Análise: Globo dá choque de profissionalismo nos clubes.
Times querem reduzir salários, mas não entendem decisão da emissora de cortar verbas destinadas ao Brasileirão.
Globo poderá cortar verbas no futebol. (Foto: Observatoriodatv.uol.com.br) |
Alguns dos principais clubes do Brasil, assim como aconteceu em diversos países do mundo, resolveram negociar redução de salários de jogadores para amenizar as perdas provocadas pela paralisação dos torneios.
Alguns dirigentes, como o presidente do Atlético Mineiro, Sergio Sette Camara, por exemplo, foram duros nas palavras: os cortes aconteceriam de qualquer maneira, sem a necessidade de diálogo.
A decisão já não era razoável.
Clubes de futebol são organizações que devem funcionar como empresas convencionais e devem ter verba extra para cumprir os contratos em momentos de crise.
Algo que já não acontece com companhias tradicionais no mercado, que não hesitaram em cortar salários, especialmente após o apoio federal para proceder dessa forma.
Quando se trata de clubes de futebol, é difícil esperar maior organização e profissionalismo para agir de uma maneira financeiramente sóbria.
Só que a medida teve dois lados e, como era esperado, a reação não foi da mesma maneira.
A Globo resolveu cortar mensalidades referentes à cota do Campeonato Brasileiro, já que o torneio não deverá sair do papel nas próximas semanas, provavelmente meses.
E os clubes estão chocados com a reação.
Segundo o que apuramos em reportagem, a decisão deixou alguns dirigentes indignados.
Há, no entanto, um choque de profissionalismo imposto pela emissora.
Ela pagou por um produto e não recebeu.
Independentemente dos pormenores jurídicos, ela tem razão na iniciativa: não há por que pagar por algo que ainda não foi entregue.
É, inclusive, diferente da relação trabalhista.
Jogador de futebol não é sócio dos clubes e não tem que arcar com o período de baixa.
É costumeiro no esporte ter uma divisão de premiação nas vitórias, algo normalmente previsto em contrato, mas que não foge de uma relação trabalhista comum.
Nenhum funcionário regular, que tem como benefício participação nos lucros, reparte os prejuízos após um ano de crise.
Se ficasse alguma lição às equipes durante o período de pandemia, deveria ser a da gestão mais responsável.
Atualmente, os clubes não têm preocupação em ter fôlego financeiro para crises.
Aliás, muitos deles baseiam o orçamento em receitas imaginárias, como vendas de jogadores.
O resultado é a geração de prejuízos inacreditáveis.
As contas no total vermelho poderiam ser razoáveis neste ano de pandemia, mas será trágico à maioria porque a normalidade já é dessa maneira.
Aí, surge o desespero quando alguém pede o que simplesmente é razoável, como faz a Globo agora.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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