"Entramos preparados para perder dinheiro por dois anos, mas não imaginávamos perder tanto", diz diretor da Arena BSB.
Richard Dubois, principal executivo do consórcio que assumiu a concessão do estádio Mané Garrincha, em Brasília, participou de podcast e falou sobre impactos do coronavírus no negócio.
Richard Dubois, diretor-presidente da Arena BSB. (Foto: Vinícius Melo/Agência Brasília) |
Um avião que tinha acabado de decolar, depois de um longo período de preparação, mas que precisou voltar ao solo por causa de uma explosão na turbina.
Esta metáfora é usada por Richard Dubois, diretor-presidente da Arena BSB, concessionária do estádio Mané Garrincha em Brasília, para explicar o impacto do novo coronavírus em seu negócio.
O consórcio assumiu recentemente a administração do complexo esportivo – que, além do estádio, inclui o ginásio Nilson Nelson e o parque aquático Claudio Coutinho. A licitação foi vencida pela empresa em junho de 2019 e houve um período de transição, no qual o governo do Distrito Federal transferiu gradualmente a gestão para a empresa.
A Arena BSB passou a operar o Mané Garrincha sem a assistência do governo apenas em fevereiro deste ano.
O início parecia promissor.
Foi disputada no local a Supercopa do Brasil entre Flamengo e Athletico-PR, lutas do UFC tinham sido confirmadas, e shows de bandas como Maroon 5 estavam no calendário.
Até chegar o coronavírus.
Richard Dubois participou do podcast Dinheiro em Jogo e explicou os efeitos negativos da crise causada pela Covid-19 nas operações de estádios, como o Mané Garrincha.
Dentro de uma concessão com 35 anos de duração, o planejamento da Arena BSB previa dois anos iniciais de prejuízo.
Mas não havia como prever perdas tão grandes no começo.
"Nós entramos preparados para perder dinheiro nos dois primeiros anos. A gente não imaginava perder tanto por causa do coronavírus. Nos pegou muito mal. Mas a gente já entrou com uma segurança financeira, com planejamento, sabendo que os dois primeiros anos teriam prejuízos operacionais. A partir do terceiro ano haveria equilíbrio, e a partir daí viria o retorno do investimento inicial", explica Richard Dubois.
Entre os principais problemas, a Arena BSB deverá ter dificuldades para atrair clubes de futebol de outros estados para partidas com portões fechados, teve negociações de patrocínio interrompidas, inclusive uma para os naming rights de todo o complexo esportivo, e ainda enfrenta a perspectiva de o público não se sentir seguro para frequentar o local.
O plano do consórcio está baseado no conceito de complexo esportivo de uso misto.
O estádio é a parte central da operação, com receitas oriundas do futebol e de espetáculos, enquanto empreendimentos auxiliares são abertos no entorno para tornar o negócio rentável e lucrativo.
Nesse sentido, a concessionária construirá um boulevard com lojas, restaurantes e estacionamento.
Este plano está mantido.
"Na nossa experiência na Europa, naming rights é a primeira linha de receita do estádio. A ideia é negociar. Estávamos em negociação de um naming rights, mas obviamente, nesse contexto, sem saber o calendário de eventos e tudo mais, a negociação está suspensa. Até o cenário ficar mais claro", diz Richard Dubois.
Reportagem: Blog do Rodrigo Capelo
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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