quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Esporte Clube Meia-Noite

Nova SAF (Sociedade Anônima do Futebol) no interior de São Paulo tem nome exótico e estádio perto de cemitério.

Clube até então amador de Patrocínio Paulista busca profissionalização 65 anos após ser fundado por grupo de amigos em uma mesa de bar.

Na cidade que já foi conhecida por ser terra do diamante no interior de São Paulo, um clube que completou 65 anos em 2024 se renova com a proposta de lapidar novas joias para o futebol. 

Com um galo de mascote e um nome exótico, o Esporte Clube Meia-Noite, de Patrocínio Paulista-SP, na região de Franca-SP, virou Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e agora mira as primeiras competições de base já em 2025.

O proprietário da SAF é Edson Faleiros, que tem uma construtora em São Paulo. 

Ele e a família são da cidade. 

A ligação com o Meia-Noite é de longa data, já que o atual dono do time já foi jogador do clube, até então com atividades amadoras no município e na região.

"Eu era zagueiro central. Disputei campeonatos regionais lá, dente de leite. Saí de lá com 18 anos para estudar engenharia, meus irmãos também saíram. Só teve um que ficou lá, mas ele gostava mais de cerveja do que de bola (risos). Eu era zagueiro clássico, capitão do time", contou.

"Alugamos uma casa como alojamento. A região é grande e a ideia é levar gente para lá também. O trabalho é esse. A cidade está encantada com o projeto, eu mais ainda. Já estamos fazendo as reformas no estádio. Nosso objetivo é em abril de 2025 começar o sub-13, sub-14, sub-15 e sub-17".

Os planos são ambiciosos. 

Depois de estrear na base, o Esporte Clube Meia-Noite quer competir profissionalmente dentro de quatro anos. 

Chegar à elite também faz parte do sonho.

"A ambição é em 2028, por aí, disputar a Bezinha (quinta divisão). Depois ir para frente. Inclusive temos objetivos lá, com outra área que estamos negociando, de fazer um centro de treinamento melhor", diz o proprietário da SAF.

"O projeto é ambicioso, de tornar um time de Série A1 em 7 anos, 8 anos. Vamos pensar na Bezinha e ir disputando". 

"Acho que nosso projeto, dentro do que estamos trabalhando, vai despertar muito interesse. É uma região grande. Já saiu muito jogador. O Estêvão é de Franca. Nosso objetivo é dar essas oportunidades", explicou Faleiros.

Meia-Noite e o cemitério: Era noite de 21 de abril de 1959 quando um grupo de amigos se reuniu em um bar da cidade, como de costume, para comer, beber cerveja e jogar conversa fora.

Resolveram, então, no meio do papo, procurar um nome para o clube em que jogavam futebol. 

Quando olharam para o relógio da torre da igreja, a ideia foi concretizada.

"Vai ser a primeira vez que o clube vai ser federado. Antes era só amador. Ter um clube profissional é um sonho da cidade inteira. A gente deve colocar Esporte Clube Meia-Noite e colocar na camisa o nome de Patrocínio Paulista", explicou Faleiros.

Estádio Municipal Galileu de Andrade Lopes, do EC Meia-Noite, fica em frente ao Cemitério Municipal de Patrocínio Paulista — Foto: Reprodução/Google

O nome exótico fica ainda mais peculiar com a proximidade do Estádio Municipal Galileu de Andrade Lopes, com 30 anos de concessão para a SAF, com o cemitério da cidade.

"É um nome forte na região. É um nome exótico. Pode despertar uma curiosidade de um futebol raiz, da badalada do sino da igreja do bar, que dava 12 badaladas meia-noite, de ficar perto do cemitério", disse Faleiros

Clube formador: A proposta de Faleiros é fazer do Esporte Clube Meia Noite um clube formador na Federação Paulista de Futebol e na CBF (Confederação Brasileira de Futebol). 

A parceria neste início é com o empresário Juliano Leonel, um dos responsáveis por agenciar a carreira do ex-lateral do São Paulo, Real Madrid e Seleção Brasileira Cicinho.

Leonel e Faleiros já trabalham juntos desde 2012, quando disputaram campeonatos sub-15 e sub-17 cedendo jogadores de Patrocínio Paulista ao Atlético Monte Azul. 

Em um desse torneios, surgiu o atacante Vitor Bueno, com passagens por Santos, São Paulo, Athletico-PR e que hoje está no Cerezo Osaka (Japão).

"Quando comecei com isso eu pensei: “se surge um moleque, o que eu faço?”. Antes tinha que pegar o menino e levar no Botafogo-SP, em Ribeirão Preto, por exemplo. Agora, nossa ideia é formar lá, o próprio clube vai ter o porcentual do menino e vai poder gerar benefícios para o próprio clube", disse Faleiros.

O estádio já está em reformas e, neste primeiro momento, deve ter 1.500 lugares, o que representa pouco mais de 10% da população de Patrocínio Paulista, estimada em 14.500 pessoas, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Depois, esse número deve subir para 4 mil.

"É um belo estádio, belo gramado, mas não tinha nada. Está tudo encaminhado, tudo atendendo às normativas da Federação Paulista para vestiário, arquibancada, estrutura. Nossa ideia é filiar na CBF para aproveitar e fazer tudo de uma vez só e ter a capacitação para clube formador, não só disputar o Paulista. Para ser clube formador tem que estar inscrito na CBF e tem as exigências para atender", disse Faleiros, que ainda informou que a FPF fará vistorias no local em janeiro.

Ainda segundo o gestor, os funcionários já estão contratados e a proposta é atender jogadores que possam surgir em outras cidades da região.

"A cidade não comportaria tudo, mas tem toda a região de Franca, Ribeirão Preto, Sul de Minas num raio de 100 km. Ali temos, com certeza, mais de 1 milhão de habitantes da região. A ideia é fazer a captação, por isso temos o alojamento e também teremos oportunidade 100% para os meninos da cidade. Já fizemos campeonatos na cidade para ir aquecendo. Já temos coordenador, técnico. Aproveitamos o pessoal da cidade, os ônibus, o hospital, atendimento médico, escola. Vamos fazer um trabalho realmente legal. Estamos fazendo seguro de vida e saúde para os jogadores. A ideia é que desde o primeiro dia que os meninos chegarem já tenham seguro. Eu só faria isso que estamos fazendo em Patrocínio. Não faria em outro lugar. É a nossa cidade, dos três irmãos, a família toda é de lá, minha mãe mora lá, minha sogra, minha mulher. Eles falam que eu fico empolgado quando falo do clube, e fico mesmo. Para mim, o dia mais feliz vai ser quando inaugurar e eu falar que vamos disputar o paulista da base", concluiu Faleiros.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário