Em carta ao COI (Comitê Olímpico Internacional), autor de icônico ato antirracista nas Olimpíadas pede fim da proibição de protestos.
Eternizado com protesto no pódio, John Carlos quer mudança em regra que proíbe manifestações nos Jogos: "Atletas não serão mais silenciados".
Os americanos John Carlos e Tommie Smith fizeram protesto dos Panteras Negras nos Jogos da Cidade do México, em 1968. (Foto: Getty Images) |
A imagem icônica de dois homens negros com os punhos cerrados erguidos no pódio faz parte da história das Olimpíadas.
O ato antirracista de 1968 é exaltado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), que paradoxalmente proíbe manifestações durante os Jogos.
John Carlos, um dos americanos que participaram do ato de 1968, enviou uma carta ao COI pedindo o fim da proibição de protestos em Olimpíadas.
Após o levante antirracista decorrente do assassinato do ex-segurança George Floyd, homem negro de 46 anos, o COI confirmou que vai se manter fiel à regra 50 da Carta Olímpica.
O regulamento estabelece que "não será permitida nenhuma demonstração ou propaganda política, religiosa ou racional nas venues olímpicas, instalações e outras áreas".
Atletas que quebrarem essa norma poderão ser punidos.
O COI alega que a regra 50 tem como objetivo proteger a neutralidade do esporte e do Movimento Olímpico.
No entanto, a carta assinada por John Carlos com o apoio da Associação de Atletas Olímpicos dos Estados Unidos afirma que "os atletas não serão mais silenciados".
"O COI e o IPC (Comitê Paralímpico Internacional) não podem continuar no caminho de punir ou remover atletas que defendem o que acreditam, especialmente quando essas crenças exemplificam os objetivos do olimpismo. Eles devem desenvolver uma nova política em colaboração direta com representantes independentes de atletas de todo o mundo que protejam a liberdade de expressão dos atletas nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos", afirmou a carta.
John Carlos e Tommie Smith, respectivamente bronze e ouro nos 200m do atletismo nas Olimpíadas de 1968, foram expulsos da delegação americana nos Jogos da Cidade do México por causa do icônico protesto, hoje exaltado pelo próprio COI como exemplo dos valores olímpicos.
As punições continuam. Durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, no ano passado, os americanos Race Imboden e Gwen Berry foram suspensos depois de protestos antirracistas no pódio.
Gwen inclusive repetiu o gesto de John Carlos e Tommie Smith, com o punho erguido.
Recentemente ela recebeu um pedido de desculpas do Comitê Olímpico e Paralímpico do Estados Unidos (USOPC).
"Carlos e Smith arriscaram tudo para defender os direitos humanos e o que eles acreditavam, e eles continuam inspirando geração após geração a fazer o mesmo. É hora do movimento olímpico e paralímpico honrar sua bravura em vez de denunciar suas ações".
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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