domingo, 28 de junho de 2020

Canoagem e velocidade

Cowboy sonha com medalha após histórico de dificuldades.
Fernando Rufino sonha com uma medalha paralímpica (Pedro Ramos/Brasil2016.gov.br)
Cortado dos Jogos Paralímpicos Rio-2016 por problema cardíaco, Fernando Rufino conquistou vaga em Tóquio no Mundial de Paracanoagem de 2019.

Fernando Rufino, mais conhecido como “Cowboy de Aço”, conquistou a vaga para os Jogos Paralímpicos de Tóquio de 2021 na prova do caiaque KL2 200 m com o sexto lugar no Campeonato Mundial de Paracanoagem, realizado em Szeged, na Hungria, em 2019. 

Após superar adversidades durante a vida, o paratleta tem que vencer mais uma para realizar o sonho de conquista uma medalha no maior evento esportivo do mundo.  

“Em 2016, eu já estava com a vaga e não pude participar por causa do problema no coração. Agora, só o que me faltava é esse vírus não me deixar realizar o sonho de conquistar a medalha. Mas, se ele quiser, pode vir, porque aqui tem ferro no corpo por todo lado. Vai ser mais uma história para contar. E tomara que acabe lá em 2021 com as medalhas em Tóquio”, afirmou Fernando Rufino à “Agência Brasil”.

Histórico de adversidades: Fernando Rufino acabou cortado da Rio-2016 por causa de um problema cardíaco, já que os exames constataram uma elevação da pressão arterial. 

O ex-peão de rodeio, que ingressou na paracanoagem em 2012, sofreu um acidente de ônibus sete anos antes que o deixou paraplégico e o impediu de seguir na carreira. 

Ele também já sofreu acidentes de moto, na academia, foi pisoteado por um touro, teve a casa atingida por um raio.

“Estava em um ônibus. Não sei como a porta abriu e fui parar debaixo dele. O ônibus acabou me moendo. Fui arrastado e tive a lesão medular”, disse. “Em 2018, estava na academia e uma anilha de 20 quilos caiu bem no meu nariz”, lembrou o Cowboy, que contou a história do raio. “Muitas pessoas duvidam, mas foi o pior acidente da minha vida. Três dias depois, eu ainda sentia cheiro de pólvora. Foi um dos que senti mais medo”, acrescentou.

Fernando Rufino está buscando soluções para continuar trabalhando visando uma medalha paralímpico em Tóquio. 

A pandemia de coronavírus atrapalhou a periodização de treinamentos, mas isso não é um problema para ele, que já superou outras adversidades e, nem por isso, desistiu de seus objetivos.

“O ser humano não pode desistir diante de nenhuma adversidade. Meu sonho sempre foi estar em uma Paralimpíada. Nem sabia o que era um caiaque, depois fui tomando conhecimento da dimensão do evento. Agora, eu sei que, se existir alguém em Marte, acho que até eles acompanham os Jogos. É algo grandioso. Digo que não tenho a medalha, mas conquistei o cordão da medalha lá no Rio”, comentou o Cowboy.

Duelo com rival brasileiro: O paratleta compete na classe KL2, categoria para pessoas que usam o tronco e os braços na remada. 

A paracanoagem surgiu em 2009 e o primeiro Mundial foi disputado em 2010, em Poznan, na Polônia. 

A modalidade ingressou em Jogos Paralímpicos na edição Rio-2016, mas apenas com as disputas no caiaque. 

Em Tóquio, a canoa também estará presente e deve ter uma disputa acirrada entre brasileiros pelas medalhas na categoria VL2.

Fernando Rufino, que venceu a Copa Brasil em março deste ano, ainda espera por uma decisão oficial de sua vaga em Tóquio nessa prova, já que a pandemia causou algumas alterações na qualificação. 

Cowboy pode ter ao seu lado Luís Carlos Cardoso, dono de 12 medalhas em Mundiais.

“Eu sei que seria uma grande prova. Se acontecer será uma honra dividir a raia com ele, que é um super-heroi do esporte brasileiro”, concluiu.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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