terça-feira, 10 de março de 2020

Negociação complexa

Divergência sobre multa trava acerto entre Corinthians e Caixa pela Arena.

Veja detalhes.
Corinthians tenta acordo com a Caixa para pagar a Arena Corinthians. (Foto: Globoesporte.globo.com)
Timão tenta alongar prazo para pagamento do financiamento e parcelas flexíveis.

Após mais de cinco meses de negociações, Corinthians e Caixa Econômica Federal alinharam novas condições para o pagamento do financiamento da arena do Timão, em Itaquera. 

Foi acordado um prazo maior para quitação, assim como a flexibilização do valor da parcela a ser paga nos meses em que não há jogos no estádio. 

Porém, uma divergência ainda impede que o novo contrato seja assinado.

A Caixa cobra uma multa de aproximadamente R$ 50 milhões do Corinthians, a qual a diretoria alvinegra não concorda em pagar.

"Há em contrato uma multa pequena (de aproximadamente R$ 5 milhões), que o Corinthians aceita, mas também uma multa judicial, que a gente não aceita. Por quê? Porque isso não passa no Conselho. Você não multa quem você está fazendo acordo", afirmou Matias Romano Ávila, diretor financeiro do clube, em entrevista ao podcast Globo Esporte do Corinthians. 

O programa vai ao ar na próxima quinta-feira (12).

A multa cobrada pelo banco tem relação com o processo de execução da dívida do financiamento da Arena, que ocorreu em setembro (entenda mais abaixo).

No novo acordo alinhado entre Corinthians e Caixa, o clube ganharia mais quatro anos para pagar o financiamento do estádio. 

O prazo seria prorrogado de 2028 para 2032.

Além disso, o Timão propõe pagar um valor menor nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, quando há menos jogos na Arena e, assim, a arrecadação é muito menor. 

As parcelas atuais são de R$ 5,7 milhões.

No momento, a "bola" está com a Caixa. 

O Corinthians espera que o banco abra mão da indenização para avançar na assinatura do novo contrato.

Enquanto isso, os pagamentos das parcelas do financiamento estão congelados. 

Em fevereiro, a Justiça suspendeu por mais 60 dias o processo que a estatal move contra o Timão para que as partes sigam em busca de um acordo amigável.

O processo: Ainda em 2018, o Corinthians acertou com a Caixa que pagaria apenas metade dos valores das parcelas do financiamento da Arena nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, em que a arrecadação do estádio é menor. 

Um novo contrato foi formulado, mas nunca assinado.

Em 2019, porém, mudou a direção do banco, com a troca do governo de Michel Temer para o de Jair Bolsonoro.

Mesmo sem o novo contrato ser assinado, o Corinthians passou a fazer pagamentos menores.

A partir de março, o clube retomou os pagamentos pelo valor "cheio", mas o banco utilizou esse dinheiro para amortizar os débitos anteriores. 

Por exemplo: metade do pagamento de março foi usado para completar o pagamento de dezembro.

Além disso, nos meses de junho e julho, em que a Arena recebeu partidas da Copa América, as parcelas não foram pagas. 

Assim, no entendimento do banco, há seis parcelas em aberto.

Nas contas do Corinthians, com juros e correção, a dívida com a Caixa é de R$ 487 milhões.

Já de acordo com banco estatal, o montante supera R$ 520 milhões.

Vale lembrar que o financiamento contraído para a construção da Arena Corinthians foi de R$ 400 milhões.

O diretor financeiro Matias Romano Ávila afirma que não há atrito entre clube e banco, mas admite que o impasse nas negociações gera desgaste ao Timão:

"Eu diria que desgasta a marca. Isso, para nós, é muito ruim, sob o ponto de vista até do naming rights (direito de exploração do nome) [...] O ano passado (2018), só para você ter uma ideia, nós pagamos R$ 72 milhões, mais do que o compromisso do ano. A gente está tentando cumprir o compromisso. Como? Numa condição que seja plausível, que você consiga pagar".

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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