terça-feira, 10 de março de 2020

Evolução brasileira

Com Pia, Brasil passa por todos os testes possíveis até aqui e mostra evolução.
Pia durante amistoso da seleção brasileira feminina. (Foto: Globoesporte.globo.com)
Contra seleções de ponta, Seleção viu que ainda tem muito trabalho até a Olimpíada, mas os recados e as necessidades do time estão claros.

A seleção brasileira feminina de futebol iniciou a temporada com uma série de ótimos amistosos em que pode sentir um pouco de tudo. 

No torneio que comemorou os 50 anos da modalidade na França, as comandadas por Pia Sundhage mostraram evoluções importantes, mas ainda há pontos que precisam ser aprimorados até os jogos olímpicos.

Em 11 jogos, o Brasil pegou desde seleções muito frágeis (goleou Argentina por 5 a 0) até a mais difícil até aqui (perdeu para a França 1 a 0). 

Enfrentou também estádio sem torcida, teve jogadora expulsa, atleta improvisada e respondeu de forma positiva, mesmo nas dificuldades.

Pontos positivos: Em toda a trajetória de Pia até aqui no Brasil (sete meses de trabalho), a treinadora testou quase 50 jogadoras. 

O sistema defensivo foi o que mais evoluiu. 

Com zagueiras mais rápidas, a linha de defesa sofreu muito pouco, em 11 jogos, 5 gols sofridos.

Segundo ponto, as variações do ataque, Pia testou o time com duas centroavantes (Bia Zaneratto e Cris) e duas meias (Andressinha e Luana). 

A bola chegou pouco para a dupla da frente, mas o Brasil não testava variação de jogo. 

Essa é a evolução.

Outro ponto: a movimentação de Marta. 

Contra o Canadá, a Rainha atuou com um pouco mais de liberdade. 

Ainda atrás das atacantes, mas circulando da esquerda para dentro e muitas vezes voltando para ajudar no sistema defensivo. 

Ainda gostaria de ver Marta atuando mais próxima da área, como uma atacante, ela tem o improviso, o drible e a finalização.

Coisa que precisamos ter em todas as jogadoras de frente, mas Marta é única. 

Não sei se pela questão física ela tem atuado limitada presa no lado esquerdo e longe da área, contra o Canadá com movimentação ela construiu o lance do primeiro gol, e apareceu na área em mais duas oportunidades.

O que pode melhorar: É fundamental que as jogadoras entendam que precisam afinar as cordas para chegarem bem em Tóquio. 

Com a parte física bem, Pia terá mais tempo para trabalhar a parte tática. 

Todo ano de compromisso se fala a mesma coisa “cada uma joga em uma liga, vem de um local diferente”, ou “o futebol feminino não tem lastro físico”, todas as declarações estão corretas, porém, o atual elenco da seleção feminina todas as jogadoras atuam em bons clubes e estrutura para a manutenção física.

Nessas horas eu lembro da polêmica fala de Marta “chorar antes pra sorrir depois”. 

Fisicamente bem, além do reflexo na parte tática, vai também influenciar na parte técnica. 

Marcação pressão, perde e pressiona, passes longos, invertidas de jogos, tudo, absolutamente tudo terá reflexo com uma equipe fisicamente melhor.

Goleiras: Pia observou alguns nomes. 

Das observadas, Lelê (Corinthians) e Natascha (dupla cidadania, atua Paris FC) foram as mais modernas que estiveram no gol da seleção. 

Jogam com os pés sem medo, têm um excelente posicionamento embaixo das traves, além de envergadura e explosão. 

Gosto muito das duas. Pia gosta de Bárbara e Aline Reis. Boas goleiras, mas é uma posição que evoluiu no mundo todo, e nós ainda não evoluímos com isso.

Criatividade do meio campo. 

O segundo tempo do jogo contra o Canadá derrubou uma tese técnica minha: Brasil não pode jogar sem Formiga (eu achava que dava e estava errada), foi Pia tirar nossa interminável meio-campista que o Canadá ganhou gosto e foi pra cima. 

Não suficiente os gols se iniciaram por ali, com Sinclair com uma liberdade incrível. 

Inclusive antes da expulsão de Jucinara.

Como a seleção é hoje Luana + 10, duas jogadoras vão brigar por uma vaga no time titular. 

Thaísa e Andressinha. 

Pia optou com Andressinha jogando mais a frente, quase como uma atacante. 

Não funcionou. 

Quando recuou a camisa 17 pra jogar de frente, o jogo do Brasil fluiu. 

No primeiro jogo contra Holanda, o Brasil enfileirava quase uma linha com quatro atacantes e sem ninguém pra criar. 

Pia corrigiu isso um pouco contra a França, mas foi contra o Canadá que funcionou mais, principalmente no primeiro tempo.

Quem sai forte dos amistosos?

Luana: herdeira de Formiga no meio campo. 

Joga tudo e mais um pouco. 

Deixa as unhas do pé no gramado se for necessário. 

Discreta, leal e firme.

Zagueiras: Todas as testadas foram bem, velocidade e bola área. 

Antonia pela opção de também jogar pela lateral, se apresentou como ótima opção.

Bia Zaneratto: voando! 

A atacante do Palmeiras é uma das artilheiras da era Pia (5 gols), também participa fora da área fazendo pivô ou servindo as companheiras.

Ludmila: evoluiu demais. Tomadas de decisão e parte física.

O Brasil tem mais dois jogos pela frente: Costa Rica e Estados Unidos (dias 8 e 14 de abril, respectivamente).

Reportagem: Blog Da Ana Thaís

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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