Vadão, ex-técnico da seleção feminina, morre vítima de câncer.
Aos 63 anos, treinador estava internado em São Paulo desde a semana retrasada.
Vadão ao lado de Marta em treino da seleção feminina. (Foto: Reuters) |
Ele lançou Kaká no São Paulo e também passou por Corinthians, Guarani, Ponte, entre outros.
Morreu no início da tarde desta segunda-feira (25) Oswaldo Alvarez, o Vadão, ex-técnico da seleção brasileira feminina de futebol e com passagens por São Paulo, Corinthians, Guarani, Ponte Preta, entre outros times.
Aos 63 anos, ele lutava contra um câncer no fígado e estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde a semana retrasada.
A assessoria de imprensa do hospital confirmou o falecimento à reportagem do GloboEsporte.com.
Vadão lutava contra a doença desde o início de 2020, quando passou por sessões de quimioterapia e chegou a apresentar evolução, mas o quadro se agravou recentemente.
Ele deixa a esposa Ana, os filhos Adriano e Carolina e dois netos.
O corpo será levado para Monte Azul Paulista, onde Vadão nasceu e será sepultado.
O velório vai ser restrito a familiares.
Histórico: Oswaldo Fumeiro Alvarez, o Vadão, tentou a sorte como jogador nos anos 70, atuando pelos times juvenis do Guarani e do Botafogo-SP.
No profissional, passou por Paulista, Velo Clube e Capivariano.
Mas foi à beira do campo, como treinador, que ele fez o seu nome, sempre com a história muito ligada ao futebol do interior paulista.
A começar pelo primeiro grande trabalho.
Vadão ganhou destaque com o "Carrossel Caipira" no Mogi Mirim, onde ajudou a projetar Rivaldo, Leto e Válber também eram outros símbolos daquele time que se inspirava na Holanda de 1974, com o esquema 3-5-2.
Mister Dérbi: Ele também está entre os principais técnicos do futebol de Campinas.
Pelo Guarani, é o terceiro treinador que mais dirigiu o time na história.
Foram 204 jogos em cinco passagens (1995, 1997-1998, 2009-2010, 2012 e 2017), com campanhas marcantes, como o acesso na Série B em 2009 e o vice-paulista de 2012, quando foi eleito o melhor treinador do torneio.
À frente da Ponte, Vadão teve quatro passagens (2001-2002, 2005, 2006 e 2014).
No Brasileirão de 2005, chegou a levar a Macaca à liderança antes de aceitar uma proposta do Verdy Tokyo , do Japão.
Foi a sua única experiência internacional.
Também em Campinas é conhecido como "Mister Dérbi" por nunca ter perdido um clássico da cidade, seja por Guarani ou Ponte Preta.
A invencibilidade é de nove jogos, com cinco vitórias (quatro pelo Guarani e uma pela Ponte) e quatro empates (três pela Ponte e um pelo Guarani).
Surgimento de Kaká: Ainda em São Paulo, ficou marcado por ter lançado o meia Kaká no profissional do São Paulo, no título do Torneio Rio-São Paulo de 2001.
Um ano antes, teve uma rápida passagem pelo Corinthians, de apenas 21 jogos durante a Copa João Havelange.
Foram os dois times do "trio de ferro" que ele comandou.
Portuguesa, São Caetano, Araçatuba, XV de Piracicaba, onde foi campeão da Série C do Brasileiro de 1995, e Matonense são as outras equipes paulistas no currículo do treinador.
Já em outros grandes centros, o primeiro grande trabalho de Vadão foi pelo Athletico-PR, onde conquistou o Torneio Seletivo para a Taça Libertadores da América em 1999 e o Campeonato Paranaense de 2000, além de ter iniciado a montagem do grupo que seria campeão brasileiro no ano seguinte.
Trabalhou outras duas vezes no Furacão, em 2003 e entre 2006 e 2007, quando foi semifinalista da Copa Sul-Americana.
Ele também deixou sua marca no Vitória, onde subiu para a Série A em 2007, e Criciúma, onde foi campeão catarinense em 2013.
Já por Bahia, Goiás e Sport teve passagens mais curtas e discretas.
Seleção brasileira: A história na seleção brasileira feminina começou em abril de 2014, quando estava na Ponte e recebeu o convite da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Em dois anos e sete meses durante o primeiro comando, colecionou conquistas: Copa América 2014, Torneio Internacional de Futebol Feminino 2014, Campeonato Internacional de Futebol Feminino de 2015, Jogos Pan-Americano de 2015, além do quarto lugar nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.
Neste ano, ele foi escolhido pela FIFA o sexto melhor treinador do mundo de um time feminino.
Já o segundo trabalho na seleção feminina começou em setembro de 2017.
Desta vez, ficou um ano e 11 meses, sendo campeão do Torneio Internacional de Futebol Feminino (China), em 2017, e da Copa América, em 2018.
O último torneio pela seleção foi a Copa do Mundo de 2019, com a eliminação nas oitavas de final para a França.
Um mês depois do Mundial, foi demitido pela CBF e estava à espera de uma nova oportunidade para voltar ao mercado.
Após a morte, CBF fez uma homenagem nas redes sociais e decretou a colocação de bandeiras a meio mastro em sua sede, "como manifestação de respeito e admiração pelo legado que Vadão deixa ao futebol".
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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