Mattos cita "ciclo vicioso" nas finanças do Atlético-MG e diz que família Menin também ajuda com salários.
Alexandre Mattos, diretor de futebol do Atlético-MG. (Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG) |
Apoio dos empresários parceiros, segundo diretor de futebol do Galo, não acontece apenas com empréstimos para contratações: "Sem eles, a dificuldade seria enorme".
O Atlético-MG é o grande time brasileiro que mais contratou durante a pandemia.
O Galo é um dos clubes mais endividados do país e sofre com salários atrasados.
As duas afirmativas, apesar de paradoxais, são verdadeiras.
O que justifica a agressividade do clube mineiro no mercado, mesmo em um momento de crise (agravada pela pandemia), é a ajuda de empresários parceiros, mais especificamente a família Menin (Rubens e Rafael).
Recentemente, o presidente do Atlético-MG, Sérgio Sette Câmara, argumentou que o clube tem "três dinheiros": o valor reservado para a construção do estádio próprio, o valor investido pelos empresários para contratações, e o dinheiro gerado pelo próprio clube, de onde sai o capital para bancar salários, por exemplo.
Sérgio havia dito que é nesse "terceiro dinheiro" que o Galo está apertado, o que ajuda a explicar os vencimentos em atraso.
Alexandre Mattos, diretor de futebol do Atlético-MG, porém, revelou que a família Menin também tem feito aportes no pagamento de salários.
"Apareceu a figura ímpar do Rubens Menin, do Rafael Menin. O Ricardo (Guimarães) já ajuda há muitos anos. Mas esses dois (Rubens e Rafael Menin) que estão não só colocando dinheiro para investir, como também nos auxiliando nos pagamentos de salário, imagem, e a gente está praticamente colocando a casa em ordem", Alexandre Mattos à Band.
"O Rubens e o Rafael estão, hoje, colocando um dinheiro próprio, das pessoas físicas, não só para investir, como para pagar salário. Do Sampaoli, dos funcionários, do atleta, pagar imagem. Sem eles, a dificuldade seria enorme. Com certeza o Atlético não estaria neste patamar de tentar alguma coisa grande ainda neste ano, de pensar em um projeto de protagonismo. Ainda bem que existem essas pessoas, ainda bem que essas pessoas amam o clube, não pensam neles, e sim na instituição, e isso que vai fazer, sem dúvida alguma, diferença para o futuro do Atlético", completou o dirigente.
"Situação muito delicada" e "ciclo vicioso": O diretor de futebol atleticano ajudou a clarear a situação financeira do clube para o torcedor.
Destrinchou a necessidade do Galo de vender atletas e a queda de basicamente todas as receitas durante a pandemia.
Falou, também, sobre a receita para administrar o vestiário em um cenário em que os salários estão atrasados, mas o clube não para de contratar.
"Lidar com jogador é muito simples, muito fácil. Você tem que ser honesto, olhar no olho. O Atlético vive uma situação financeira já há algum tempo muito delicada, e a maneira de sair disso é fazer um projeto vencedor, um projeto de protagonismo, um projeto de avançar nas competições. Um dos motivos da dificuldade financeira deste ano é o fator de ter tido as eliminações de Copa do Brasil, de Sul-Americana", disse.
"O Atlético vem de uma receita muito clara de televisão, de vendas de atletas, de sócio-torcedor, de bilheteria. Infelizmente a bilheteria a gente não tem com a pandemia. O sócio-torcedor (sobrevive) porque a torcida do Atlético é diferente de qualquer outra coisa. Até aumentou um pouco, isso nos ajuda. Tivemos algumas ações, como foi o "Manto da Massa", coisas esporádicas. A televisão, o Atlético tem contato até 2024 com a Globo, até 2023 já tem antecipações feitas. Ou seja, não tem receita. O que pode acontecer é venda de atleta, mas se você vender atleta você quebra o projeto esportivo. Vamos acabar tendo que vender algum atleta, mas a gente quebra o projeto e tem que contratar. Estamos num ciclo vicioso", completou.
Como sair do ciclo vicioso?
Mattos argumenta: com sucesso em campo, que o clube espera que reflitam na valorização dos ativos do clube e, consequentemente, na equalização das contas.
"Venho diariamente conversando com os atletas, eles conhecem o Atlético, já estão no Atlético há mais tempo que eu, muitos deles há muitos anos. Nada está fora do que já vem acontecendo. O ponto diferente é que hoje estamos criando um ambiente de competição diferente do que a gente tinha. É isso que a gente está procurando criar. E com ativos. É o que a gente faz hoje. Esse, sim, pode ser o grande diferencial para ajudar o Atlético a sair dessa situação financeira delicadíssima do clube".
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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