quarta-feira, 28 de agosto de 2024

São Paulo-SP X Atlético-MG

Zubeldia e Milito carregam histórias de 27 anos no futebol.

Personagens das oitavas de final da Copa do Brasil, treinadores disputaram 2 mundiais na base, se enfrentaram no campo e à beira do gramado.

Os técnicos Luis Zubeldía, do São Paulo, e Gabriel Milito, do Atlético-MG, carregam trajetórias que se cruzam do campo à área técnica. 

Nesta quarta-feira (28), duelam por uma vaga nas semifinais da Copa do Brasil, às 21h30 (horário de Brasília), no Morumbis. Será o primeiro de dois jogos.

São quase 27 anos de encontros e desencontros no mundo da bola: envolve dois Mundiais de base, 1997 e 1999, um gol de Zubeldía diante de Milito e enfrentamentos como técnicos de Lanús e Estudiantes e Lanús e Argentino Juniors. 

O Globo Esporte ouviu personagens das histórias dos dois para contar, com detalhes, a construção dessa linha do tempo até o dia 28 de agosto de 2024.

José Pékerman era o técnico da seleção Argentina na disputa do Mundial sub-17, de 1997, no Egito. 

O comandante é uma das principais referências quando se fala em formação. 

Pela seleção de seu país, conquistou três mundiais sub-20 e dois Sul-Americanos sub-17.

Nomes como Messi, Riquelme, entre outros, passaram pelas mãos do treinador, que teve 35 jogadores formados disputando uma Copa do Mundo.

Milito foi chamado para a defesa. Um zagueiro promissor que dava os primeiros passos no Independiente. 

Já Zubeldía foi um “achado” em um Mundialito, e chamou a atenção pela capacidade de preencher espaços no meio.

O preparador físico da seleção de base na época, Gerardo Salorio, detalhou como foi o processo de convocação de ambos.

"Fizemos uma grande convocação por todo o país, principalmente no interior, no sul da Argentina. Chamava Mundialito Roca. Aí descobrimos Luis Zubeldía numa equipe de Pampa. Trouxemos ele. O clube que termina contratando para que ele jogue foi o Lanús".

"No caso de Gabriel Milito, era um zagueiro que seguíamos sempre no Independiente, de muita hierarquia. Era uma equipe muito boa".

No torneio, ambos atuaram nos 4 jogos da Argentina. 

Milito era o capitão e foi titular em todas as partidas. 

Zubeldía começou do banco nos dois primeiros e depois ganhou a posição.

A equipe chegou até as quartas de final, quando foi eliminada para o Brasil, por 2 a 0. 

Do outro lado, Ronaldinho comandava o meio com a camisa 10. 

O único que continua na ativa daquele time é o goleiro Fábio, hoje no Fluminense, aos 42 anos.

O ex-jogador Mauro Marchado fez parte daquela seleção e comentou, ao ge, a importância de Zubeldía e Milito ao grupo.

"Viajávamos toda semana, na preparação do Mundial, para Buenos Aires, onde treinávamos no prédio da AFA (Associação do Futebol Argentino). Gabriel era o nosso capitão, um emblema da seleção. Tinha característica de líder, seguiu fazendo isso na carreira futebolística, e agora está demonstrando como treinador".

"Luís era um ano mais novo que a gente, mas estava capacitado para estar no nosso plantel, no Mundial. Depois, seguiu em outras categorias da seleção juvenil. Também era um garoto muito capacitado, de ver o jogo além, era um adiantado de tudo, tática, equipe, formação e movimentos. Se via que ele se projetava um futuro técnico a longo prazo. O tempo provou".

Argentina no sub-17:

Argentina 0 X 0 Gana

Argentina 1 X 0 Costa Rica

Argentina 2 X 0 Bahrein

Argentina 0 X 2 Brasil

Ambos se reencontraram no Mundial sub-20 de 1999. 

Dessa vez, eles atuaram em apenas duas partidas. 

A Argentina acabou eliminada nas oitavas de final, para o México, por 4 a 1.

Cada um seguiu seu caminho no futebol argentino: Zubeldía pelo Lanús, e Milito pelo Independiente. 

E assim se encontraram em duas ocasiões.

O primeiro foi em 1999. Milito levou a melhor na vitória por 2 a 1, na casa do Lanús. 

O troco foi dado em 2000 por Zubeldía. 

Ele devolveu o mesmo placar e ainda marcou um dos gols do confronto.

Milito deixou o futebol argentino em 2002. 

Fez uma carreira vitoriosa na Espanha, Real Zaragoza e Barcelona, e ainda colocou uma Copa do Mundo no currículo. 

Ainda no clube Catalão, realizou o curso da ATFA (Associação de Treinadores do Futebol Argentino) e já indicava qual carreira seguiria após parar de jogar.

Zubeldía seguiu no Lanús, mas teve a carreira encurtada, aos 22 anos, por conta das graves lesões no joelho. 

Ainda jovem, começou a ver outras opções, como jornalismo, e também realizou na AFTA o curso para virar treinador.

Iniciaram a carreira na área técnica em times argentinos (Milito no Estudiantes, em 2015, e Zubeldía no Lanús, em 2011). 

Nas novas funções, se reencontraram em 2 jogos antes de aterrissarem em solo brasileiro.

Em 2020, no empate entre Lanús e Estudiantes de La Plata. 

E no ano seguinte, com a vitória do Lanús por 1 a 0 diante do Argentino Juniors.

Gabriel Milito fez carreira pela liga chilena e argentina. 

No Argentino Juniors, fez o trabalho mais longevo, por quase três temporadas. 

No ano passado, chegou às quartas de final da Taça Libertadores da América. 

Acabou eliminado para o Fluminense, campeão da última edição.

Com a ajuda do CIGA (Centro de Informação do Galo), foi colocado como principal nome para substituir Felipão no Atlético. 

Assinou um contrato até o fim de 2025.

"Tenho contato, mas não com assiduidade de sempre. É um grande treinador, uma grande pessoa. Víamos, antes do jogador, uma pessoa. É um homem de muita convicção, tem as coisas muito claras", disse Gerardo Salorio, ex-preparador da seleção de base da Argentina.

Zubeldía passou por várias ligas, argentina, espanhola, equatoriana, mexicana e paraguaia. 

Vem de uma passagem vitoriosa pela LDU (Liga DEportiva Universitária de Quito - Equador). 

Conquistou o título da Sul-Americana diante do Fortaleza e deixou a equipe no final do ano passado.

No São Paulo, passou por um processo seletivo até a contratação. 

Após ser entrevistado, foi escolhido para ocupar a vaga de Thiago Carpini.

"Luis é um cara de muita personalidade. 2 grandes treinadores para o Brasil. 2 grandes pessoas, treinadores, e vão ter uma grande decisão".

Gabriel Milito pelo Atlético-MG em 2024

36 jogos

16 vitórias

12 empates

8 derrotas

57 gols pró

44 gols contra

55,55% de aproveitamento

2 cartões amarelos

Zubeldia pelo São Paulo em 2024

31 jogos

18 vitórias

8 empates

5 derrotas

44 gols pró

22gols contra

66,66% de aproveitamento

13 cartões amarelos

2 cartões vermelhos

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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