Guerra quente do Campeonato Carioca.
Falta de diplomacia atrapalha retorno do futebol brasileiro.
Cobranças a Fluminense e Botafogo espalham sensação de perseguição e são mais um ingrediente da péssima repercussão do retorno do futebol na opinião pública.
A Federação do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ) não dirá oficialmente.
Mas cobrou dez vezes mais pelos quadros móveis dos jogos de Botafogo e Fluminense, do que arrecadou de Vasco e Flamengo, porque precisou de mais gente no Nílton Santos do que em São Januário e Maracanã.
A razão do número maior de pessoas foi a desconfiança de que tricolores e alvinegros poderiam não cumprir o protocolo Jogo Seguro.
Como foram parceiros, Vasco e Flamengo mereceram mais crédito.
Por isso, a Federação cobrou R$ 25 mil de Botafogo e Fluminense e R$ 2,5 mil de vascaínos e rubro-negros.
Nos corredores da FFERJ também se afirma que o Botafogo tem dívidas de borderôs de mais de quarenta partidas e não pagou, por exemplo, os testes de Covid 19 antes da partida contra a Cabofriense.
Os débitos são muito maiores do que os atuais R$ 25 mil.
A direção alvinegra pode perfeitamente se manifestar e dizer que a informação não procede.
Não se está aqui para acusar um lado ou outro, mas para reforçar que a guerra aberta entre FFERJ, Botafogo e Fluminense passou do limite do aceitável e prejudica o retorno do futebol no país inteiro.
Porque a repercussão, a cada informação sobre o litígio, aumenta a sensação na opinião pública de que não está havendo um trabalho sério e seguro no retorno do futebol.
Se a FFERJ sempre fez empréstimos a seus associados e agora joga na cara, não está certo.
Também não é correto o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) anunciar o afastamento de um técnico por dar declarações duras, algumas absolutamente verdadeiras.
Ou alguém desmentirá que, desde 1967, a federação só teve três presidentes: Otávio Pinto Guimarães, Eduardo Vianna e Rubens Lopes.
Sim, a FFERJ foi fundada em 1976, o que dá no mesmo, porque Otávio era presidente da velha federação carioca e se manteve no poder com a entrada dos times do velho estado do Rio, como Americano, Goytacaz e Volta Redonda.
É verdade que Fluminense e Botafogo tinham licença para voltar a treinar no dia 1 de junho, de acordo com a liberação do prefeito Marcelo Crivella.
Que, na opinião dos times pequenos, houve uma ruptura do acordo de voltar quando houvesse autorização do governo do estado e da prefeitura.
A situação, neste momento, exige diplomacia e isto tem faltado à federação.
O Flamengo disputou todas as suas partidas no Maracanã, as duas depois da pandemia também no velho maior do mundo.
O Vasco disputa seus dois jogos após a paralisação em São Januário.
Enquanto isso, o Fluminense jogará em Bacaxá e o Botafogo precisou atuar no péssimo gramado da Ilha do Governador.
Paulo Autuori durante o jogo do Botafogo-RJ e Portuguesa-RJ. (Foto: Globoesporte.globo.com) |
Tudo isto somado à cobrança dez vezes maior espalha a ideia e perseguição a uns e auxílio a outros. A guerra só atrapalha.
E pode apostar que em outros estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul, que discutem o retorno do futebol em julho, prefeitos e governadores estão observando o exemplo do Rio para argumentar que os cartolas tiram a confiabilidade para o futebol retornar com segurança.
A aviação retorna com vendas de 100% das poltronas dos aviões.
Sim, o transporte é essencial, mas seria possível negociar cadeiras alternadas, o que não está acontecendo.
Talvez porque as companhias aéreas tratem de salvar seu setor.
No futebol, como sempre, cada um pensa só no seu próprio lado do cabo de guerra.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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