Presidente do Atlético-MG explica demissões e mira R$ 60 milhões de economia: "Não vamos cruzeirar".
Presidente do Atlético-MG. (Foto: Globoesporte.globo.com) |
Sette Câmara cita critérios para cortes, rechaça motivações políticas, diz cogitar recontratações e volta a provocar o rival ao reafirmar compromisso com finanças.
Assim como a maioria dos clubes do Brasil, o Atlético-MG atravessa grave crise financeira em função da pandemia e, para sobreviver, tem tomado medidas drásticas.
Além de cortes salariais e atrasos, o clube também tem feito demissões (que já chegam à marca de 50 funcionários).
Nesta sexta-feira (22), em entrevista à Rádio Itatiaia, o presidente Sérgio Sette Câmara comentou os desligamentos e fez uma previsão de economia com essa e outras medidas: de R$ 60 a R$ 70 milhões até o fim do ano.
"É um momento muito duro que todos nós estamos vivendo. Você vê grandes empresas fazendo inúmeras demissões para passar por este período de crise. O Atlético não é diferente e também tem que sobreviver. Infelizmente, com muita dor no coração, estamos tendo que fazer demissões para poder passar por este período. Quem sabe mais adiante, em uma situação de melhora financeira, (podemos) recontratar alguns desses colaboradores. Mas infelizmente isso (demissões) tem que ser feito. Dói muito, mas é minha obrigação estar à frente do clube e gerir essa crise com todo cuidado e olhando sempre, em primeiro lugar, o lado do clube".
"As demissões e a consequente redução na folha salarial não são o único item que nós estamos cortando. Existem vários outros cortes que estão sendo feitos no clube para reduzir as despesas. Nosso objetivo é conseguir, no que resta deste ano, um corte em torno de R$ 60 a R$ 70 milhões", Sérgio Sette Câmara.
Grande parte dos funcionários demitidos trabalhavam na parte administrativa do clube, com salários muito menores àqueles recebidos por atletas. Por que não economizar na folha salarial do time? Sérgio Sette Câmara explicou.
"O carro chefe do clube é o futebol. Ele é a razão de ser do nosso negócio. Quando o futebol vai bem, se nós soubermos administrar com zelo, isso também reflete no resultado financeiro do clube. Você vê que clubes que recentemente tiveram sucesso em campo, o Athletico-PR, Grêmio e Flamengo, tiveram também sucesso nos seus cofres, trouxeram muitas receitas. Para gente buscar receitas, precisamos disputar títulos. Temos que focar no nosso futebol. Ali temos que fazer os maiores investimentos, para que a gente possa ter esse retorno financeiro que possibilite o clube respirar. Essa é a ideia".
O mandatário alvinegro também rechaçou qualquer interferência política na escolha dos profissionais demitidos.
Vale lembrar que o Atlético tem eleições presidenciais marcadas para o próximo mês de dezembro.
Sérgio Sette Câmara será candidato à reeleição.
"Absolutamente (nenhuma motivação política). O critério foi muito simples: nós preservamos funcionários que tinham salários menores e, obviamente, tivemos que cortar alguns que tinham salários elevados e até mesmo fora dos valores praticados no mercado para a função que exercem. Foi só uma adequação. O critério foi basicamente esse e não teve nenhum tipo de conotação política".
"O Atlético não vai cruzeirar": Quando questionado sobre a dificuldade que o clube tem tido para pagar salários até daqueles colaboradores que não recebem valores altos, Sérgio Sette Câmara voltou a falar sobre as receitas paradas em função da recessão causada pela Covid-19, mas garantiu que tem buscado soluções, que vê uma "luz no fim do túnel" e que o Galo não vai "cruzeirar", em referência à grave crise vivida pelo rival Cruzeiro.
"Não deve ser segredo para ninguém que estamos vivendo uma crise. Tem bancos aí de grande porte demitindo 10, 15, 20 mil pessoas. E continuam faturando. Imagina aqueles casos, como o nosso, que não temos absolutamente nenhuma receita. Não existe mágica. (...) Claro que isso reflete em uma dificuldade em honrar os pagamentos. Mas nós estamos buscando soluções. E as pessoas, os colaboradores do clube, têm que entender que esse é um momento de dificuldade e de sacrifício. Se não fosse, não estaríamos nem demitindo as pessoas", disse.
"O que posso dizer é que tenho trabalhado muito, junto com a diretoria, para encontrar soluções o quanto antes e pagar os salários que estão eventualmente atrasados. Acredito que tem que ter compreensão de todos. (...) Ficamos dois anos e tanto apanhando aí, porque falávamos que tínhamos que ter austeridade, e foi o que tivemos dentro da situação do clube, que já tem uma dívida significativa. Estamos identificando, vamos tentar fazer a reestruturação com a auditoria que contratamos. Enfim, temos muitas dificuldades, neste momento, para honrar as folhas de pagamento. Mas isso não é novidade, quase todos os clubes do Brasil estão passando por isso também. Acredito piamente que no nosso caso temos uma luz no fim do túnel, por isso estamos trabalhando muito, para que a gente possa estar normalizando esse fluxo de pagamento nos próximos dias", completou.
"Estamos vendo centenas de empresas fechando, quebrando. E aqui isso não vai acontecer, estamos longe disso. O Atlético não vai 'cruzeirar'. Estamos longe disso. Aqui tem responsabilidade", Sérgio Sette Câmara.
Por fim, o presidente atleticano deixou uma mensagem otimista à torcida.
"A mensagem é de esperança, de que nós vamos passar por esse momento de dificuldade. A diretoria do clube tem trabalhado muito para buscar soluções. Eu tenho certeza que eu conto com a compreensão dos nossos profissionais neste momento. E, principalmente, com a compreensão e apoio da torcida. Vamos tentar fazer alguns tipos de ativações e promoções. Quero crer que a torcida do Atlético, como sempre, vai comparecer e nos ajudar. Se Deus quiser, em breve vamos estar juntos de novo vendo a bola rolar, para nossa alegria".
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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