segunda-feira, 25 de maio de 2020

Impasse no Rio

Sem votos de Botafogo e Fluminense, clubes aprovam novo prazo para registro e admitem atuar fora do Rio.
Federação realizou arbitral por videoconferência devido à quarentena. (Foto: Caio Filho)
Com protesto do Botafogo e Fluminense, que pediram impugnação de itens da pauta, dirigentes discutem medidas para retorno do Carioca. 

Previsão é de jogos em meados de junho.

Um dia após a reunião entre a prefeitura do Rio, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) e clubes que disputam o Campeonato Carioca, os dirigentes se reuniram, desta vez virtualmente, em arbitral para decidir os rumos da competição. 

Foi aprovada a extensão do prazo para regularização de atletas em diretrizes e novas datas ainda a serem divulgadas.

No debate do arbitral da FERJ, a justificativa colocada era que seria preciso resguardar a saúde dos atletas e permitirem aos clubes renovarem os elencos, pois há casos de jogadores e comissão técnica já sem contrato.

Os clubes, com votos da maioria, mas sem unanimidade (pois não tiveram votos a favor de Botafogo e Fluminense, admitiram a possibilidade de jogar fora do Rio de Janeiro caso a cidade não possa abrigar os jogos por causa da pandemia. 

Fluminense e Botafogo protestaram e lembraram que mudança desta no regulamento só poderia passar por unanimidade, não pela maioria. Insatisfeito, o Tricolor estuda quais medidas vai adotar.

No documento em que pediram a impugnação, Botafogo e Fluminense lembraram artigo de regulamento da FERJ, que diz: "Após sua aprovação, o Regulamento de cada competição será disponibilizado no sítio próprio da FFERJ na Internet, juntamente com a respectiva tabela de jogos, só podendo ser alterado pelo Conselho Arbitral por decisão unânime dos seus integrantes, em reunião especialmente convocada para esse fim e desde que a alteração seja realizada antes do início do campeonato, dentro dos prazos legais, de modo a assegurar a transparência, credibilidade e imutabilidade dos critérios democraticamente estabelecidos pelas equipes disputantes."

Mas o Regulamento Geral de Competições de 2020, no artigo 14, permite a mudança "depois de aprovada e publicada a tabela no site da FERJ", em caso de alteração de data, horário, local dos jogos e o mando de campo por "por decisão unânime do Conselho Arbitral, no caso da categoria de profissionais" ou também por "ocasiões nas quais se verificar a existência de caso fortuito ou força maior", o que a Ferj alegou no encontro.

Marcelo Barros, presidente da Portuguesa da Ilha do Governador, reprovou o posicionamento de Fluminense e Botafogo:

"Eu sinceramente lamento. Porque a gente está se preocupando com a vida também. Não tem nada sendo feito com irresponsabilidade. Tivemos várias reuniões, fora as reuniões do médicos para podermos votar com segurança. Com planejamento".

Sobre a longa duração da reunião, cerca de três horas e meia, Barros afirmou:

"Discordância existe. Mas a democracia existe. Os presidentes votaram, tiveram tempo para falar. Mas a democracia vence. A totalidade vence a minoria. E conseguimos aprovar as medidas para o retorno. Tudo dentro de uma responsabilidade imensa, com médicos renomados".

Presidente do Madureira, Elias Duba também alfinetou a dupla Botafogo e Fluminense pela tentativa de impugnar alguns itens do arbitral, mas disse que "foi tudo tranquilo":

"Em algumas questão eles votaram contra. Mas votaram contra até o que votaram a favor antes. Antes eram a favor do arbitral. Agora tentaram impugnar. Mas no geral votaram a favor em alguns pontos. Foi tudo tranquilo".

Duba anunciou a volta dos trabalhos no Madureira nesta quarta-feira (27) e acredita no dia 14 de junho para o retorno do campeonato:

"Voltamos aos treinos na quarta. Vai ficar por essa data a volta. Acredito que 14 mesmo. Tem algumas questões que ficaram pendentes. Mas alguém ainda vai para Brasília amanhã para saber se vão votar o não a situação dos contratos".

Discussão sobre redução de intervalo de jogos: O item que tratava de intervalo inferior entre as partidas do que o estabelecido hoje (66 horas) por acordo entre sindicatos e entidades de futebol foi retirado de pauta. 

Há discussão sobre a redução para 48 horas, mas decidiu-se por nova deliberação com o Sindicato de Atletas do Rio de Janeiro, além de busca por amparo legal para a mudança.

Outra questão que ainda vai ser discutida é a possibilidade de ampliação de contrato de atletas. 

A FERJ ainda aguarda retorno de Brasília, do governo federal, para o pleito de mudança temporária no contrato por tempo mínimo, hoje em três meses, para atletas.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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