Redação SporTV debate movimento por retorno do futebol: "Jogador vira quase foca de circo", diz Tim Vickery.
Jornalistas e especialistas debatem o futebol em tempos de pandemia. (Foto: Exame.abril.com.br) |
Seria uma falta de respeito.
O Redação SporTV Home Office desta sexta-feira (1º) entrou no debate sobre os diversos pontos de vista em relação ao retorno das atividades do futebol.
Marcelo Barreto comandou a discussão que contou com Tim Vickery, Xico Sá e Ariel Palacios.
Os comentaristas criticaram o que chamaram de movimento para o retorno do futebol em meio à pandemia do coronavírus.
Barreto iniciou com informações gerais no cenário do esporte.
"O mundo do futebol me parece muito determinado a voltar com os jogos esse ano. E eles apareceram. Os jogadores, os artistas do espetáculo. Os jogadores falaram, dirigentes falaram, ontem (quinta-feira (30)) mostramos uma declaração forte do Raí, e parece que a comunidade do futebol finalmente resolveu reagir.
Ele reforçou que o governo federal tem se mostrado favorável à volta das atividades:
"O presidente Jair Bolsonaro essa semana manifestou o desejo de ter o futebol de volta. O ministro Nelson Teich veio dizer que é favorável. E agora estão acabando as férias dos jogadores. A preocupação que o Ministério da Saúde manifesta é em relação à testagem de jogadores. Poderia faltar para a população se o futebol comprasse muitos".
Vickery e Sá entraram no debate e criticaram a possibilidade de retomar o futebol justamente no momento em que a pandemia se aproxima do seu pico no Brasil.
"Estão correndo risco de ficar desprotegidos. A Colômbia elaborou um protocolo de quase 100 páginas para ter futebol a portas fechadas. O governo olhou e disse: ainda não. Aqui a situação é diferente, o governo parece um grande incentivador da volta do futebol, no sentido de que a sociedade precisa, aí o jogador vira uma cobaia, quase uma foca de circo para entreter o povo", disse Vickery.
Para Sá, cogitar isso agora é um desrespeito com as famílias de vítimas da Covid-19.
"É uma tremenda irresponsabilidade, uma política suicida, voltar com futebol agora. Como o Raí, acho que não se deve pensar nisso até porque questão de respeito com as famílias que estão sofrendo com isso agora. Imagina voltar a funcionar o "circo" no meio do pico, do pior momento das famílias. Seria uma falta de respeito. Acalma esse quando e esse como e vamos resolver o problema geral na sociedade. Nesse momento os estádios têm de servir de hospital de campanha e não para bola rolar".
Palacios relatou a situação na Argentina:
"Semanas atrás estavam falando em retomar em agosto. O futebol fica no freezer, o campeonato fica do jeito que está. Tudo empurrado para frente na expectativa de ver como se define. Os clubes fizeram mais ou menos aquela coisa de quem cala, consente. Na Argentina, estão acostumados nos últimos anos a improvisar campeonatos em cima da hora. Não seria estranho se fizessem algo mais para o fim do ano para animar os torcedores e ter verba publicitária, uma espécie de campeonato tampão".
Vickery ressaltou ainda a vontade das federações de retomar as atividades:
"Eles estão loucos para voltar por um motivo compreensível: o medo de que os estaduais não vão terminar, o que para as federações é um desastre e para os clubes pequenos um desastre maior ainda. Mas é estranho esse movimento justamente na época que está entrando no pico aqui".
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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