Jovem da Cabofriense que se ajoelhou em protesto do Botafogo espera ver "mais contra o racismo".
Luan Santos, de 19 anos, foi o único jogador do time de Cabo Frio a se ajoelhar durante a partida.
Luan Santos, lateral-esquerdo da Cabofriense. (Foto: Arquivo Pessoal) |
Negro, ele conta que já sofreu racismo: "Viviam me chamando de macaco, não é legal".
O protesto antirracista dos jogadores do Botafogo na goleada sobre a Cabofriense no último domingo (28) chamou bastante atenção por ter acontecido no meio da partida: eles interromperam o jogo e se ajoelharam.
De maneira respeitosa, os adversários aguardaram em pé sem oferecer perigo, mas um deles se juntou à manifestação e também ficou de joelhos.
Negro, o jovem Luan Santos diz que já sofreu racismo e espera ver "mais iniciativas" como a que aconteceu no Nilton Santos.
O lateral-esquerdo de 19 anos fez sua estreia na equipe profissional da Cabofriense, onde desde o ano passado defende a equipe sub-20.
Ele conta que, nos tempos de escola em Rio das Pedras, bairro do Rio de Janeiro onde mora até hoje, costumava ser chamado de macaco.
"Na época em que eu estudava, tinha uma garota que vivia me chamando de macaco. Ela chegou a fazer até uma música pra mim. Foi um tempo bastante complicado", diz ele.
Luan conta que não havia planejado participar do protesto do Botafogo e que, portanto, o gesto de se ajoelhar foi espontâneo.
"Tomei a atitude de me ajoelhar e protestar junto com os jogadores do Botafogo. Já sofri o racismo, sei como é, é chato, bastante delicado. Não é legal, nenhum ser humano merece passar por isso. Isso não deveria existir, é uma doença da nossa sociedade. Protestei porque lembrei o que eu sofri lá atrás. Diante daquela situação, como o futebol tem muita influência, eu desisti protestar. Espero que outras pessoas tomem mais iniciativas para protestar contra o racismo", disse.
Lanterna do Grupo A da Taça Rio, a Cabofriense de Luan Santos se despede da competição nesta quarta-feira (1º), na partida contra o Bangu, às 15h15 (horário de Brasília), em Moça Bonita.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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