Dono do Cruzeiro faz cobrança a Mattos por erros no mercado e admite: "Futebol é péssimo negócio".
Pedro Lourenço diz que clube precisa ter "erro zero" no mercado e critica valores pagos a jogadores e empresários no futebol.
Pedro Lourenço, dono da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Cruzeiro, admitiu que fez cobranças a Alexandre Mattos, CEO de futebol, por conta do desempenho recente do time.
O gestor considera que o departamento de futebol cometeu muitos erros no mercado, o que influencia em aportes que serão feitos pelo empresário neste ano.
"A realidade mostra para todos: nós erramos muito nas contratações. Erramos bastante. Não vou citar nome, porque é deselegante, mas erramos. Conversei com ele (Alexandre Mattos), e agora temos que errar menos. De preferência, não errar."
A declaração de Pedro Lourenço aconteceu em entrevista ao Tempo Sports.
Desde que ele assumiu a SAF e contratou Alexandre Mattos, o Cruzeiro fez 18 contratações para a equipe profissional.
O dono do clube entende que há um desequilíbrio em relação aos nomes buscados e vê como natural que as cobranças externas sejam direcionadas ao CEO, pelo cargo ocupado.
"Fizemos contratações que não deveríamos. Trabalhar para recuperar isso. Às vezes temos muitos para uma posição, mas não com o perfil que o técnico precisa. Ele sabe, eu conversei com ele, e ele tem consciência. Não tem uma receita certa no futebol, mas o nosso departamento errou muito nisso aí, e o Alexandre é o chefe, então sempre cai nele (a cobrança)".
Entre as 18 contratações, somando a janela do meio de 2024 e a do início de 2025, houve investimento superior a R$ 200 milhões comprar direitos econômicos de Christian, Fabrizio Peralta (já emprestado ao Athletico), Fabrício Bruno, Jonathan Jesus, Lautaro Díaz, Matheus Henrique e Kaio Jorge.
Além disso, houve investimento em torno de R$ 50 milhões para comprar João Marcelo, Lucas Villalba e Matheus Pereira, que estavam emprestados ao Cruzeiro.
Há valores a serem pagos em 2025, o que torna necessário aporte de Pedro Lourenço no clube.
"A torcida tem um pouco de razão, mas eu tenho cobrado dele. Temos que melhorar, esse ano vamos ter que fazer muito aporte no clube, e isso é reflexo de maus negócios que foram feitos".
Com a remodelação do elenco, o Cruzeiro tem uma das maiores folhas do futebol brasileiro, superando R$ 20 milhões mensais.
O valor também é puxado por nomes que não geraram gasto em direitos econômicos, como Dudu e Gabiriel, contratados na última janela.
A soma desses fatores faz com que Pedro Lourenço considere o futebol como um péssimo negócio.
O empresário cita, além dos salários dos jogadores, as comissões recebidas por agentes envolvidos na negociação.
"O futebol, como negócio, é péssimo. Não sei se em cinco anos será um bom negócio, mas, hoje, é um péssimo negócio. Eu não estou acostumado com os salários que ganham os jogadores."
"Eu trabalho na empresa, se der 3% de lucro eu solto foguete. Você tem empresário que fala em 10%, todos os meses. Salário de 2 milhões, ele leva 200 mil todos os meses. E quem paga sou eu. Tem comissão, diferença de câmbio... É um tempo de muito aprendizado para pegar a rédea das despesas. O futebol é desproporcional. Agora estou mais ligado e tenho falado todos os dias com o pessoal dentro do clube, mas não é fácil. Para eles, tudo pode".
Pedro Lourenço comprou a SAF do Cruzeiro há quase um ano, nas mãos de Ronaldo Fenômeno.
Vale lembrar que a necessidade de investimentos foi algo assumido por ele desde o início da gestão, visando um salto de qualidade na equipe.
No ano passado, o Cruzeiro ficou com o vice-campeonato da Copa Sul-Americana, batido pelo Racing na final, e não conseguiu classificação para a Taça Libertadores da América via Campeonato Brasileiro.
Neste ano, já demitiu Fernando Diniz e não conseguiu chegar à final do Campeonato Mineiro.
O time está envolvido nas disputas do Campeonato Brasileiro e da Copa Sul-Americana, além de iniciar a Copa do Brasil em maio, na terceira fase.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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