terça-feira, 27 de agosto de 2024

História de inspiração

Conheça Sophia Kelmer, a atleta mais jovem da delegação brasileira nas Paralimpíadas.

Comitê Paralímpico Brasileiro

As Paralimpíadas de Paris começam nesta quarta-feira (28) e o Brasil enviou 279 atletas que representarão nosso país e darão seu melhor na capital francesa. 

Dentre eles, temos a mais jovem atleta brasileira a competir nas Paralimpíadas, a mesa-tenista carioca Sophia Kelmer.

“Deus escreveu tudo muito certo”

Sophia nasceu em dezembro de 2007, curiosamente, o ano dos jogos Pan-Americanos no Rio. 

Por conta de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) intrauterino, a mãe da atleta precisou passar por uma cesariana de emergência e Sophia nasceu prematura, acometida por uma paralisia cerebral que ocasionou uma hemiplegia, ou seja, nossa “caçula” não tem total controle dos movimentos do lado direito do corpo.

O testemunho da jovem já começa com seu nascimento, pois relatou que a profissão de sua mãe foi essencial para detectar o problema e chegar ao diagnóstico.

“Por volta dos 4 meses, o meu avô e minha mãe, que são fisioterapeutas, começaram a perceber que eu tinha uma predominância muito forte pelo lado esquerdo do corpo, o que não é normal nessa idade. Eles conseguiram me levar em médicos e fazer todos os exames possíveis para chegar no diagnóstico. Eu comecei a fisioterapia muito cedo, com cinco meses. Se hoje eu sou tão bem trabalhada, se consigo fazer tantas coisas, é porque eles conseguiram ver que eu tinha alguma coisa diferente. Deus escreve tudo muito certo, era para eu ter nascido nessa casa, era para ter acontecido isso, era par minha mãe ser fisioterapeuta”.

Do ping-pong ao tênis de mesa: Sophia nasceu numa família de esportistas. 

Em 2016, seu avô foi uma das pessoas que carregou a tocha das Olimpíadas do Rio de Janeiro. 

Filha e neta de peixinho, “peixinha” é! 

Desde criança, nossa atleta experimentou vários esportes, mas foi no tênis de mesa que ela se encontrou.

“Um belo dia eu tava na escola, comecei a brincar de ping-pong e comecei a ganhar dos meninos, e eu era a única menina e a única pessoa com deficiência que jogava tênis de mesa na escola. E eles falavam ‘Sophia, vai para uma escolinha’. Eu fui treinando, fui melhorando e aí foi tudo acontecendo muito rápido. Mas eu sempre quis ser atleta, desde criança”.

No tênis de mesa paralímpico existem 11 classes, de 1 a 5 competem os cadeirantes, de 6 a 10 os andantes e na classe 11 estão os atletas com deficiências intelectuais. 

Nossa jovem mesa-tenista compete na classe 8 e, sobre sua deficiência, ela afirmou que não a limita e que as dificuldades apresentadas são adaptadas.

“Eu jogo com pessoas que têm a deficiência parecida com a minha. Tudo que eu tenho mais dificuldade para fazer e tal, meu técnico e eu adaptamos para que eu possa executar os movimentos”.

Fé e família: Ao longo desses 16 anos de uma vida que já pode ser considerada bem-sucedida, Sophia sempre teve o apoio e o incentivo de sua família. 

Mas a jovem contou que todo esse apoio seria em vão se ela não tivesse a determinação e a força de vontade necessárias para conquistar o que já conquistou.

“Eu sou cristã, acredito muito em Deus. Em muitos momentos difíceis, é Ele quem me mantém de pé. Fico muito feliz de poder ter a minha família e Deus por perto, sempre que eu preciso. É muito importante, ter os dois lados, pois um não anda sem o outro e eles fazem total diferença na minha vida”.

Com um carinho especial por Nossa Senhora Aparecida, a atleta disse que recorre à sua intercessão nos momentos mais complicados.

“Eu gosto muito de Nossa Senhora Aparecida. É Ela que eu sempre procuro junto a Deus para falar sobre os meus medos, sobre as minhas preocupações e ela sempre me ajuda a passar por momentos difíceis”.

Sophia também comentou sobre a importância de manter uma rotina de treinos e de orações e de como isso é importante nos momentos difíceis.

“Assim como a gente tem os treinos, a gente tem que ter uma rotina espiritual, de sempre estar em contato com Deus, com Nossa Senhora. Eles sempre estão aqui para nos ajudar, então a gente sempre tem que estar em contato com eles. Quando eu tô num momento difícil, penso o porquê que Deus permitiu que eu passasse por aquilo. Eu sempre tento olhar o quê que Jesus quer me ensinar naquela situação”.

Mais do que influenciadora, evangelizadora: Sabendo de sua trajetória de sucesso precoce, Sophia acredita que pode servir de inspiração para outros jovens e que sempre procura transmitir a mensagem do Evangelho com seu estilo de vida.

“Eu passei por momentos muito difíceis na minha carreira, mas sempre me mantive muito perto de Deus e Ele me mostrou coisas que eu não conseguia enxergar. Eu acredito que eu sempre farei o meu melhor para tentar passar a mensagem do Evangelho para frente, porque é o mais importante de tudo”.

Paris vai virar baile?

Sobre as expectativas para as Paralimpíadas de Paris, Sophia Kelmer diz que é apenas a primeira.

“Eu quero aproveitar muito essa Paralimpíada, afinal é a minha primeira e, se Deus quiser, eu vou ter outras oportunidades, mas a primeira é sempre a mais marcante. E, lógico, jogar muito feliz, alegre, vibrante, porque o resultado é consequência disso e eu quero fazer um trabalho bem feito e, se possível, trazer os melhores resultados”.

Com 373 medalhas, sendo 109 de ouro, o Brasil é uma potência nas Paralimpíadas e, sem dúvida, nossos atletas paralímpicos vão aumentar ainda mais nosso quadro de medalhas. 

Que, pela intercessão da Virgem Maria, Deus abençoe nossa jovem Sophia Kelmer e seus colegas da delegação brasileira, pois são motivo de muito orgulho para nós!

Reportagem: A12.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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