Adiadas para 2021, Olimpíadas só deixaram de ser realizadas por causa das duas Guerras Mundiais.
Mesmo sob a ameaça de terrorismo ou boicote, em toda a história, somente as edições de 1916, em Berlim, 1940, no Japão, e 1944, em Londres, não aconteceram.
Combatentes da Primeira Guerra Mundial jogam futebol em campo de batalha. (Foto: Globoesporte.globo.com) |
Por conta da pandemia global de coronavírus, as Olimpíadas de Tóquio foram adiadas.
Porém, em 124 anos de existência dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, não foi a primeira vez que o megaevento foi cancelado ou postergado.
As Olimpíadas já superaram atos terroristas e boicotes, mas por três vezes não foram realizadas por causa das duas Grandes Guerras Mundiais: Berlim 1916, Japão 1940 e Londres 1944.
Em 27 de maio de 1912, em Estocolmo, na Suécia, ao escolher Berlim para receber as Olimpíadas de 1916, o Comitê Olímpico Internacional (COI) jamais pensou que a capital alemã seria a primeira a ter de cancelar seus Jogos.
Tanto que após o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os preparativos continuaram, porque a crença era a de que os combates não perdurariam.
Antes de cancelar os Jogos, o então presidente do COI, o barão Pierre de Coubertin, sofreu pressões para a sede ser levada aos Estados Unidos ou a Finlândia, países que não haviam sido atingidos pelos conflitos mas resistiu a todas.
Até que em abril de 1915, ele não só desmarcou as Olimpíadas como teve de transferir a sede da entidade de Paris para Lausanne, na Suíça.
Na ocasião, ainda se licenciou do cargo para servir ao exército francês e deixou o comando nas mãos do barão suíço Godefrooy de Blonay.
A primeira frustração japonesa: A primeira vez que Tóquio foi escolhida para ser a sede dos Jogos Olímpicos amargou a mesma frustração deste ano.
Os Jogos de 1940 seriam na capital japonesa, mas novamente uma guerra impediu que eles fossem realizados.
Em 1937, o Japão iniciou com a China a guerra Sino-Japonesa, quando tentou anexar territórios pertencentes ao chineses.
O conflito perdurou e sem previsão de término, em 1939, o COI ainda transferiu a sede das Olimpíadas para Helsinque, na Finlândia.
Mas a propagação da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) acabou por obrigar o COI a cancelar pela segunda vez a realização dos Jogos Olímpicos.
E Tóquio só foi receber as Olimpíadas em 1964.
A Segunda Guerra Mundial também fez com que os Jogos de 1944, em Londres, fossem cancelados.
Mas, ao contrário dos japoneses que esperaram por 24 anos para receberem as competições, após suas Olimpíadas não acontecerem, os ingleses organizaram em 1948 os primeiros Jogos pós-termino dos conflitos.
Londres tinha sido escolhida em 1939 para receber as Olimpíadas de 1944 em uma votação onde superou Atenas, Budapeste, Detroit, Helsinque, Montreal e Roma.
Mesmo com a capital britânica arrasada pelos bombardeios nazistas, os ingleses obtiveram êxito na realização dos Jogos.
A ameaça ronda os Jogos: Por diversas vezes, as Olimpíadas estiveram sob ameaça mas resistiram.
Em todas elas, conflitos políticos ocuparam o centro da discussão, seja através de atos terroristas ou por boicotes.
Em 5 de setembro 1972, durante as Olimpíadas de Munique, o mundo ficou horrorizado com a invasão da Vila Olímpica por terroristas do grupo palestino Setembro Negro, que sequestrou e assassinou 11 membros da delegação israelense.
Mesmo com a tragédia, os Jogos continuaram e foram encerrados no dia 11 de setembro.
O terrorismo voltou a assombrar os Jogos Olímpicos em Atlanta, no Estados Unidos, no dia 27 de julho de 1996.
Um americano de extrema-direita, Eric Rudolph, detonou uma bomba no Parque Centenário, onde milhares de pessoas assistiam a um show.
A explosão causou a morte de duas pessoas e mais de 100 ficaram feridas.
Mesmo com a comoção, as Olimpíadas não foram interrompidas.
O presidente Bill Clinton reagiu desafiadoramente afirmando que os Jogos Olímpicos seriam levados a cabo conforme o planejamento para demonstrar que a nação não seria intimidada por atos de terrorismo.
"Um ato de terror cruel como esse está claramente direcionado contra o espírito de nossa própria democracia. Não devemos permitir que esses ataques nos impeçam de seguir em frente. Não podemos deixar o terror vencer. Este não é o modo americano de ser", frisou o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, ao justificar a continuidade das Olimpíadas após o atentado.
A guerra que esfriou as Olimpíadas: A disputa política entre os Estados Unidos e a então União Soviética foram capazes de ferir gravemente a essência das Olimpíadas, que na Grécia antiga respeitava uma trégua, onde todos suspendiam qualquer tipo de desavença e, em um espírito de congraçamento e união, competiam.
No período da chamada Guerra Fria (1945-1991), travada por americanos e socialistas soviéticos, duas edições de Jogos Olímpicos sofreram com boicotes de delegações.
Sob a alegação de protestar contra a invasão da União Soviética ao Afeganistão, ocorrida em dezembro de 1979, os Estados Unidos promoveram um boicote aos Jogos de Moscou 1980.
A atitude americana foi acompanhada por 66 países e alguns, como França e Itália, só autorizaram a participação de seus atletas, porque eles competiram representados pela bandeira olímpica.
Mesmo com as ausências de algumas das principais potências, os Jogos foram disputados com 80 países.
A resposta Soviética ocorreu na edição seguinte das Olimpíadas em Los Angeles 1984.
Sob o argumento de que as Olimpíadas não ofereciam segurança a seus desportistas, o bloco socialista formado por 11 países, liderados por URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), Alemanha Oriental e Cuba, se uniu para não mandar atletas aos Estados Unidos.
Mas algumas dissidências socialistas ocorreram, como a da Romênia.
Já Irã e Líbia não esconderam que seu boicote era motivado divergências políticas com os americanos.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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