sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Em aberto?!?!

Duda Luizelli diz que lista de Pia não está fechada para Tóquio, fala sobre Kerolin e desenha calendário de 2021.

"Pia é muito justa em todas as convocações", diz coordenadora de seleções femininas. 

Dirigente ainda reforça importância do processo atual de integração entre principal, sub-20 e sub-17.

Os planos de disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio foram adiados, mas o trabalho não parou. 

Desde que assumiu, há cerca de três meses, Duda Luizelli acompanha de perto o trabalho da técnica Pia Sundhage em busca do grupo ideal de 18 jogadoras. 

A coordenadora de seleções femininas garante que a lista não está fechada e que será cada vez normal o debate em relação a presença ou não de nomes nas convocações da treinadora.

"Acho que cada vez mais vai acontecer isso devido à qualidade das jogadoras em todas as posições. Eu te diria que a Pia é muito justa nas convocações. Certamente, quem não está sabe que precisa melhorar em alguma coisa. Eu te diria que, no Brasil, a lista não está fechada, e a gente nem enviou nada. Ou seja, eu tenho certeza que o Brasil vai levar as melhores. As 18 melhores atletas que a gente tem", afirmou Duda Luizelli.

Na última convocação, aliás, um nome chamou atenção. 

Suspensa há quase dois anos por doping, Kerolin, promessa da base brasileira, foi convocada. 

A dirigente comentou os cuidados da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ao averiguar a situação da jogadora e se estaria apta a estar entre as chamadas.

"Ela está liberada a partir do dia 6 (de janeiro) para treinamentos. O pessoal jurídico da CBF entrou em contato. Haveria essa possibilidade. Ela é uma jogadora que tem um grande potencial. A Pia queria ver como ela está nesse momento. Então, ela vai ter sua oportunidade assim como muitas outras atletas já tiveram", afirmou Duda.

O processo dentro da CBF não diz respeito somente à seleção principal. 

Além do objetivo de criar a seleção feminina sub-15, Duda tem estimulado outros processos importantes: a criação do banco de dados das atletas, a captação de jovens nomes nos Estados Unidos e Europa e também o pathway, criando uma identidade do futebol feminino brasileiro. 

A integração de todas as comissões técnicas da base até a principal fazem parte desse processo.

"A gente já fez várias ações. Acho que, dentre elas, uma das mais importantes é a integração das comissões técnicas. No meio da pandemia, a gente conseguiu reunir nossa comissão presencialmente. Todos da sub-17, sub-20 e adulta, aonde a gente quer não só falar, mas realmente ter patchway do futebol feminino. A gente vai realizar isso, porque precisa ter rumos para formar uma cada vez melhor seleção brasileira. Que cada vez a menina chegue mais pronta quando ela tiver a idade para servir a seleção adulta. Hoje, para a gente conseguir chegar nisso, qual foi uma das primeiras ações? O monitoramento do campeonato brasileiro com GPS. Monitoramos também o campeonato sub-16. Nossa equipe esteve lá. A gente precisa ter dados do que acontece no Brasileirão para podermos comparar com os dados da seleção brasileira. Saber o quanto que nós temos que evoluir como clubes para chegar em uma seleção, e a gente também compara no caso com as melhores seleções do mundo nas categorias", ressaltou Duda, salientando também que quer os clubes cada vez mais perto da seleção.

Se o pensamento em longo prazo está desenhado, o curto já bate à porta. 

O primeiro semestre está agendado até os Jogos Olímpicos. 

Entre os dias 5 de janeiro de 2021 e 20 de janeiro de 2021, o grupo fará um período de treinos em Viamão. 

Em março, o Brasil participa do torneio She Believes, nos Estados Unidos, ao lado das donas da casa, Japão e Noruega. 

Duda salienta que está com o contrato em mãos e, por enquanto, não vê a possibilidade de cancelamento pela situação da Covid-19. 

Em abril, serão jogos na Europa e, um deles, novamente contra as norueguesas. 

Em junho, dois confrontos diante das japonesas. 

O local de preparação no período prévio à Olimpíada também já está em negociação. 

A dirigente despistou sobre o alvo, mas descartou ser Portimão ou uma localidade em terras japonesas.

"A nossa preparação local ainda não está confirmada. Nós temos uma possibilidade bem grande, mas ainda não está assinado o contrato. Então, ainda não vamos externar o local. De lá, a gente parte para o Japão já completamente focado. Acho que é um ano 100% focado na Olimpíada".

Para Tóquio e também pensando na formação das futuras gerações, a seleção feminina trabalha intensamente com a psicologia ao lado. 

Desde o último ano, o grupo já contava com uma profissional na equipe principal. 

Este ano, foram também ampliados os trabalhos para as equipes de base. 

Duda ressalta que Pia dá muita atenção a esse fator. 

E isso fica visível a cada entrevista da treinadora, que ressalta querer aliar a técnica brasileira à mentalidade vencedora das americanas.

"Essa foi uma das coisas que a gente aqui conseguiu dar um passinho para frente. A Marina já estava na equipe adulta. Porém, inserimos mais duas psicólogas, uma na categoria sub-17, outra na sub-20. Três mulheres com a mesma linha de pensamento. Foram sensacionais nas últimas convocações que tivemos. Sem dúvida nenhuma, trabalhar a parte mental era uma coisa necessária. A forma como a Pia trata a questão da psicologia no futebol é muito interessante, e, a cada período de treinamento, a gente vê uma evolução muito grande. Tenho certeza que estamos no caminho certo", disse Duda.

E completa dando a receita para o sucesso ali adiante:

"Geralmente, o Brasil é conhecido pelos dribles, golaços, ataque. Talvez, para sermos melhores do mundo, precisaremos ser conhecidas também por ter uma grande defesa. Acho que é isso que a gente vem trabalhando. Para que o Brasil seja equilibrado em todas as partes do campo e consiga grandes resultados".

CONFIRA OUTRAS RESPOSTAS DE DUDA LUIZELLI:

Funções definidas: A gente também criou aqui na CBF um ciclo sistêmico de cada função, cada funcionário do nosso departamento de seleções. 

A gente dividiu em cinco partes: planejamento, pré-apresentação, pré-convocação, a convocação em si e o pós-convocação. 

Cada um sabe hoje o que fazer antes, durante e depois de uma convocação. 

Ou seja, é pensar na seleção todos os dias do ano. 

Isso a gente também criou. 

Na minha chegada, também fizemos um planejamento estratégico de saber quando e onde o Brasil vai chegar a ser o número 1 do mundo. 

Junto com a Pia, comissão técnica, a gente com muita calma conseguiu colocar ano a ano para saber onde realmente o Brasil vai ser imbatível no futebol feminino. 

A gente tem que planejar para a gente conseguir chegar.

Identificação e vontade de vestir a amarelinha: Eu não sei como era antes essa relação, mas hoje a competitividade entre as atletas é grande. 

A gente pensa que talvez na última Olimpíada a gente tinha 25 atletas para que a comissão técnica pudesse levar 18. 

Hoje, na lista larga da Pia, são 58 atletas. 

Ou seja, nós temos uma lista muito maior, e isso devido obviamente aos grandes clubes virem, as competições estarem cada vez mais organizadas. 

Tudo isso faz com que a gente tenha mais qualidade no futebol feminino brasileiro.

Foco no futuro: Hoje as meninas vêm para a seleção brasileira. 

A gente tem todo um planejamento. 

Elas chegam aqui prontas. 

É isso que eu acho que a gente sonhou para o futebol feminino há 30 anos. 

Mas a gente sabe que tem muito a evoluir. 

A gente quer evoluir porque quer ser número 1 do mundo.

Processos novos na comissão técnica: Hoje, sempre pós-convocação, a gente envia um relatório para os clubes, para o preparador físico, dizendo tudo aquilo que aconteceu com as atletas. 

A própria Pia manda uma mensagem para os treinadores dizendo como foi a atleta durante a convocação e o que talvez tenha que melhorar. 

Cada vez que a gente acaba uma convocação, a gente tem um relatório completo de tudo aquilo que aconteceu, desde a parte física, técnica, mental, tática. 

A gente sabe tudo que aconteceu na convocação. 

Isso é importante até para que a gente consiga comparar a seleção com a seleção, a seleção com as seleções menores. 

A gente consegue ter essa comparação, que é algo muito importante e faz com que a gente cresça cada vez mais.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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