Zubeldia e Milito carregam histórias de 27 anos no futebol.
Personagens das oitavas de final da Copa do Brasil, treinadores disputaram 2 mundiais na base, se enfrentaram no campo e à beira do gramado.
Os técnicos Luis Zubeldía, do São Paulo, e Gabriel Milito, do Atlético-MG, carregam trajetórias que se cruzam do campo à área técnica.
Nesta quarta-feira (28), duelam por uma vaga nas semifinais da Copa do Brasil, às 21h30 (horário de Brasília), no Morumbis. Será o primeiro de dois jogos.
São quase 27 anos de encontros e desencontros no mundo da bola: envolve dois Mundiais de base, 1997 e 1999, um gol de Zubeldía diante de Milito e enfrentamentos como técnicos de Lanús e Estudiantes e Lanús e Argentino Juniors.
O Globo Esporte ouviu personagens das histórias dos dois para contar, com detalhes, a construção dessa linha do tempo até o dia 28 de agosto de 2024.
José Pékerman era o técnico da seleção Argentina na disputa do Mundial sub-17, de 1997, no Egito.
O comandante é uma das principais referências quando se fala em formação.
Pela seleção de seu país, conquistou três mundiais sub-20 e dois Sul-Americanos sub-17.
Nomes como Messi, Riquelme, entre outros, passaram pelas mãos do treinador, que teve 35 jogadores formados disputando uma Copa do Mundo.
Milito foi chamado para a defesa. Um zagueiro promissor que dava os primeiros passos no Independiente.
Já Zubeldía foi um “achado” em um Mundialito, e chamou a atenção pela capacidade de preencher espaços no meio.
O preparador físico da seleção de base na época, Gerardo Salorio, detalhou como foi o processo de convocação de ambos.
"Fizemos uma grande convocação por todo o país, principalmente no interior, no sul da Argentina. Chamava Mundialito Roca. Aí descobrimos Luis Zubeldía numa equipe de Pampa. Trouxemos ele. O clube que termina contratando para que ele jogue foi o Lanús".
"No caso de Gabriel Milito, era um zagueiro que seguíamos sempre no Independiente, de muita hierarquia. Era uma equipe muito boa".
No torneio, ambos atuaram nos 4 jogos da Argentina.
Milito era o capitão e foi titular em todas as partidas.
Zubeldía começou do banco nos dois primeiros e depois ganhou a posição.
A equipe chegou até as quartas de final, quando foi eliminada para o Brasil, por 2 a 0.
Do outro lado, Ronaldinho comandava o meio com a camisa 10.
O único que continua na ativa daquele time é o goleiro Fábio, hoje no Fluminense, aos 42 anos.
O ex-jogador Mauro Marchado fez parte daquela seleção e comentou, ao ge, a importância de Zubeldía e Milito ao grupo.
"Viajávamos toda semana, na preparação do Mundial, para Buenos Aires, onde treinávamos no prédio da AFA (Associação do Futebol Argentino). Gabriel era o nosso capitão, um emblema da seleção. Tinha característica de líder, seguiu fazendo isso na carreira futebolística, e agora está demonstrando como treinador".
"Luís era um ano mais novo que a gente, mas estava capacitado para estar no nosso plantel, no Mundial. Depois, seguiu em outras categorias da seleção juvenil. Também era um garoto muito capacitado, de ver o jogo além, era um adiantado de tudo, tática, equipe, formação e movimentos. Se via que ele se projetava um futuro técnico a longo prazo. O tempo provou".
Argentina no sub-17:
Argentina 0 X 0 Gana
Argentina 1 X 0 Costa Rica
Argentina 2 X 0 Bahrein
Argentina 0 X 2 Brasil
Ambos se reencontraram no Mundial sub-20 de 1999.
Dessa vez, eles atuaram em apenas duas partidas.
A Argentina acabou eliminada nas oitavas de final, para o México, por 4 a 1.
Cada um seguiu seu caminho no futebol argentino: Zubeldía pelo Lanús, e Milito pelo Independiente.
E assim se encontraram em duas ocasiões.
O primeiro foi em 1999. Milito levou a melhor na vitória por 2 a 1, na casa do Lanús.
O troco foi dado em 2000 por Zubeldía.
Ele devolveu o mesmo placar e ainda marcou um dos gols do confronto.
Milito deixou o futebol argentino em 2002.
Fez uma carreira vitoriosa na Espanha, Real Zaragoza e Barcelona, e ainda colocou uma Copa do Mundo no currículo.
Ainda no clube Catalão, realizou o curso da ATFA (Associação de Treinadores do Futebol Argentino) e já indicava qual carreira seguiria após parar de jogar.
Zubeldía seguiu no Lanús, mas teve a carreira encurtada, aos 22 anos, por conta das graves lesões no joelho.
Ainda jovem, começou a ver outras opções, como jornalismo, e também realizou na AFTA o curso para virar treinador.
Iniciaram a carreira na área técnica em times argentinos (Milito no Estudiantes, em 2015, e Zubeldía no Lanús, em 2011).
Nas novas funções, se reencontraram em 2 jogos antes de aterrissarem em solo brasileiro.
Em 2020, no empate entre Lanús e Estudiantes de La Plata.
E no ano seguinte, com a vitória do Lanús por 1 a 0 diante do Argentino Juniors.
Gabriel Milito fez carreira pela liga chilena e argentina.
No Argentino Juniors, fez o trabalho mais longevo, por quase três temporadas.
No ano passado, chegou às quartas de final da Taça Libertadores da América.
Acabou eliminado para o Fluminense, campeão da última edição.
Com a ajuda do CIGA (Centro de Informação do Galo), foi colocado como principal nome para substituir Felipão no Atlético.
Assinou um contrato até o fim de 2025.
"Tenho contato, mas não com assiduidade de sempre. É um grande treinador, uma grande pessoa. Víamos, antes do jogador, uma pessoa. É um homem de muita convicção, tem as coisas muito claras", disse Gerardo Salorio, ex-preparador da seleção de base da Argentina.
Zubeldía passou por várias ligas, argentina, espanhola, equatoriana, mexicana e paraguaia.
Vem de uma passagem vitoriosa pela LDU (Liga DEportiva Universitária de Quito - Equador).
Conquistou o título da Sul-Americana diante do Fortaleza e deixou a equipe no final do ano passado.
No São Paulo, passou por um processo seletivo até a contratação.
Após ser entrevistado, foi escolhido para ocupar a vaga de Thiago Carpini.
"Luis é um cara de muita personalidade. 2 grandes treinadores para o Brasil. 2 grandes pessoas, treinadores, e vão ter uma grande decisão".
Gabriel Milito pelo Atlético-MG em 2024
36 jogos
16 vitórias
12 empates
8 derrotas
57 gols pró
44 gols contra
55,55% de aproveitamento
2 cartões amarelos
Zubeldia pelo São Paulo em 2024
31 jogos
18 vitórias
8 empates
5 derrotas
44 gols pró
22gols contra
66,66% de aproveitamento
13 cartões amarelos
2 cartões vermelhos
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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