Banco acena com compra de ações, mas imbróglio do Vasco segue com fim de suspensão da arbitragem.
BTG sonda A-CAP com proposta de US$ 30 milhões pelos 31% que pertenciam à 777.
Acordo de 90 dias de suspensão da ação entre Vasco e americanos termina na quinta-feira (24).
A suspensão da ação na Justiça e da arbitragem termina nesta quinta-feira (dia 24 de outubro) sem expectativa de renovação e sem acordo de venda entre o Vasco e a A-CAP, a seguradora americana que herdou os ativos da 777 Partners.
A volta da arbitragem promete ser novo capítulo de um litígio que parece longe do fim.
Nos últimos dias, houve movimentações que causaram barulho nos bastidores.
O banco BTG Pactual acenou com oferta à A-CAP por parte das ações, correspondentes a 31% do total da SAF (Sociedade Anônima do Futebol), aquelas adquiridas pela 777 em 3 anos de aportes no contrato com o Vasco.
O valor da sondagem foi de US$ 30 milhões (R$ 170 milhões, de acordo com o câmbio atual), o que significa metade do investido pela 777 no Vasco, US$ 60 milhões.
Segundo o estipulado em contrato, hoje com seus efeitos suspensos por decisão liminar da Justiça do Rio, o Vasco deveria concordar com a venda das ações.
Mas o clube não foi informado da possibilidade da operação com o BTG, muito menos dos termos.
O banco já havia desenhado moldes da negociação, com aporte inicial de US$ 15 milhões (R$ 85 milhões) e a outra metade sendo quitada após auditoria.
A diretoria de Pedrinho se incomodou quando soube da negociação entre BTG e A-CAP.
Os dirigentes entendem que é preciso haver alinhamento com o novo comprador para não se repetir, por exemplo, o modelo da 777, no qual havia distanciamento físico e, principalmente, do projeto para o futebol.
Há um agravante nessa insatisfação vascaína: a negociação correu em paralelo à aproximação do clube com o BTG para empréstimo e preparação de entrada na recuperação judicial.
Na semana passada, o jornal Valor Econômico publicou os moldes da proposta feita pelo banco ao clube.
Em nota, o Vasco não negou as conversas, mas afirmou que os termos "jamais seriam aceitos".
Alguns dos termos da proposta noticiados pelo Valor, e rechaçados pelo Vasco, foram os seguintes:
Empréstimo de R$ 165 milhões, com prazo de dois anos e seis meses de pagamento.
Com juros de CDI (Certificado de Depósito Interbancário) mais 11,5% ao ano.
Como garantia, ficariam as ações da SAF do Vasco que representam o controle do clube, inclui 20% das ações detidas pelo Club de Regatas Vasco da Gama (CRVG)
6% de comissão em futura venda da SAF do Vasco: Parceiro de outras operações no futebol brasileiro, o BTG não demonstra interesse em ser controlador da SAF do Vasco nem de outros times.
A intenção era casar a operação de compra das ações da A-CAP com o saneamento das dívidas do Vasco no processo de recuperação judicial, que daria um "alívio" com alongamento dos acordos.
Então, o banco venderia o ativo, no caso, a SAF do Vasco, para recuperar o investimento com lucro.
No entanto, as duas operações, o empréstimo ao clube e a compra de ações da A-CAP, só vão avançar se houver mudança nos termos das propostas.
Hoje, a divisão de ações da SAF vascaína é a seguinte:
30% pertencem ao clube associativo
31% pertencem à 777, que os comprou em aportes desde 2022
39% em discussão na arbitragem
Em meio ao imbróglio jurídico, o Vasco não comenta o assunto.
Representantes da A-CAP não retornaram os contatos feitos pelo Globo Esporte.
O banco BTG Pactual também foi procurado, mas não quis se manifestar.
Prorrogação de suspensão quase descartada
O acordo entre Vasco e A-CAP para suspensão da ação na Justiça e da arbitragem foi homologado na Justiça no dia 31 de julho, mas o protocolo é do dia 24 daquele mês, na FGV (Fundação Getúlio Vargas), tribunal escolhido para arbitragem do litígio.
Assim, faltam dois dias para o fim do prazo de 3 meses.
No momento, Vasco e A-CAP praticamente descartam a prorrogação da suspensão, por um motivo simples: acordo de venda das ações da SAF vascaína está muito distante.
Se houver consenso mais adiante, os 2 lados entendem que a volta da arbitragem não atrapalharia futuro entendimento.
Por isso, o prazo de fim da suspensão, em si, não significa mudança imediata no imbróglio que tem liminar em vigor no Brasil, aquela que deu o controle da SAF ao clube associativo, em maio, e outra nos EUA, contra a 777 e a A-CAP.
E a Leadenhall?
Para ocorrer a venda de ações, além da necessidade de acordo entre Vasco e A-CAP, ainda há o caso da Leadenhall na Justiça americana.
A liminar de 8 de julho, revelada pelo Globo Esporte no dia 11 de outubro, mostra que a Leadenhall tem poder de limitar os réus, 777 e A-CAP, de se desfazerem dos ativos.
No entanto, entre eles não está a empresa do grupo que controla os clubes de futebol, fato que deixa o Vasco seguro de possível operação de venda da SAF.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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