sexta-feira, 31 de maio de 2024

Brasileiro no Borussia Dortmund

Ex-lateral de Atlético-MG e Cruzeiro tem vínculo vitalício com o Borussia Dortmund e cachê para rodar o mundo.

Campeão da Bundesliga pelo time alemão, Evanílson dá aulas de futevôlei em Belo Horizonte.

Aos 49 anos, Evanilson segue na ativa. 

Revelado pelo América-MG e com passagens por Atlético-MG e Cruzeiro, o ex-lateral aposentou do futebol profissional em 2012. 

Pouco tempo depois o futevôlei virou o trabalho diário do ex-jogador, que mora em Belo Horizonte. 

Mas não para por aí.

Nos mais de 20 anos de profissional, Evanilson marcou o nome na história do Borussia Dortmund. Campeão da Bundesliga de 2001/2002, o brasileiro ajudou a tirar o time alemão da fila dos títulos e, agora, tem vínculo vitalício fazendo parte do time das lendas.

"A gente tem as lendas que são vários jogadores e sempre tem convocação. A gente tem um contrato que renova a cada ano. No ano são cinco jogos. A gente revê os amigos de 1999 e 2000. Isso para mim é um fortalecimento muito grande".

Evanilson disputou a Champions pela equipe alemã no início dos anos 2000. 

Ele lembra que quando chegou ao Borussia, o time tinha vivido uma fase grandiosa, com o troféu da Champions e Mundial de Clubes de 1997, mas passou os anos seguintes em branco. 

O ex-lateral saiu do Cruzeiro em 1999 e se transferiu para o time alemão.

"Eu sai do Cruzeiro, participei da Seleção. Tive a primeira convocação quando eu estava no Cruzeiro. Recebi essa notícia pelo Levir Culpi. Vi aqueles craques, tive o prazer de estar com Aldair, Roberto Carlos, Rivaldo, Emerson. Durante essa situação, apareceu o Borussia. Foi muito rápido. Em 1999, fui para o Borussia, o Dedê já estava lá, o Júlio César já estava lá. Na temporada 2001/02 fomos campeões e aí abriu as portas. Para mim foi inexplicável. Não foi sorte, só eu sei o que passei para conquistar".

"Sou muito feliz e grato pelo o que o Borussia fez e faz por mim."

O Dortmund ficou quase seis anos sem conquistar a Bundesliga.

Nesse período, teve que acompanhar o Bayer de Munique ganhar quatro taças, sendo três consecutivas. Depois do grande ano de 1997, o Borussia desejava retomar ao topo, até para que a torcida fosse premiada por tanto fanatismo.

"Em Dortmund, vivem o Borussia. É camisa para todo canto. Não podia fazer nada de errado porque o torcedor ficava de olho. Lá eles são mais fiéis, mais fanáticos e mais respeitosos com os atletas".

Time das Lendas: Perto de ver o Borussia disputar uma final da Champions contra o Real Madrid, o ex-lateral também se prepara para uma partida vestindo a camisa do time alemão, quando vai reencontrar amigos.

"Vamos para os Estados Unidos. Eu, o Tinga, o Amoroso e Felipe Santana. A gente fica sempre em contato. O Amoroso mesmo é meu irmão. Quando ele foi para o Borussia, nos abraçamos e viramos irmãos".

O time das Lendas do Borussia Dortmund foi criado no fim da década passada, com o intuito de levar a tradição do clube europeu para o mundo. 

O Dortmund tem escolas de futebol espalhadas e está com o objetivo de criar novos pontos. 

Por isso, as Lendas promovem festa para divulgar o nome do clube.

"Dedê teve despedida, e eu fui convidado. Depois teve a despedida do goleiro Roman Weidenfeller e em seguida o Borussia começou a promover mais jogos para não perder o contato com a gente. O Borussia tem escolinha na Índia, Hong Kong, em outros lugares do mundo. Então onde tem, eles querem nos levar para estar juntos dos meninos. São muitos ex-atletas e aí tem a convocação dos jogadores que estão mais próximos do local do jogo. Hoje temos o contrato com eles, e todo ano tem cinco jogos".

São diversos atletas escolhidos, de gerações diversas. 

Os jogos costumam valer troféus e contar com outras equipes de grande nome.

"Os jogos normalmente são de 30 a 40 minutos, por causa da idade. Tem jogadores de 40 a 60 anos. Quando vai gente mais nova, é mais tempo".

Esse é mais do que uma diversão e um momento de festa. 

É também um trabalho. 

Os jogadores são remunerados para conseguirem se dedicar. 

Evanilson leva a sério e mantém o físico em dia para conseguir acompanhar os companheiros.

"Pra gente é bom demais. A gente se reúne de novo, relembra tudo que passamos e bom que tem sempre um dinheirinho. A galera paga € 5 mil (cerca de R$ 30 mil). Mas não é só o dinheiro. É a amizade, é representar o Borussia de novo, relembrar. Entrar no ônibus, hotel, concentrar. Hora do almoço, da janta, tudo certinho. Isso é bom demais! Quem tá bem fisicamente sempre vai sobressair".

"Enquanto eu tiver indo, vou treinar. Vou dar exemplo, vou postar para que uma pessoa ver uma postagem minha, com 49 anos, correndo 15km, possa se animar e ver que esporte é vida".

Final da Champions: Com a experiência em Champions League, Evanilson afirma que a missão do Borussia de vencer o Real Madrid, neste sábado (1º), 16 horas (horário de Brasília), não será fácil, mas que dentro de campo, depende apenas das próprias forças e de uma boa estratégia.

"A expectativa é boa. Tudo que está acontecendo com o Borussia hoje, apesar do time não ter ido bem na Bundesliga, está indo bem na Champions. Espero que o Borussia ganhe, porque é muito tempo. Eu vejo a dificuldade. O Borussia vai ter que jogar com inteligência e buscar o erro do Real. A Champions League é onde envolve os melhores e tem que estar muito concentrado".

Torcedor assíduo do time alemão, Evanílson tem a família na torcida para que o Dortmund quebre o jejum de 27 anos sem conquistar a orelhuda.

"Meu menino, o Ravi, desesperado. Ele já falou que temos que fazer um churrasco, pendurar as camisas que temos. Vamos estar em Londres. Todo dia o Ravi coloca a camisa do Borussia Dortmund, tudo é preto e amarelo. Ele fica doido quando tem mosaico".

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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