segunda-feira, 20 de abril de 2020

Ponta pé inicial em SC

Como federação catarinense e clubes pretendem conseguir aval para serem os primeiros a jogar de novo no Brasil.
Guia médico entregue ao Governo prevê jogos sem público em Santa Catarina a partir de 16 de maio. (Foto: Reprodução)
Protocolo prevê retorno aos treinos dia 1º de maio e rodada dia 16 de maio. 

Reunião com governo estadual será realizada até o fim da semana.

"Este protocolo é um mecanismo para os clubes e FCF (Federação Catarinense de Futebol) não iniciarem um declínio financeiro com uma grande perda econômica". 

É o que diz um trecho do documento de quase 30 páginas da FCF. 

Com série de orientações, a federação e os clubes pretendem conseguir a autorização para retomada de treinos no dia 1º de maio e de jogos no dia 16.

O "Guia Médico de sugestões protetivas na Retomada Progressiva do Futebol Profissional de Santa Catarina de forma segura" foi enviado ao governo do estado. 

Representantes da federação e dos clubes vão se reunir, virtualmente, com o poder estadual para discutir o possível retorno aos jogos. 

Seria o primeiro estado do Brasil a retomar o campeonato estadual.

O plano de ação prevê quatro fases para atividades. 

Além de testes para saber se algum atleta, estafe ou parentes de jogadores têm coronavírus, o guia prevê até bolas identificadas e higienizadas para cada atleta, além de treinamento separado, com distância mínima segura de 2 metros, e garrafas de irrigação também previamente identificadas.

Numa segunda fase de atividades, os atletas vão fazer treinos com contatos e trabalhos de situação de jogo.

"Todos os jogadores e staff próximo do jogador poderão realizar, novamente, testes para o Codiv-19 e no caso de um teste positivo devem seguir os trâmites normais já pré-definidos. Cabe ressaltar que estes testes serão apenas para os indivíduos que testarem negativo na primeira coleta. Logicamente os indivíduos positivos IgG estarão imunizados e não necessitarão repetir os exames, a não ser se desenvolverem processos infecciosos compatíveis com processos gripais suspeitos. Apesar da “normalidade” dos treinos, devem-se manter as medidas rígidas que são sugeridas anteriormente, medidas estas que deverão durar como prática normal, até segunda ordem."

Viagens em dias de jogos: O guia também ressalta que o estafe de jogo deve ser o mínimo possível, o indispensável, "somente pessoas sem nenhum tipo de comorbidades clínicas, que possam ser sugestivas de agravamento pela infecção do COVID-19 e indivíduos menores de 60 anos".

Em partidas fora de casa, as delegações devem seguir viagem no próprio dia do jogo. 

Mas há detalhe no guia que significaria encarecimento de viagens. 

O protocolo recomenda dois ônibus para jogadores e estafe, levando em conta distanciamento de jogador numa poltrona dupla sozinho e com uso de máscara. 

Aliás, máscara devem ser usadas por todos no ônibus, no hotel e em paradas obrigatórias.

Sete dos 10 participantes do estadual utilizam transporte terrestre para viajar, apenas Avaí, Chapecoense e Figueirense utilizam transporte aéreo.

Sobre possível uso de avião, o documento diz o seguinte:

"... devem evitar aglomerados de pessoas nos aeroportos, evitar sentarem-se nos bancos dos aeroportos, evitar tocar em superfícies, lavar as mãos com regularidade e é recomendado viajar de máscara (responsável médico deve ensinar a colocar e a retirar). Também aqui é ideal que a delegação viaje sempre acompanhada por desinfetante para que os elementos da comitiva possam higienizar periodicamente as mãos tantas vezes quanto forem necessárias."

Outro gasto excedente diz respeito à acomodação nos hotéis. 

A recomendação é que cada membro da delegação ocupe um quarto, de maneira individualizada. 

Normalmente a distribuição é feita com dois jogadores por local. 

E mais: quartos sem ar condicionado, o que também serve para o ônibus de viagem, e utilização preferencial de escadas ("sem tocar no corrimão") ao invés de elevador.

O Guia: O guia médico foi elaborado pelo médico Luis Fernando Funchal, do Avaí, que também atuou na criação do protocolo médico para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). 

Para a produção do documento em Santa Catarina, Funchal contou com a participação do infectologista Valter Rotolo da Costa Araújo.

Alguns dos pontos definidos no protocolo:

Testes rápidos de coronavírus, para todos jogadores e familiares, além da comissão técnica e estafe envolvido nos clubes. 

O documento não diz quem vai comprar os testes, mas o presidente da FCF, Rubens Angelotti, afirmou que será feita pela Associação de Clubes.

Medição de temperatura, por termografia ou infravermelho na chegada dos atletas e demais envolvidos nos locais de treinamentos.

Transporte, estafe e atleta devem ser transportados em ônibus separados. 

Cada membro deve utilizar duas poltronas, com limite de duas pessoas por fileira. 

Deve ser feito uso de máscaras e álcool gel na entrada e saída do ônibus.

Treinos com grupos separados - horários agendados para a chegada de todos. 

Com uso de máscaras em comissão técnica e estafe, com as reuniões necessárias realizadas por vídeo. 

Importante separar atletas em grupos, com distância segura entre atletas.

Rouparia e lavanderia, jogadores devem ir já vestidos para os treinos, inclusive com dispositivos de GPS (quando o clube fizer uso), sempre levando para lavagem em casa. 

Materiais que necessitem permanecer no clube serão colocados em sacola específica para desinfecção.

Nutrição, o atleta deve fazer hidratação sempre com a mesma garrafa, com ela devidamente identifica. 

A suplementação deve ser preparada pelo nutricionista e consumida em recipiente individual.

Vestiários: usar todos vestiários disponíveis, com divisão máxima de grupos de atletas. 

Por exemplo, uso de vestiário de mandante, visitante e de comissão de arbitragem.

Tratamento médico e fisioterapia com cuidados especiais, jogadores em recuperação devem ir diretamente para a fisioterapia, sem usar outros locais do clube. 

Uso essencial de máscaras e luvas, com as macas sempre higienizadas e usadas individualmente.

Academia, devem também ser evitadas no primeiro momento. 

De preferência, usar pesos livres e barras em ambiente externo, de uso individual e sempre desinfetados antes e depois do uso.

Departamento de futebol, deve atender apenas um jogador por vez. 

Em caso de assinatura de documentos, cada jogador deve utilizar uma caneta diferente, ou a mesma ser desinfetada após cada utilização.

Fluxo definido para treinamentos, casa > campo > retorno para casa.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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