segunda-feira, 1 de junho de 2020

Jogadores brasileiros na França

Brasileiros falam sobre fim do Francês, e Jemerson diz: "A gente não sabe a dimensão da doença".

Clubes blindam maior parte dos jogadores, que não se manifestam. 
Jemerson, zagueiro do Monaco: "Existem treinadores e outros profissionais que são um pouco mais velhos que entram no grupo de risco". (Foto: Tim Clayton/Getty Images)
Zagueiro do Monaco ressalta possíveis riscos caso futebol fosse retomado e vê que decisão foi acertada.

O que pensam os jogadores a respeito do encerramento precoce das duas primeiras divisões na França? 

É difícil saber. 

O GloboEsporte.com procurou os brasileiros que atuam no Paris Saint-Germain, Lyon, Lille e Nantes. 

Mas todos, por meio das respectivas assessorias de imprensa, afirmaram que foram orientados pelos clubes a não se manifestar sobre o assunto. 

O zagueiro Jemerson, do Monaco, no entanto, deu sua opinião. 

E foi categórico: ele acha que dar fim à temporada foi correto.

“Acho que foi uma decisão acertada. A gente ainda não sabe a dimensão dessa doença, se a situação pode dar uma melhorada e depois voltar a piorar, fazendo um estrago ainda maior”, opinou o brasileiro.

Aos 27 anos, Jemerson está há quatro anos e meio no Monaco. Foi campeão francês em 2017. Disputou 15 jogos na temporada. Ele reforça que voltar a jogar, no momento, poderia trazer riscos principalmente para outras pessoas envolvidas no futebol.

"Primeiro, devemos pensar na saúde das pessoas. Infelizmente, o futebol é um esporte onde existe o contato, existem treinadores e outros profissionais que são um pouco mais velhos que entram no grupo de risco, temos família com pessoas que também são mais vulneráveis, e é isso que a gente deve prezar agora", reforça.

O Monaco acabou na nona posição, com 40 pontos, sem vaga nas competições europeias. 

O torneio foi encerrado com 10 rodadas a disputar, ou 30 pontos em jogo. 

Mas o defensor tenta não lamentar.

"Mesmo que na parte esportiva alguém se sinta prejudicado, e não teria como todo mundo sair satisfeito, independentemente da decisão que fosse tomada, a vida está em primeiro lugar nessa história toda. Acredito que todos estejam tristes por as coisas terem chegado ao ponto de precisar encerrar a Ligue 1, mas acredito que fizeram a coisa certa", comentou o ex-jogador do Atlético-MG.

“O esporte tem que ficar em segundo plano”: Ex-Avaí e Sporting, o atacante Raphinha fez sua primeira temporada pelo Rennes e, com o encerramento da Ligue 1, pôde comemorar um feito. 

A equipe do noroeste francês fez sua melhor campanha na primeira divisão, a terceira posição, e disputará a Liga dos Campeões pela primeira vez. 

Mas o jogador, de 23 anos, evita falar sobre o resultado e ressalta que essa não era a maior preocupação no momento.

"É muito complicado eu dar uma opinião sobre esse tema. Acredito que diversos profissionais de saúde se reuniram com os organizadores da liga e tentaram chegar à melhor solução. Se a escolha mais sensata e saudável foi pelo encerramento da competição, devemos respeitar. Por mais que a gente sempre queira trabalhar, entrar em campo e jogar futebol, pois é o que a gente sabe e ama fazer, o mais importante é a saúde de todos. O esporte, neste momento, tem que ficar em segundo plano", opinou.

Raphinha fez 30 jogos e marcou sete gols pelo Rennes na temporada, cinco pelo Campeonato Francês. 

Ele terminou na décima primeira colocação entre os mais bem avaliados do jornal “L'Equipe”. 

O meia diz que sente que poderia manter o nível caso os jogos voltassem a ser disputados, mas reforça que, mesmo com o fim precoce do torneio, sua equipe não pode ter o mérito retirado.

"Fico chateado porque era a minha primeira temporada no clube e estava me sentindo cada vez mais adaptado ao país e ao estilo de jogo francês, mas, como falei, o mais importante é a saúde de todos e temos que nos cuidar. E também acho que apesar de tudo isso, não podemos tirar o brilho da nossa campanha", declarou.

Ex-lateral do Bahia e do Avaí, Vitor Costa também viu sua equipe ser beneficiada com a decisão. 

Ele joga no Lens, time vice-campeão da Segunda Divisão da França e que, portanto, foi promovido à elite. 

E também viu com bons olhos a decisão.

"Seria muito legal falar desse momento da subida se fosse em campo, mas apesar de tudo não foi da forma que queríamos. Faz parte a vida, a gente nunca sabe o que vai acontecer. Alguns clubes concordaram com a decisão, até porque nós nos mantemos o campeonato inteiro dentro da zona de acesso. E outros não concordaram porque o campeonato deveria continuar e eles também tinham chance de subir".

O Lorient foi o campeão, com 54 pontos, e o Lens ficou em segundo, com 53 pontos. 

Ajaccio, com 52 pontos, Troyes, com 51 pontos, e Clermont, com 50 pontos, vieram em seguida e disputariam um mata-mata de quatro times com o décimo oitavo colocado da primeira divisão. 

No entanto, o play-off foi cancelado, e apenas os dois primeiros subiram.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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