A noite mais triste da história do futebol europeu completa 35 anos.
Michel Platini e Alan Hanse, Juventus X Liverpool 1985. (Foto: Getty Images) |
A final entre Juventus e Liverpool, em 29 de maio de 1985, matou 39 pessoas, suspendeu clubes ingleses e foi um marco para a transformação do futebol na Europa.
A sucessão de erros envolveu a venda de ingressos para torcedores do Liverpool e da Juventus, atrás dos gols do velho estádio Heysel, em Bruxelas.
Os italianos nos setores M, N e O e os ingleses no X, Y e Z.
Ocorre que havia muito menos torcedores vindos da Inglaterra do que da Itália e os organizadores decidiram deixar o setor Z para os neutros.
O alerta foi dado, de que os italianos poderiam acessar aquele setor. Ia dar confusão.
Não que os italianos fossem os culpados, ainda que houvesse depoimentos sobre provocações.
A torcida do Liverpool abriu uma fenda na grade de separação e invadiu o terreno.
Durante uma hora, antes da final da Copa dos Campeões da Europa começar naquele 29 de maio de 1985, os ingleses agrediram e pressionaram os italianos perto das grades.
Houve 39 mortes.
A hora mais triste da história do futebol europeu.
A final aconteceu uma hora depois dos assassinatos de 39 pessoas e talvez tenha sido a pior de todas as finais.
Os jogadores relatavam a tristeza de atuar perto da tragédia.
A Juventus venceu por 1 a 0, gol de Michel Platini.
Além da divisão equivocada dos lugares para as torcidas, houve mais falhas da organização.
A fenda aberta na divisão de torcidas devia-se, provavelmente, à má conservação do estádio de 55 anos.
Os depoimentos dos clubes que lá jogaram nas semanas anteriores eram de péssimas condições, do gramado à ferrugem nas grades.
Cogitou-se mudar a decisão para o Camp Nou ou Santiago Bernabéu, mas a UEFA (União das Associações Europeias de Futebol) não aceitou a transferência.
Heysel já tinha sido palco de decisões em 1958, 1966 e a última em 1974, entre Bayern e Atlético de Madrid.
Os onze anos de distância envelheceram o palco. Além disso, a violência campeava naquele período de hooligans.
Em 1975, a torcida do Leeds United ajudou a destruir boa parte de Paris, antes e depois da final contra o Bayern, no Parc des Princes.
Dezoito dias antes da tragédia em Heysel, 56 pessoas haviam morrido em Valley Parade, durante a partida entre o recém-campeão da Terceira Divisão, Bradford, contra o Lincoln.
A transformação do futebol inglês só viria mesmo depois da tragédia de Sheffield, quatro anos mais tarde, quando 94 pessoas morreram na semifinal da Copa da Inglaterra, entre Liverpool e Nottingham Forest.
Depois de Sheffield, no estádio Hillsborough, o governo britânico interveio, mudou estádios, interferiu de modo a fazer o futebol ser visto como indústria.
Ou se combatia a violência ou não haveria jogos.
A Inglaterra mudou.
Antes, a partir de 1985, a UEFA começou a transformar o futebol europeu.
Não que não exista nunca nenhum tipo de distúrbio, mas nunca mais como em Bruxelas 1985 ou Paris 1975.
O mais próximo disto aconteceu em Istambul, 2000, com distúrbios provocados entre torcedores do Galatasaray e Leeds United, na semifinal da Copa da UEFA.
Os clubes ingleses foram excluídos das competições europeias por tempo indeterminado. Cumpriram cinco anos e, ao revogar a punição, a UEFA excluiu o Liverpool por mais três.
A pena acabou reduzida a mais uma temporada.
Trinta e cinco anos depois e exatamente durante a pandemia do coronavírus, a lembrança da tragédia serve para reforçar que nada vale mais do que salvar vidas.
Reportagem: Blog do PVC
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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