quarta-feira, 29 de abril de 2020

Na contramão

Brasil pega contramão do futebol europeu e quer acelerar retorno.
CBF quer a volta do futebol. (Foto: Maquinadoesporte.uol.com.br)
Holanda e França não terminarão temporada; aqui, ideia é voltar com Estaduais.

A ansiedade que começa a pressionar o futebol brasileiro para retomar suas atividades ficou evidente após uma reunião virtual realizada nesta terça-feira (28) entre representantes das federações estaduais e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). 

No encontro, a entidade pré-fixou a data de 17 de maio como provável retorno dos Estaduais e liberou os clubes para retomarem os treinamentos a partir da próxima sexta-feira (1°).

A decisão deu autonomia às federações para que elas debatam com seus governos locais as chances de retomar os treinos e os jogos, que deverão seguir um protocolo de testagem de atletas para ter mais segurança. 

Ela foi tomada no mesmo dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 5 mil mortes pelo coronavírus e contrasta com o que ocorre na Europa, onde o pico de contágio já foi alcançado.

No Velho Continente, a Liga de Futebol Profissional (LFP), da França, tomará a decisão de cancelar a edição 2019/2020 da Ligue 1 após o governo local proibir qualquer evento esportivo no país até o mês de setembro. 

A decisão de como ficam as posições finais do campeonato será tomada depois de uma reunião virtual nesta quinta-feira (30).

A decisão deve seguir a que foi tomada pela Federação Holandesa (KNVB), que anunciou que o torneio local, a Eredivisie, não terá campeão nesta temporada. 

A atitude revoltou alguns clubes, mas na Holanda também está proibida qualquer atividade até o mês de setembro.

Torneio que estava mais próximo de retomar o calendário, a Bundesliga viu arrefecer os planos para voltarem os jogos no próximo dia 9 de maio. 

Uma reunião que aconteceria entre dirigentes e representantes do governo, marcada para esta quinta-feira (30), foi postergada para o dia 6 de maio. 

O motivo? 

Aumento no número de casos do coronavírus no país alemão, que havia relaxado o isolamento.

O freio das pretensões europeias contrasta com a pressa dos times brasileiros. 

O motivo que move os dois mercados em direções opostas é o quanto os clubes estão tranquilos financeiramente. 

Na Europa, a UEFA (União das Associações Europeia de Futebol) já anunciou que vai ajudar entidades com uma verba de cerca de € 70 milhões. 

Por aqui, a CBF já prometeu um auxílio a clubes menores, mas o caixa apertado da maioria dos clubes tem servido como instrumento de pressão para o retorno o mais breve possível.

Para piorar o cenário tupiniquim, o desejo da Globo de reduzir o repasse aos clubes pelos próximos três meses, que seriam compensados até o final do ano, deixa o cenário ainda mais pessimista. 

O bom senso e a proteção à saúde podem ser jogados fora pela preocupação dos dirigentes com o fluxo de caixa.

Reportagem: Maquinadoesporte.uol.com.br

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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