sábado, 31 de dezembro de 2022

História apagada

Campo de futebol e casa da família de Pelé no interior de São Paulo não existem mais.

Apenas escola e casa da infância de Pelé continuam preservadas, em Bauru, cidade em que o Rei do Futebol cresceu.

Edson Arantes do Nascimento, o nosso Rei do Futebol, nasceu em Três Corações (Minas Gerais), mas se transformou em Pelé, o apelido reconhecido em todo o mundo, em Bauru, no interior de São Paulo. 

Um dos maiores ídolos do esporte mundial, Pelé morreu nessa quinta-feira, aos 82 anos.

Foi durante as aulas na Escola Estadual Ernesto Monte que o menino Edson recebeu o apelido que inicialmente não gostou nem um pouco, como ele mesmo contou durante uma entrevista, e chegou até a ser suspenso por brigar com os colegas que começaram a chamá-lo assim.

"Eu falei meu nome é Edson. Aí veio esse garoto e, não sei se eu falei alguma coisa errada, mas ele me chamou de Pelé e eu não gostei. Falei meu nome é Edson, porque você está me chamando desse nome horrível. E esse garoto foi para a mesma escola, o grupo educacional Ernesto Monte e chegando à sala de aula me chamou de Pelé. Eu briguei com ele e peguei dois dias de suspensão. Ai toda a molecada da escola começou a me chamar de Pelé", disse o Rei em entrevista para TV Globo em 1998.

Na época em que Pelé morou em Bauru, entre 1945 e 1955, a escola funcionava em um prédio que fica na esquina da Rua Bandeirantes com a Gérson França, na área central de Bauru. 

O imóvel, que hoje é propriedade particular, continua preservado e tem características bem tradicionais de construções da época na fachada.

A família morava em uma casa também no centro da cidade, no imóvel que Pelé comprou para a família. 

A casa foi vendida e demolida em 2015.

Outro local marcante que não existe mais é o campinho do Bauru Atlético Clube, o BAC, onde Pelé deu os primeiros passos no futebol. 

Um supermercado foi instalado no lugar onde funcionava as categorias de base do Baquinho. 

A única lembrança dos tempos de ouro é um mural com a imagem da fachada azul e branca do clube.

A casa onde o Rei morou, quando criança, ainda existe, apesar de não estar tão conservada.

Promessa para o pai: Foi também enquanto morava em Bauru, por meio de um antigo rádio, que o pai de Pelé, João Ramos do Nascimento, o Dondinho que também foi jogador de futebol, ouviu o Brasil ser derrotado no Maracanã, na final da Copa do Mundo de 1950.

Nesse momento, ao ver o pai chorar pela derrota, Pelé fez uma promessa, como ele mesmo contou em entrevista ao Esporte Espetacular da TV Globo.

"Tenho um grande carinho por isso [rádio] porque já em Bauru, eu vi o meu pai chorando e eu não sabia o que fazer. Eu brincando e não sabia o que fazer, ao lado desse rádio eu falei: ‘Pai eu vou ganhar uma Copa do Mundo para o senhor’".

Oito anos depois, na Copa da Suécia em 1958, Pelé cumpriu a promessa. 

Trouxe o primeiro título para o Brasil e se tornou o jogador mais jovem a ganhar uma Copa do Mundo, com apenas 17 anos. 

Ele já jogava no Santos Futebol Clube, mas costumava vir para Bauru e manteve contato com os amigos que fez aqui.

Um deles, Aniel Chaves, conversou com a equipe da TV TEM nesta quinta-feira (29), após a morte do amigo, e lembrou um dos primeiros jogos do Rei do Futebol.

"Nós fizemos uma preliminar no campo do Juventus, na Rua Javari, contra esse time que era campeão na capital. E foi nesse jogo que começou o atleta do século, porque nesse jogo o Pelé marcou 5 gols e nós ganhamos esse jogo por 12 a 1. Pasmem, ele marcou 5 gols contra o campeão da capital. Ali surgia o gênio".

Outro grande amigo, que aparece em fotos com o Pelé ainda pequeno em Bauru e é conhecido com o irmão branco do Rei do Futebol, Raul Marçal, também guarda com carinho as lembranças da infância do maior atleta do século.

"Nós éramos vizinhos, tinha a casa dele, da minha vó e a minha e foi ali que começou a amizade. Jogando bola de meia na rua de terra, num tinha asfalto ainda. Quando ele num estava, a gente dividia a turma, quando ele estava, ele mesmo dizia sou e mais um contra o resto".

Em 1977, Pelé recebeu o título de Cidadão Bauruense, uma forma que a Câmara dos Vereadores encontrou de homenageá-lo e comemorar o período que ele viveu na cidade. 

Pela morte do Rei do Futebol, a prefeitura decretou luto oficial de três dias.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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