importante não sofrer queda na trave para se manter no bolo. 

Com a pontuação de 14.133, a mesma da final por equipes, Rebeca voltou para a segunda posição no quadro geral faltando apenas um aparelho, o solo.

Simone passou de novo para a liderança, com 0.166 à frente. 

Uma diferença mínima, mas Simone tem uma nota de dificuldade bem maior no solo. 

A distância de Rebeca para a terceira colocada, Alice D'Amato, neste momento, era de um ponto

Solo: A prata foi garantida no solo, quando Rebeca apresentou sua série linda, que encanta plateias por onde passa. 

Com um pisadinha fora do tatame ao fim da primeira diagonal, teve pequenos descontos. 

Mas cravou as outras acrobacias, serviu charme e ginga e tirou 14.133.

Simone então subiu no tablado e enfileirou acrobacias impossíveis. 

Cravou quase todas as chegadas e saiu ovacionada após uma volta por cima espetacular, daquelas que o esporte reserva para atletas da sua dimensão. 

Com 15.066, o ouro era dela, a maior ginasta da atualidade, uma das grandes de todos os tempos.

Flavia Saraiva: A pequena notável da ginástica brasileira começou nas assimétricas, com uma série fluida e uma saída cravada, que garantiram um sorriso enorme no rosto da ginástica ao fim da série e a boa nota de 13.900. 

Rebeca, do banco, vibrou muito com a linda apresentação da amiga.

Flavinha não escondeu sua decepção com a queda na trave nas classificatórias. 

Finalista do aparelho na Rio 2016 e em Tóquio 2020, a ginasta desta vez ficou fora da final. 

Mas mostrou tudo o que pode fazer nessa final do individual, encantando e cravando sua série de trave. 

Ela aumentou dificuldade em relação à final por equipes e tirou 14.266, pulando para a sétima posição geral, um lugar importante no top 10 do mundo. 

Foi a terceira nota mais alta do dia na trave.

Flavinha simplificou a série e acabou sobrando na segunda diagonal, voou alto e caiu. 

Fora esse erro, a série de solo foi cravada. 

Mas a queda custou muito na pontuação, que foi de 12.233.

O último aparelho de Flavinha foi o salto. 

A ginasta fez um Yurchenko com dupla pirueta, mas voou mais baixo do que deveria e aterrissou muito agachada. 

Não caiu, mas deu um passo para frente e tirou 13.633. 

No quadro geral, somou 54.032 e terminou na nona posição. 

Foi a primeira final de individual geral de Flavinha, e ela já se colocou entre as melhores e mais completas ginastas do mundo.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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