Austrália e Nova Zelândia propõem mudanças profundas com Copa de 2023 como impulso. Conheça o projeto vencedor.
Entre os objetivos, lado australiano da candidatura quer até 2027 uma divisão de 50/50 de atletas homens e mulheres registrados no país.
Comemoração da vitória da candidatura As One à Copa de 2023 na opera house. (Foto: REUTERS/Loren Elliott) |
Busca pela igualdade de gênero é a principal bandeira do documento.
“Futebol feminino é muito mais do que um jogo para nós. É um agente de mudanças para as mulheres em nossos países, onde nós celebramos nossa orgulhosa história de avanços no papel das mulheres em liderança, promoção do esporte feminino e esforço para tornar igualdade de gênero uma realidade”.
É com essa frase que a candidatura, e agora sede da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2023, abriu seu caderno de apresentação.
A proposta é bem mais que a divulgação de fatos dos dois países, informações sobre Centro de Treinamentos, estádios ou desenho da estrutura.
A "As One" propõe uma ideia de um novo cenário para a modalidade não só nos locais envolvidos, mas na região Ásia/Pacífico como um todo.
O objetivo é também encontrar novas soluções comerciais para a FIFA e, com isso, tornar a próxima edição do Mundial a maior de todas.
No projeto, a Copa do Mundo tem quatro pilares: futebol, mulheres e meninas, FIFA, jogadoras e fãs.
Dentro deles, ações a serem desenvolvidas.
Vale ressaltar novamente que toda a ideia não se baseia somente em abrigar a competição.
O desafio imposto pela "As One" a si mesma é a evolução.
Por isso, estabelece metas grandiosas.
O primeiro item traz intenções como contribuir com o projeto da FIFA de até 2026 ter 60 milhões de mulheres e garotas jogando futebol no mundo.
Para isso, a Austrália quer ter até 2027 uma divisão de 50/50 de atletas registrados no país, ou seja, uma igualdade entre os dois gêneros na modalidade.
A Nova Zelândia coloca o foco em seguir impulsionando 7% ao ano o crescimento do futebol feminino no país.
Em parceria com a FIFA, AFC (Confederação Asiática de Futebol) e OFC (Confederação de Futebol da Oceania) e governos, ainda entregar programas que possam expandir os programas de participação na região Ásia/Pacífico.
O documento prevê também implementar iniciativas aprimoradas de marketing que aumentem o valor e visibilidade da modalidade.
O segundo pilar foca em mulheres e meninas e visa proporcionar um impacto social profundo e duradouro na região Ásia-Pacífico.
Mudar a cara da sociedade através do futebol.
A ousadia no pensamento é um alento em tempos de busca pelo protagonismo cada vez mais forte do esporte feminino.
Austrália e Nova Zelândia querem se posicionar como polos globais dessa promoção.
Para isso, desejam algo mais amplo: fazer programas regionais de liderança, desenvolvimento profissional e participação social de mulheres em todo o sistema.
Identificar e desenvolver lideranças femininas no futebol.
Construir com base nos fundamentos estruturais já existentes nos dois países de igualdade, diversidade e inclusão de gênero, como o programa descreve.
Na Austrália, de acordo com o projeto, a Copa de 2023 irá acelerar o alcance do plano de ação de igualdade de gênero da Federação Australiana de Futebol (FFA), no final de 2019 a entidade assinou um acordo para que as jogadoras da seleção feminina ganhem o mesmo salário base da masculina, por meio de estabelecimento de academias para meninas pela Austrália, aumento dos torneios das seleções de base e partidas.
Cobertura total dos campeonatos nacionais femininos no país.
Na Nova Zelândia, a organização diz que aumentará a conscientização e continuará a desenvolver o futebol e futsal femininos por meio de uma base forte de treinadoras, jogadoras, administradoras e arbitragem, expansão das competições nacionais, desenvolvimento de talentos e mais jogos de alto nível para a seleção nacional do país.
A "As One" prevê também ações em auxílio à FIFA.
O principal proposto é desbloquear o valor comercial do Mundial, ou seja, fornecer um nível de investimento sem precedentes no evento principal.
As garantias são dadas também pelos governos Austrália e Nova Zelândia, que prometem investimentos significativos.
A ação engloba ainda um investimento do setor corporativo em direitos de mídia e patrocínio.
Para se ter ideia do potencial, atualmente, a W-League (liga feminina australiana) e a seleção australiana (Matildas) têm um total de 12 patrocinadores.
A candidatura, e agora sede, sugere que a partir da competição, serão abertas portas de investimentos da FIFA na região Ásia Pacífico.
Detalhe interessante: o projeto promete a programação dos horários das partidas de forma que maximize a exposição em outras regiões das transmissões.
Nos estádios, a expectativa é de público recorde de 1,5 milhão de pessoas.
Nos dois países, até 100 locais de treinamento se beneficiarão do investimento em iluminação aprimorada, atualizações de instalações voltadas para mulheres e melhorias nos campos.
Através da Australian Football Foundation, um fundo de futebol feminino será estabelecido para permitir o aumento da participação popular de mulheres e meninas.
O último pilar prega o acolhimento em alto nível e a diversão aos fãs.
No centro da Copa do mundo feminina de 2023 estarão as melhores jogadoras de futebol do mundo demonstrando seu melhor em um ambiente de classe mundial e desfrutando do apoio da equipe da casa durante todo o torneio, celebra o projeto.
Ao todo, serão 13 estádios em 12 cidades-sede.
Há o compromisso de viagens equivalentes para todas as seleções para que não haja desvantagens entre as equipes.
Todos os confrontos serão jogados em grama natural.
O jogo de abertura será em Auckland.
Na Austrália, a competição será inaugurada no dia seguinte, em Sydney.
Em relação aos preços dos ingressos, a proposta é vender a 5 dólares para crianças e, no geral, colocar os valores de todas as entradas em até 90 dólares.
Ao contrário da falta de garantias do governo brasileiro e a consequente retirada da candidatura, os governos de Nova Zelândia e Austrália estiveram completamente envolvidos na luta por abrigar a Copa do Mundo.
Jacinda Arden, primeira-ministra da Nova Zelândia, chegou a ligar pessoalmente às federações para apresentar o projeto e angariar votos.
Ao final, a celebração em um comunicado conjunto com o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison.
"A competição de 2023 será a maior e sem dúvidas a melhor Copa do Mundo feminina que já foi organizada".
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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