Campeão do Cartola PRO 2018 conta sua estratégia na hora de escolher capitão.
Torcedor do Flamengo, Mateus Soares participa de live do game, responde perguntas dos cartoleiros, admite que é clubista e dá dicas de estratégias para a próxima versão do fantasy.
Capixaba Mateus Soares foi o campeão do Cartola PRO 2018. (Foto: José Renato Campos/GloboEsporte.com) |
Campeão do Cartola PRO 2018, Mateus Soares, que se tornou um especialista em dicas de escalação do fantasy game, revelou a sua estratégia para a escolha do capitão.
Morador de Colatina, no interior do Espírito Santos e torcedor do Flamengo, ele foi o terceiro vencedor da Liga PRO a participar das lives que estão sendo realizadas por Cassius Leitão no perfil oficial do Cartola no "Instagram", com todos os campeões.
"Capitão tem que ser o mais objetivo possível. Ao mesmo tempo que ele pode salvar sua rodada, ele pode ferrar a rodada geral. Sempre escalo o jogador mais objetivo possível. Um cara que for jogar dentro de casa contra um time teoricamente mais frágil, que busca todos os scouts do jogo, um corredor. Por exemplo, o Cebolinha (Everton, do Grêmio), é um cara que busca tudo quanto é scout do jogo, rouba bola, finaliza, dá assistência, mete gol. Então, quanto mais completo, pra mim o cara tem que ser o capitão", explicou Mateus Soares.
Perguntado sobre quais estádios deseja visitar, Mateus Soares revelou que tem o sonho de conhecer o Camp Nou, por torcer para o Barcelona na Europa, e de conhecer São Januário.
O cartoleiro campeão PRO de 2018 também admitiu que é clubista e que em algumas rodadas do ano passado chegou a escalar metade do time do Flamengo, que se sagrou campeão brasileiro.
"Sou clubista sim, não escalo contra o Flamengo. O pessoal que me segue fala: "Ah, Mateus, uma pessoa que daria pra encaixar".
Mas eu não escalo contra o Flamengo, eu escalo peça do Flamengo, claro, óbvio.
Talvez metade do time. Muita gente até fala: "Po, Mateus, vai escalar cinco, seis caras do Flamengo?". Mas é o que os caras estão pontuando - afirmou o cartoleiro flamenguista.
Top 32 já era alguma coisa, né.
Mas comecei a focar mais, fui subindo por etapas.
Cheguei a vigésima terceira, décima segunda, décimo.
Quando eu peguei ali na vigésima sexta rodada me tornei líder nacional.
Ali não soltei mais. Inclusive, a galera do GE, da TV Vanguarda, se não me engano, eu participava de uma liga com eles, e eles sempre me ligavam, me deram uma página pra eu passar dicas dentro do GloboEsporte.com mesmo, na página do Cartola.
E foram 13 rodadas, desde que eu comecei a passar dicas e consegui me manter, até ser campeão.
Então foi bacana.
Minha campanha, humildemente falando, achei interessante que eu consegui me manter.
É muito difícil o Cartola em si.
Muita gente fera, muita gente boa.
Mas o que eu conseguia pregar e falar pro pessoal acabava dando certo e fui campeão.
Nome do seu time Flajuveteus FC.
Ainda é o Flajuveteus FC.
A mistura de Flamengo, preciso nem falar, Juventus, que era um time de society que a gente tem até hoje aqui na minha cidade, e "teus" meu nome, a nomenclatura final. Juntei tudo e deu isso aí.
Mudança na vida depois de ser campeão PRO: Entrei na última rodada com a vantagem até boa, de 27 pontos.
Cheguei numa hora, aos 25 minutos do segundo tempo, se não me engano o Palmeiras fez um gol, o cara que era segundo tinha o Dudu de capitão, uma coisa assim.
Ele chegou a estar três pontos de mim.
Eu gelei: "caraca, velho, perdi na última rodada por uma bobeira".
Eu tinha apostado no Flamengo que tinha jogado no sábado contra o Athlético-PR, acabei apostando em três jogadores do Flamengo, que foi a minha grande sacada da minha campanha.
Dos 25 pra frente começou a sair gol, os defensores que meu adversário tinha começaram a perder SG, e se não me engano terminei com 17 pontos de vantagem.
Depois um monte de gente mandando mensagem, minha família me parabenizando.
A partir daí, dezembro de 2018, a minha vida mudou totalmente.
Foi algo que me abriu muitas oportunidades, de mexer com o Cartola e conseguir muitas amizades, muitas pessoas me deram oportunidades, como o CamilloJoga10,
Roberval, do Cartoleiro Fanático, o pessoal do Mix Cartola, o Fernando do Dicas Pardal.
A rapaziada que foi campeã e me deu muito apoio, o Thiago Freitas, o Pedro, agora o Igor.
Conheci um vasto mundo do Cartola em si.
E isso eu agradeço demais. Agradeço de coração todo mundo
As estratégias: No início da temporada do Cartola, nas primeiras rodadas, muitas pessoas buscam ganhar cartoletas.
Não é algorítimo certo que eu tenho, é algo que sempre deu certo pra mim, eu uso o máximo possível das cartoletas que eu tenho.
Se eu tenho 100 e puder usar 99,9 das cartoletas, vou usar, ter os melhores jogadores das posições desde que eu consiga mesclar defesa, meio e ataque, principalmente na frente.
No início do Cartola sempre invisto em meias ofensivos, atacantes principalmente de beirada, que são os caras que buscam mais os scouts do jogo, são mais velocistas, que estão sempre ali pegando a bola, que podem criar alguma coisa.
No primeiro turno sempre faço uma média entre 80 e 78 pontos, por investir no início em pontuação. Pra mim isso faz muita diferença no final.
Depois, quando todo mundo tem cartoleta, os times ficam parecidos.
Todo mundo consegue comprar as melhores peças e acaba nivelando.
Clubista na hora de escalar: Sou clubista sim, não escalo contra o Flamengo.
O pessoal que me segue fala "Ah, Mateus, uma pessoa que daria pra encaixar".
Mas eu não escalo contra o Flamengo, eu escalo peça do Flamengo, claro, óbvio.
Talvez metade do time.
Muita gente até fala "Po, Mateus, vai escalar cinco, seis caras do Flamengo?".
Mas são os caras que estão pontuando.
Início da relação com o futebol: Aqui no Espírito Santo é praticamente Flamengo, Vasco e Fluminense que predominam, com o Botafogo correndo por fora.
Mas o predominante é Flamengo e Vasco.
Futebol do Espírito Santo infelizmente a gente nunca consegue formar uma equipe que consiga pelo menos chegar à Série C, é muito difícil.
Então futebol do Espírito Santo, infelizmente, ainda é meio debilitado.
E minha história com o futebol começa desde moleque.
Sempre joguei futebol sozinho.
Sou nascido em Marilândia, interior do Espírito Santo, uma cidade bem pequena.
E eu morava na roça do interior.
Fui criado muito sozinho.
Sempre brinquei sozinho, corria atrás da bola.
Fui crescendo e pegando amor, lendo muita revista, gostava muito, na época não tinha internet, mas eu comprava muita revista, gostava de álbum de figurinha, coleciono até hoje, sou fascinado por essas coisas.
Escalar atacante e goleiro que se enfrentam: Uma vez eu fiz isso sim, uma vez só.
Eu estava muito confiante.
A galera que me seguia até perguntou se eu tinha certeza.
Era o Tadeu contra o Otero, Atlético-MG contra Goiás.
Jogo que o Atlético venceu por 2 a 0, se não me engano.
E nessa partida o Tadeu fez nove pontos, que é razoavelmente uma pontuação boa, positiva.
Pra mim o jogador que passa de oito pontos já é ok, já acertamos a peça.
E o Otero se eu não me engano fez 15 nesse jogo.
Foi o Otero ou o Cazares, não estou me recordando, mas escalei um contra o outro e acabou dando certo, fiz mais de 20 pontos com os dois.
Defesa difícil passando para quatro pontos: Tudo que vem pra agregar acredito que é válido, mas temos que avaliar como será feito.
Bacana, vale quatro pontos, mas ano passado foram muitas defesas que a galera ficava na discussão se foi ou não foi defesa difícil.
Tem que ver como vai ser o critério.
Se a tendência é ser mais rígido, então a gente vai ter que escalar mais o goleiro que tem chance de não sofrer gol na partida, pelo menos pra segurar o SG.
Bruno Henrique (Palmeiras), Éverton Ribeiro (Flamengo) e Nenê (Fluminense) nos bons e baratos de meias.
Acho que vai ser o Éverton Ribeiro, não tem como.
Eu particularmente, acho que 90% (dos cartoleiros) vão com ele.
Bruno Henrique pra mim ano passado caiu muito para pontuação do Cartola.
É pelo momento. Éverton Ribeiro estava metendo gol, dando assistência.
Antes (da paralisação para isolamento social) do coronavírus ele estava sendo a peça principal do Flamengo, se a gente avaliar.
Prefere liga mata-mata ou clássica?
Eu amo as ligas clássicas, é a bolinha de segurança.
Estratégia para escolher capitão: A frase que eu uso para qualquer pessoa que me pergunta: capitão tem que ser o mais objetivo possível.
Ao mesmo tempo que ele pode salvar sua rodada, pode ferrar, acredito nisso.
Então sempre escalo o capitão mais objetivo possível.
Um cara que for jogar dentro de casa contra um time teoricamente mais frágil, que busca todos os scouts do jogo, um corredor.
Por exemplo, o Cebolinha é um cara que busca tudo quanto é scout do jogo, rouba bola, finaliza, dá assistência, mete gol.
Então, quanto mais completo pra mim o cara tem que ser o capitão.
E dentro desse critério de jogar em casa contra um adversário teoricamente mais fraco.
Pega o jogo contra o time mais fraco, pega o melhor jogador desse time que joga lá na frente, o mais ofensivo dessa equipe.
Sempre coloca atacante como capitão?
Quando fui campeão, o jogador que mais coloquei como capitão foi o Lucas Paquetá, que era meia no Cartola. Porém é um cara muito ofensivo, que muitas vezes fez diferença pra mim.
Mas geralmente é atacante.
Quem vai ser o mito de 2020?
Pra essa temporada, primeiro tem a questão de como as equipes vão voltar.
Mas em 2018, quando tive a entrevista com você, falei Bruno Henrique (do Flamengo) pra 2019 e acertei.
Ele foi o craque do campeonato.
Acredito que para esse campeonato também vai ser alguém do Flamengo.
Um dos dois, Gabigol ou Bruno Henrique.
Eu chutaria o Bruno Henrique novamente.
O cara é muito completo, não tem o que a gente falar.
É o jogador "carregador de piano", aquele cara que vai lá atrás, busca a bola, corre, é muito veloz, finalizador, é um cara muito decisivo.
E com isso tudo no Cartola para pontuação em si, acredito no Bruno Henrique
Escala jogador de time da zona do rebaixamento?
Por exemplo, CSA e Avaí, com todo respeito, tem jogador ali que dá pra tirar.
Ano passado tinham jogadores que eu via com muito bons olhos, como o Jonatan Gómez.
Teve um jogo CSA e Avaí, eu tinha o cara e ele destruiu no jogo.
Não tenho preconceito algum, justamente seguindo aquele critério de escalação que eu uso: adversário favorito contra um frágil, dependendo de pontuação pra sair da zona do rebaixamento, então a briga do jogo fica mais disputada, talvez até mais aberta.
Tem essas avaliações.
Jogador que mais trouxe decepção no Cartola: Acredito que o Fagner, do Corinthians, no ano passado.
Em 2018 ele me ajudou muito, mas ano passado escalava o cara e dava errado.
O que foi feito com o prêmio de campeão PRO: Vou logo direto ao ponto.
Tinha um carro e troquei de carro, foi o maior presente que o Cartola poderia me dar.
E comprei outros presentes.
Participava de ligas apostadas e consegui ganhar um dinheirinho também por fora quando fui campeão.
Mas com o prêmio do Cartola PRO, também tinha chegado o décimo-terceiro, fim de ano, então peguei, juntei tudo e falei "vou trocar de carro".
Consulta os mais escalados antes de montar o time?
Não gosto de olhar nada de Cartola.
Por exemplo, rodada terminou no domingo ou na segunda, não tem rodada durante semana, não olho nada de Cartola, fico acompanhando notícia, site, os programas de esporte.
Só vou abrir o aplicativo na sexta-feira, pois já tenho convicção do que vou fazer.
Tenho essa mania de só abrir o aplicativo na sexta-feira.
Aí sim olho as ferramentas, é o estudo em si.
Vou olhar os mais escalados, vejo os jogadores que vão me favorecer dentro da minha estratégia, jogador ofensivo, essas questões pequenas, mas que podem fazer diferença na regularidade, que é o que eu sempre prego.
Pra ser campeão da sua região, tem que usar regularidade pra chegar no final com condição de brigar.
Aí você pode arriscar mais se você estiver atrás.
Essas pequenas coisas que eu levo acho que favorecem muito.
A perda da carteira no lançamento do Cartola 2019: No evento de abertura do Cartola, no ano passado, a gente se divertiu pra caramba.
Mas naquela localidade, na Arena Neymar, perdi a carteira ali.
Eu voltaria pra casa de ônibus.
Naquele dia, o evento terminou cinco da tarde.
E pra ir à rodoviária tem que atravessar São Paulo.
Quando eu estava chegando perto da rodoviária, fui me dar conta: "Cadê a carteira?".
É uma história até interessante.
Estava o Renato Varges, que é um amigo nosso, tem canal de Cartola também, o Roberval que é um parceirão, um amigo, o Jailton.
A gente desmontou o carro pra achar a carteira, caçando, e eu entrei em desespero.
A minha passagem, meus documentos, estava tudo na carteira.
E tenho o hábito de deixar num lugar só pra não perder.
Mas aí o Renato ligou na hora, o Roberval foi rapidinho, a gente voltou pro local do evento.
Estava lá no chão do estacionamento, tinha caído e o segurança achou, guardou e graças a Deus achei tudo certinho.
E deu tempo de voltar.
Inclusive, um amigo em comum de Cartola morava perto da rodoviária e foi até a plataforma onde o ônibus sairia e mandou o ônibus esperar.
E o ônibus esperou 20 minutos pra dar tempo de eu chegar.
E nessa correria, eu com mochila, essas coisas todas, perdi sandália, que caiu no meio do pátio, saí correndo e consegui pegar o ônibus e vir pra casa.
E eu precisava ir trabalhar no dia seguinte.
E deu certo, ainda bem, achei minha carteira.
Mas foi um sufoco, é uma história bem legal que eu vivi.
E mandar um abraço pra esses mitos aí que me ajudaram pra caramba.
É diferente escalar depois de ter sido campeão?
Aumenta muito a responsabilidade.
É um peso que eu nunca tive.
Quando fui chegando, começando a brigar pelo título e me consolidei na liderança por esse tempo de 13 rodadas, não sabia o peso que era isso.
Pra mim estava tranquilo, consegui me manter, abri gordurinha, cheguei abrir 58 pontos e fui escalando tranquilamente.
Depois disso, em 2019, comecei bem pra caramba, modéstia parte falando, ano passado o início foi muito bom, média de 81 pontos até a 12ª rodada.
Depois disso, começou a desandar e eu senti o peso, comecei a me atrapalhar nas minhas próprias escolhas.
É um peso sim.
Ainda mais pra gente que tem canal e tenta ajudar outras pessoas.
Então é um peso que a gente toma pra si.
É algo que se você não controlar acaba ficando doido também.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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