segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Esperança na Colina Histórica?!?!

Salgado promete time forte no Vasco e revela dificuldade em manter Benítez: "Nenhuma sinalização positiva".

Presidente eleito admite ter procurado Rodrigo Caetano, diz que entregará clube com finanças mais saudáveis em 2023 e defende diálogo com candidatos derrotados.

Presidente eleito do Vasco, Jorge Salgado concedeu, na tarde desta segunda-feira, a sua primeira entrevista coletiva desde que a Justiça referendou a sua vitória. 

Ao lado de Alexandre Campello, atual mandatário, e Carlos Roberto Osório e Duque Estrada, dois dos seus vices da nova administração, em São Januário, o futuro comandante prometeu construir um novo Vasco, nos próximos três anos, com finanças mais saudáveis e um time forte.

A transição está em andamento, mas por ora ela não contempla o futebol. Campello seguirá responsável pela área até a posse, o que não impede Salgado de assumir a negociação pela manutenção de Benítez. 

O novo presidente, aliás, reconheceu haver dificuldade nas tratativas de ampliar o empréstimo que se encerra em 31 de dezembro. 

Depois de contatar o empresário Adrían Castellanos, a conversa será com o Independiente.

"Para ser muito sincero, não houve nenhuma sinalização positiva por parte do empresário. Empresário diz que ele tem de ser devolvido ao fim do contrato. Isso é um desejo do presidente do Independiente. Já falei com o empresário, falei da nossa proposta de estender o contrato até o final do Brasileiro. Nada mais justo do que o contrato ser estendido. Ele deve ter passado isso para o presidente. Tentei falar com o presidente duas vezes, não consegui, mas vou continuar tentando para tentar demovê-lo de devolver o Benítez agora no final de dezembro", disse Salgado.

Salgado admitiu ter conversado com Rodrigo Caetano, atual diretor executivo do Internacional, que já teve passagem pelo Vasco. 

Como não houve acordo, o tema segue indefinido. 

O que está certo é o principal objetivo da gestão.

"Essa vai ser a linha-mestra: sair de uma situação financeira muito ruim financeiramente para uma situação mais saudável. E fazer um time mais forte", prometeu Salgado.

Tal norte tem relação com o diagnóstico feito pelo presidente eleito. 

Segundo ele, o Vasco precisa voltar a ser protagonista:

"Queremos sempre melhorar. O Vasco hoje é um participante de campeonato, entra sem ambições. A gente quer recuperar essa força que o Vasco já teve como protagonista. Mas isso vai ser um processo, não vai acontecer rapidamente. A gente vai equacionando nossos problemas financeiros e transferindo dinheiro para o futebol".

Após a decisão judicial que referendou a sua eleição, Salgado afirmou que o momento é de construir a paz política no Vasco.

"A gente precisa urgentemente tentar dialogar o máximo possível com todas as correntes do clube. Temos de caminhar na pacificação. A eleição acabou, temos de esquecer o que aconteceu. Vamos construir um novo Vasco, mais amigável e pacífico. Quero dialogar com todos os candidatos, tem de parabenizar todos. São pessoas que têm ideias e querem ajudar a ter um Vasco melhor. Estou aberto a receber colaboração deles", afirmou o presidente eleito.

Logo após a manifestação inicial de Salgado, Campello pediu a palavra. 

Ele tinha um outro compromisso e, após se manifestar, se ausentou da entrevista coletiva.

"Queria dar boas-vindas ao presidente eleito Salgado. Com a definição de que a chapa do Salgado foi eleita, a gente pode dar prosseguimento à transição. A nossa gestão estará sempre à disposição do presidente Jorge Salgado. No último jogo, uma equipe que vai assumir o Patrimônio já estava aqui acompanhando a partida no estádio. Isso pode perdurar pelo tempo que for necessário e sempre que for do interesse do Jorge Salgado. Queria deixar isso claro, dar boas-vindas aos senhores e que a gente consiga fazer o melhor para o clube", disse Campello.

Rodrigo Caetano: "Conversei sim com ele, tive uma conversa na semana passada, já o conheço da época que passou aqui pelo Vasco. Conhece o Vasco, é competente, trabalha no Internacional, que é hoje um dos maiores clubes. Conversei com ele, ainda não tinha a decisão judicial, e disse que esperava a decisão para falar com ele. Estou aguardando uma volta dele para continuarmos essa conversa. Pessoa extremamente competente, conhece o Vasco, mas não tem nada definido até agora".

E a situação de André Mazzuco, atual diretor executivo?

"O Mazzuco, eu ainda não tive contato com ele. Estou começando a conversar sobre futebol com Zé Luis. As primeiras referências são positivas, Zé Luis tem me falado muito bem do Mazzuco. O VP de futebol a gente só vai anunciar depois da posse".

Pressão sobre Sá Pinto: "Conversei com Campello e Zé Luis (vice de futebol) no sentido de levar minha preocupação em relação ao estado atual, coloquei algumas coisas. O que pude sentir das conversas com Alexandre e Zé Luis é que eles têm absoluta confiança no treinador. Que o treinador está fazendo o seu trabalho, está sob pressão e num momento difícil, mas eles têm confiança no trabalho dele".

Benítez: fica ou vai embora?

"Você falou uma coisa certa que tenho tentado pontuar. Enquanto eu não for presidente do Vasco, eu tenho que acompanhar o que acontece no futebol, mas com muito cuidado para não tumultuar o ambiente. Quero passar segurança, confiabilidade. Transmitir confiança aos jogadores através do Zé Luis e do presidente. Benítez assinou contrato com o Vasco até 31 de dezembro, esse ano é atípico, e o campeonato vai até fevereiro. Tenho tentado fazer, inclusive já falei com o procurador do Benítez, é estender o contrato até o final. Aí sim vamos tomar uma decisão sobre fazer todo o esforço de tentar contratá-lo. Antes disso é uma decisão temerária por a gente não saber como termina o campeonato. A gente precisa que ele fique aqui até o final do campeonato. Estamos construindo as bases para contar com esse jogador, mas vamos esperar".

"Em relação ao Benítez, já coloquei minha opinião. É exatamente isso que sempre pensei, é uma questão lógica. Se o campeonato foi adiado, o empréstimo também deveria ser concedido. A gente gostaria e muito de contratar o Benítez, encaixou-se muito bem no Vasco, a torcida gosta do Benítez, e a gente vai tentar comprar. Mas é preciso ter pé no chão, saber das condições da negociação, ver se se encaixa no fluxo de caixa do Vasco. A gente não pode começar fazendo loucuras. Temos outras prioridades. Benítez se encaixou muito bem, nós gostamos. O que for possível de fazer, nós vamos fazer".

Conversou com o elenco?

"Até agora não estive com jogadores e comissão. Minha conversa é com Zé Luis e o presidente Alexandre, mas certamente vou ter oportunidade de contato com os jogadores antes da nossa posse".

Como manter o Vasco na Série A: "O que eu tenho feito a partir de duas semanas atrás é começar a conversar com mais intensidade tanto com Alexandre Campello quanto com José Luis Moreira para eu me inteirando. Uma coisa é você estar perto, quando você tem maior capacidade de avaliação. Isso que estou procurando fazer: ficar mais perto para tomar as primeiras decisões. Essas primeiras decisões começam a ser tomadas a partir do momento que eu tomar posse. Estou fazendo há mais de 10 dias: me inteirar".

Captação de recursos: "Tenho feito há algum tempo é conversas com possíveis investidores que quero trazer para o Vasco. Já mostramos quais são as garantias desse título, isso está em andamento apesar de a gente ter sofrido atraso pelo processo eleitoral e também por essa volta da pandemia. Sobre o estádio, vamos começar a partir dessa transição a se informar sobre a carta de compromisso que Alexandre assinou com a WTorre. Está no nosso projeto começar esse estádio novo, agora a gente tem que receber mais informação para alinhar esse assunto".

Dinheiro pode entrar já de imediato?

"Isso é possível de acontecer sim, a gente está trabalhando isso. Estamos tentando algumas situações no sentido de trazer algum tipo de recurso para essa reta final, tentar colocar os salários em dia. Conversei com o Campello. O Vasco tem um dinheiro para receber da transação do Nathan, o Alexandre foi até Lisboa. Com isso, ele conseguiria pagar uma folha de novembro e não conseguiu. Eu me coloquei à disposição para tentar ajudar, e eu vou tentar ajudar muito nessa reta final. Eu como vascaíno e futuro presidente, me coloco sempre à disposição. Aliás já ajudei financeiramente algumas vezes. Vou tentar buscar uma solução para os salários atrasados".

Centro de Treinamentos: "Já conversei com Alexandre sobre isso, vamos continuar esse projeto exatamente como foi idealizado. Já concluímos o primeiro campo do profissional, A mesma coisa na Washington Luiz, onde estamos trabalhando o Centro de Treinamento da base. Temos um campo feito e pretendemos dar sequência a isso".

Mudanças estatutárias: "A gente tem um grupo de trabalho só para coordenar essa reforma de estatuto. A gente pretende sim já no início da nossa gestão algumas mudanças. Poderia citar algumas delas, mas vou me preservar um pouco porque ainda estamos em discussão. Nosso estatuto é muito antigo e precisa se adequar aos tempos atuais. Houve revolução em termos de mídia, queremos ampliar o número de sócio para a próxima eleição, temos que melhorar questão de cadastro. Isso é inconcebível nos dias de hoje, quando você tem toda a estrutura. Isso é uma falha que temos de eliminar para a nossa próxima eleição. Temos que chegar na eleição com tudo resolvido, chegar a uma eleição limpa. Sem nenhum tipo de obstrução nessa área. Vamos dar muita ênfase nessa área de cadastramento, queremos ampliar o número de sócios e outras coisas que vão acontecer certamente".

Conversou com candidatos? E com o Leven Siano?

"Dos candidatos até agora que falei foram Alexandre Campello e o Julio Brant. Julio me ligou logo após à eleição, colocou-se à disposição para conversar. Gostaria muito de conversar com o Leven Siano também, achei que ele poderia me dar algum telefonema. Se ele demorar muito, eu vou ligar para ele. E o Sérgio Frias também. Acho que o Sérgio pode dar uma contribuição muito boa. Sobre o Leven, eu estou esperando um telefonema dele. Se ele demorar, eu vou ligar para ele. Não tem problema nenhum".

Como fechar o ano no azul?

"Nossa equipe de trabalho que está trabalhando a transição na área financeira busca uma forma de resolver esse impasse. O Vasco, do ponto de vista de receita, está equilibrado. O Vasco tem um problema de dívidas de curto prazo, que asfixiam completamente o lado financeiro do clube. A gente olha essa dívida para que consigamos fazer os pagamentos. O problema é atacar essa dívida de curto prazo. Quando estamos prontos para pagar uma folha ou um fornecedor, vem uma execução fiscal que arresta esse recurso. Esse é o novo desafio, de tentar acabar com isso. Nossa meta é pagar os funcionários, jogadores e fornecedores em dia. Tenho uma empresa que fundei há 37 anos. Todo dia 25 eu pago os salários e pago todos os impostos. Vou fazer todo o possível para trazer isso para o Vasco. Fazer com que o Vasco assuma os seus compromissos e que pague em dia. Não resolvemos isso num passe de mágica. A gente resolve conversando. É dessa maneira que queremos eliminar".

Ações de marketing: "Você citou o Vitor Roma. Ele vai ser um alavancador de receitas do Vasco, ele tem uma boa entrada em diversas empresas. Com a minha ajuda, a gente consegue colocar o Vasco em contato com essas empresas. Em relação ao sócio-torcedor, não posso acreditar que um vascaíno possa fazer uma campanha dizendo para ele deixar de ser sócio. Essa pessoa não pode ser Vasco. Independentemente do candidato, o sócio é o nosso maior patrimônio. A gente tem que continuar motivando o sócio, sempre trazendo o sócio para o nosso lado. Ele sempre é quem alavanca, dá sentido à nossa vida de vascaíno. Faço um apelo para não fazerem esse tipo de campanha destrutiva. Essa ação não leva a nada e deve ser repelido urgentemente".

Do ponto de vista do marketing, o Vitor vai cuidar. 

Já estamos fazendo algumas conversas com alguma empresas para ver onde se encaixam. 

Do ponto de vista de transparência, eu na minha empresa sou auditado cinco vezes. 

Tenho sempre que estar com os processos de contabilidade e de balanço sempre muito bem auditados e fiscalizados. 

O Vasco já melhorou muito nessa área, publica seus balanços e disponibiliza na internet. 

Vamos continuar fazendo isso e talvez com maior frequência. 

A gente não tem que esconder nada, tem que mostrar tudo o que a gente tem aqui dentro. 

Para o bem e para o mal.

Há patrocínio já engatilhado?

"O Vasco tem dois patrocinadores másters. Havan e BMG, além de alguns patrocínios temporários. Amanhã eu tenho reunião com o Vitor, que está trazendo um patrocinador novo. Uma empresa que está interessada em trazer algum tipo de patrocínio para o Vasco. A gente está aberto a qualquer manifestação empresarial para trazer patrocínios. O Vitor é o expert nisso. Não é a quantidade, é a qualidade. A gente acha que a nossa marca foi muito depreciada por uma série de questões. Temos que recuperar a nossa marca, ela tem um potencial muito maior do que ela vale hoje. A gente pode obter muito mais benefícios do que obtém hoje. Temos que recuperar o clube, e isso pode se revelar em bons contratos".

Acordo de pagamento para o dia 20 e área de São Januário: "Sobre o pagamento dia 20, em princípio vamos continuar. Depois tomando pé vamos ver se é a data ideal ou não. Com o tempo, a gente pode trazer para uma data mais antecipada".

Ações sociais na Barreira, comunidade vizinha a São Januário: "A Barreira é a nossa vizinha, então a gente tem que ter uma relação muito amigável. Isso que temos de fazer com a barreira. Vamos fazer algumas ações sociais lá. Tem um projeto interessante que é criar um time de futebol da Barreira para disputar campeonato de favelas. São nossos vizinhos, pessoas que têm uma vida em comum conosco".

Como fazer o Vasco parar de lutar contra o rebaixamento?

"Você tem que criar uma certa estabilidade. O que é normalizar o processo no futebol? Primeira coisa que você tem de fazer é pagar os salários atrasados, acho que isso daria uma motivação extra ao plantel. Mais do que isso, você tem que apoiar o time, o treinador enquanto estiver lá. Acho que temos todas as condições de sair. Fazer trabalho psicológico e emocional. Tenho certeza que podemos terminar o campeonato numa zona intermediária, nosso time não é pior do que estão na nossa frente. Nosso time joga de igual para igual com qualquer time até o quinto colocado. Vamos ter uma sequência de jogos que podem ser favoráveis ao nosso time. Acho que ontem podemos ter iniciado uma sequência positiva".

"Vamos dar tranquilidade aos jogadores, dar tranquilidade e apoiar essa comissão técnica. E motivar esse grupo, porque ele tem total condição de sair dessa situação. A gente fica impactado por uma ou outra derrota ruim. Tivemos um 4 a 0, mas o nosso próprio rival tomou de 5 a 0 e está aí brigando pela liderança".

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário