sábado, 14 de março de 2020

Anular ou jogar?

Ligas da Europa discutem opções em meio à pandemia do coronavírus.

Reuniões na próxima semana podem ser determinantes para o futuro dos campeonatos, embora ainda não se saiba quando será possível voltar a jogar futebol.
Liverpool de Firmino e Mané estão a duas vitórias do título, mas e se o Inglês não terminar? (Foto: Globoesporte.globo.com)
Diversas ligas da Europa planejam reuniões na próxima semana para discutirem opções em meio à pandemia do coronavírus. 

Neste momento há certamente mais perguntas do que respostas, com todas as possibilidades em cima da mesa.

Anular ou jogar pode depender de quando, mas o passar do tempo exige algumas decisões importantes, como por exemplo o provável adiamento da Eurocopa para 2021 para que o mês de junho e início de julho sejam dedicados ao complemento dos campeonatos de clubes.

O GloboEsporte.com compilou abaixo o que já foi cogitado a respeito de cada uma das principais competições europeias por mídias e dirigentes. 

Veja:

INGLÊS: Os clubes vão se encontrar na quinta-feira para discutir estratégias para o fim da temporada. 

Alguns acreditam que a temporada pode ser completada se os jogos recomeçarem a partir do início de abril, outros acreditam que é mais realista se preparar para a possibilidade de não haver futebol até o início da próxima temporada, em agosto.

Houve uma reunião de emergência na sexta-feira que decidiu pela suspensão da Premier League. Nela, segundo o jornal "The Times", o presidente da Federação Inglesa (FA), Greg Clarke, disse temer que o Campeonato Inglês não seja concluído.

De acordo com o veículo, Clarke avaliou que a suspensão seria mais longa e que as equipes não poderão disputar todas as partidas de seu calendário devido ao aumento esperado no número de casos de coronavírus.

Vice-presidente do West Ham, Karren Brady defendeu em sua coluna publicada neste sábado no jornal “The Sun” que a atual temporada do Campeonato Inglês seja considerada "nula e sem efeito" se não houver mais partidas.

"Não há como evitar a possibilidade de que todos os níveis da EFL (English Football League, que corresponde à Segunda, Terceira e Quarta Divisões), assim como da Premier League, tenham que ser cancelados e esta temporada declarada nula e sem efeito, porque se os jogadores não puderem jogar, os jogos não podem avançar. A Premier League espera que um intervalo de três semanas a partir de hoje seja suficiente, mas pode muito bem ser uma terra dos sonhos", disse Karren Brady.

A dirigente reconhece que seria um duro golpe para o líder isolado Liverpool, há 30 anos na fila pelo título inédito da era Premier League. 

Detalhe: seu time está em décimo sexto lugar, com os mesmos 27 pontos de Watford (décimo sétimo no desempate) e Bournemouth, décimo oitavo e primeiro posicionado na zona de rebaixamento. 

E a dois do penúltimo colocado Aston Villa.

O canal “Sky Sports” citou três cenários se a temporada não puder ser completada (o que, segundo uma fonte interna, tem 75% de chances de acontecer):

Dar o título ao Liverpool e anular o rebaixamento. 

A próxima temporada teria 22 clubes, com West Brom e Leeds, os dois melhores da Championship.

A temporada é anulada, e a próxima teria os mesmos 20 clubes (o que consideram improvável, especialmente por conta da distância de 25 pontos do Liverpool para o vice-líder).

A classificação permanece a atual (o que também consideram improvável, uma vez que seria injusto com os clubes que estão na zona de rebaixamento após 29 rodadas, e não 38 rodadas).

ITALIANO: Segundo o jornalista Nicolo Schira, da “Gazzetta dello Sport”, os clubes da Serie A rejeitaram a ideia de um mata-mata para definir campeão e rebaixados. 

A liga teria feito uma conferência de vídeo na última sexta-feira e descartado essa opção mais radical.

A ideia seria jogar a cada três dias e usar o mês inteiro de junho para levar a temporada ao fim – neste caso, obviamente, contando com um adiamento da Eurocopa. 

A temporada deveria ser concluída até 30 de junho, pois é a data em que os contratos de muitos jogadores e treinadores expiram.

A ideia do playoff foi criada pelo atual presidente da FIGC, Gabriele Gravina. 

Desde a temporada 2004/2005 não acontece algo semelhante.

A Série A foi inicialmente suspensa até 3 de abril. 

Mas, segundo o jornal “Corriere dela Sera”, os jogos só serão retomados em 3 de maio.

ESPANHOL: Segundo a rádio “Cadena Cope”, a Federação Espanhola (RFEF) trabalha com dois cenários. 

O primeiro, que mais interessa todos, é que a competição seja disputada durante junho e julho para que possa ser completada.

O outro presume que não haverá tempo possível para terminar as 38 rodadas, portanto, seria criada uma comissão mista, e a Federação teria que decidir o campeão, rebaixados e classificados às competições europeias. 

O presidente da entidade, Luis Rubiales, teria a última palavra caso não chegassem a um acordo.

A La Liga, encabeçada por Javier Tebas, no entanto, será a última a dar o braço a torcer e buscará que o campeonato seja disputado no campo até o fim.

ALEMÃO: A DFL (Deutsche Fussball Liga) havia marcado para segunda-feira (16) uma reunião em que decidiria pela suspensão da Bundesliga até o início de abril, mas tomou a decisão já na sexta-feira (13).

O jornal “Express” avançou, então, no que poderiam ser algumas medidas que a Bundesliga estaria pensando caso a competição fosse suspensa de forma definitiva até junho.

Não haveria campeão e tampouco rebaixados. 

Em vez disso, a liga aumentaria para 22 clubes na próxima temporada, quando aí sim teriam cinco rebaixados (quatro diretos e um via playoff).

Iriam para competições europeias os clubes que estivessem nas sete primeiras colocações (os quatro primeiros para a Liga dos Campeões e os demais para a Liga Europa).

FRANCÊS: O presidente do Lyon, Jean-Michel Aulas, afirmou em entrevista ao “Le Monde” que, por ele, a temporada seria cancelada e tudo volte como terminou em 2018/19.

Isso, claro, beneficiaria o Lyon, atualmente o sétimo colocado. 

Na temporada passada, o time terminou a Ligue 1 em terceiro, garantindo a classificação para a Liga dos Campeões.

"Acho que cada clube pregará a seu favor. Não acho que muitos sejam favoráveis a isso. Acima de tudo, é preciso trabalhar no interesse dos clubes franceses, você deve se fazer todas as perguntas e tomar a decisão certa, a mais lógica em termos de patrimônio. Posso ser ingênuo, mas ainda acredito em valores humanos e morais. Apesar disso, ele (Aulas) não pode ser o único que vai tomar alguma decisão. Todos os clubes terão que se sentar na mesa", disse Grégory Lorenzi, diretor-esportivo do Brest.

O Paris Saint-Germain é o atual líder com 12 pontos de vantagem para o Olympique de Marselha e um jogo a menos.

PORTUGUÊS: O diário “A Bola” abordou a possibilidade de não haver um campeão em sua edição deste sábado (14).

“Esta não é uma situação prevista nos regulamentos. O organismo poderá, em caso de força maior e em circunstâncias excepcionais, devidamente justificadas, prorrogar o termo da temporada esportiva, assim como suspender total ou parcialmente qualquer competição oficial por si organizada, mas o quadro normativo não prevê situações excepcionais como esta”.

Neste caso, a comissão executiva da Liga teria de propor uma solução, seja optando pelo playoff para definir campeão e rebaixados ou simplesmente não definir o campeão. 

De qualquer forma, as hipóteses teriam de passar obrigatoriamente por uma Assembleia Geral extraordinária da Liga e a decisão só poderia ser ratificada por unanimidade.

Não havendo unanimidade, a decisão passaria pelas mãos do governo (Secretaria de Estado da Juventude e Desporto).

A Bola traça-lhe todos os cenários possíveis numa altura que não se sabe se quando (ou se...) voltará o campeonato.

LIGA DOS CAMPEÕES, LIGA EUROPA e EUROCOPA: A UEFA (União das Associação Europeia de Futebol) vai realizar uma reunião crítica na terça-feira para discutir os rumos dos torneios.

Para as competições de clubes, está na mesa a opção de mudar as quartas e semifinais para jogo único, segundo o jornal inglês “Daily Mail”. 

Ainda restam quatro jogos das oitavas.

A entidade espera manter a final da Champions em Istambul em 30 de maio.

Sobre a Eurocopa, outras fontes, como o jornal “L’Équipe”, sugeriram que o adiamento para o verão de 2021 é inevitável. 

A entidade está sob enorme pressão, uma vez que terá dificuldades para realizar a repescagem que definirá os quatro últimos classificados, e o período (12 de junho a 12 de julho) surgiu como uma luz no horizonte para as ligas de clubes serem completadas.

A reunião será feita por videoconferência e terá as 55 associações-membro presentes.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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