CBF (Confederação Brasileira de Futebol) envia protocolo médico para Governo Federal e aguarda aval para distribuir a federações.
Gianni Infantino, Rogério Caboclo, Jair Bolsonaro, Brasília, camisa branca, seleção brasileira. (Foto: Marcos Corrêa/PR) |
Aprovado internamente há mais de duas semanas, documento vai passar por crivo do Ministério da Saúde, com previsão de sair na segunda (dia 4 de maio).
Compra de testes ainda provoca discussões.
Está nas mãos do Governo Federal o protocolo para retomada progressiva do futebol, organizado pela CBF.
Com participação de comissão de médicos e reuniões semanais em que mais de 100 profissionais de clubes e infectologistas participaram, o documento é o ponto de partida para diversos clubes e federações pelo país.
O Ministério da Saúde ainda não respondeu a CBF sobre a aprovação do protocolo.
Mas indicou que até o fim de semana libera o documento.
A previsão é de publicação e distribuição na segunda-feira. Internamente, a diretoria da entidade nacional do futebol já tinha aprovado o protocolo, que tem mais de 20 páginas e embasou Rio de Janeiro e Santa Catarina, dois dos primeiros estados que prepararam seu planejamento.
A troca do ministro da Saúde, em meados de abril, atrasou a publicação do protocolo nacional da CBF.
O recuo foi estratégico do presidente da CBF, Rogéri Caboclo.
Já havia pressão por todos os lados para a bola rolar, pelo menos para a volta dos treinos, mas principalmente de cima, com manifestações constantes do presidente da República, Jair Bolsonaro.
O "Guia Médico de sugestões protetivas para retorno das atividades do futebol brasileiro" foi montado pela Comissão Nacional de Médicos da CBF com Nemi Sabeh Junior, médico da seleção feminina, mais os chefes dos departamentos médicos do Atlético-MG, Rodrigo Lasmar, que também é da Seleção, do Flamengo, Márcio Tannure, do Avaí, Luis Fernando Funchal, e da Ponte Preta, Roberto Nishimura.
O infectologista Sergio Wey, do Hospital Albert Einstein, orientou os médicos.
Apoiado em trabalhos acadêmicos, estudos de avanço da pandemia dentro e fora do país, o documento prevê testes em todo o país, foram listados 17 laboratórios que produzem os kits para exames de coronavírus.
Mas ainda há algumas dúvidas sobre a aquisição dos testes.
Alguns clubes já se adiantaram e já adiantaram encomendas, como o Flamengo, o Grêmio, o Palmeiras e o Bragantino.
Nas reuniões desta semana, alguns clubes entenderam que vão precisar comprar sozinho os testes, mas outros aguardam ajuda da CBF e das federações.
Sobre o protocolo, alguns já receberam de federações de outros estados, mas a maior parte ainda aguarda a CBF.
Existe expectativa de articulação da CBF com os órgãos de saúde para auxiliar na compra destes equipamentos.
O presidente Bolsonaro se manifestou desde o início contrário à paralisação de competições e influenciou diretamente na mudança de rota da CBF.
Caboclo, em reunião com os clubes, chegou a dizer que "o vírus não tinha o celular dele para dizer quando o futebol iria voltar".
O guia: Os médicos consultaram protocolos que já estão sendo utilizados nas federações da Espanha, de Portugal e em alguns clubes do Japão e da Alemanha, como o Bayern de Munique e o Bayer Leverkusen.
Cada médico escreveu parte do documento e depois passou para Jorge Pagura, presidente da Comissão Nacional de Médicos, consolidar as sugestões e discutir as ideias.
Alguns dos pontos definidos no protocolo:
Testes rápidos de coronavírus: para todos jogadores e familiares, além da comissão técnica e estafe envolvido nos clubes e jogos.
O documento não diz quem vai comprar os testes.
Medição de temperatura: por infravermelho na chegada dos atletas e demais envolvidos nos locais de treinamentos.
Transporte: o protocolo prevê a possibilidade dos atletas irem em carros próprios.
Nos treinos, cada um, de preferência, sozinho, no deslocamento.
No transporte coletivo dos clubes, o veículo deverá ser higienizado, com espaçamento mínimo de duas fileiras, alternadas entre as colunas.
Com uso de máscaras e álcool gel na entrada e saída do ônibus.
Treinos com grupos separados: horários agendados para a chegada de todos.
Com uso de máscaras em comissão técnica e estafe, com as reuniões necessárias realizadas por vídeo.
Importante separar atletas em grupos, com distância segura entre atletas.
Questionário prévio: médicos devem identificar possíveis casos suspeitos de coronavírus através de questionário médico.
Caso haja sintomas, deve realizar teste rápido e podendo ir para casa em isolamento social.
Rouparia e lavanderia: jogadores devem ir já vestidos para os treinos, com utensílios pessoais, sempre levando para lavagem em casa.
Nutrição: o atleta vai fazer hidratação e suplementação em espaço individual de treinamento no campo aberto.
A alimentação será realizada em casa, com cardápio orientado por nutricionistas do clube.
Vestiários: devem ser evitados no início.
Quando autorizados, usar todos vestiários disponíveis, com divisão máxima de grupos de atletas.
Por exemplo, uso de vestiário de mandante, visitante e de comissão de arbitragem.
Tratamento médico e fisioterapia com cuidados especiais: priorizar atletas lesionados e em casos pós-operatórios.
Evitar contato com atletas, para isso uso essencial de máscaras e luvas, com as macas sempre higienizadas.
Além disso, isolamento entre postos de tratamento.
Academia: devem também ser evitadas no primeiro momento.
De preferência, usar pesos livros e barras em ambiente externo, de uso individual e sempre desinfetados antes e depois do uso.
Corredor de segurança no local de treino.
Contratação de empresas de desinfecção e descontaminação.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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