quinta-feira, 23 de julho de 2020

Bom, mas não muito

Corinthians fecha primeiro semestre de 2020 no azul, mas dívida aumenta e vai a R$ 902 milhões.

Timão consegue resultado positivo turbinado por R$ 142 milhões em vendas de jogadores.
Andrés Sanchez tem mandato como presidente do Corinthians até o fim do ano — Foto: Daniel Augusto Junior/Agência Corinthians)
O Corinthians fechou os primeiros seis meses de 2020 com saldo positivo em suas contas. 

O balancete financeiro do semestre divulgado nesta quinta-feira apresenta superávit de R$ 4,39 milhões.

O resultado é melhor do que o projetado no orçamento do ano, que previa um déficit de R$ 12 milhões até junho, e bem superior ao obtido no mesmo período de 2019, quando houve prejuízo de R$ 94 milhões.

Porém, a dívida do Corinthians subiu 35% em relação ao fim do ano passado, saltando de R$ 665 milhões para R$ 902 milhões. 

O Timão adota critérios diferentes do globo esporte e considera a dívida como sendo de R$ 904 milhões. 

Esse montante não engloba o financiamento da Arena.

O clube atribui esse aumento do endividamento à contratação de atletas, como o meia Luan e o volante Victor Cantillo, e os problemas causados pela pandemia do novo coronavírus.

Já principal motivo para o superávit foram as vendas realizadas pelo clube na temporada, que somam R$ 142 milhões (o valor inclui também valores recebidos via mecanismo de solidariedade) .

O Timão negociou André Luis, Clayson, Júnior Urso e Pedrinho, além de fatias dos direitos de Claudinho e Gustagol. 

Os quase R$ 9 milhões que o Athletico-PR pagará pela compra de Pedro Henrique e pelo empréstimo de Richard não entraram no balancete, já que as transferências foram fechadas em julho.

Além disso, o Timão cortou uma série de custos por conta da pandemia do novo coronavírus. 

Funcionários sofreram redução salarial de até 70%, ajudas de custos de atletas foram suspensas e equipes de algumas modalidades, como o basquete, foram encerradas.

Apesar do primeiro semestre no azul, a situação econômica do Corinthians ainda é complicada. 

O clube deve dois meses de salário ao elenco e corre para pagar dívidas ainda neste mês, como a parcela da compra de Cantillo ao Junior Barranquilla. Também segue lidando com uma série de cobranças e bloqueios judiciais.

A paralisação no futebol aumentou as dificuldades, com quedas nas receitas de Fiel Torcedor, direitos de TV e patrocinadores.

Uma das dívidas do Corinthians que mais aumentou no primeiro semestre foi a com direitos de imagem dos atletas. 

Ela era de R$ 48 milhões e mais do que dobrou, chegando a R$ 116 milhões.

O balancete apresenta uma dívida de curto prazo de R$ 549,9 milhões. 

Para efeito de comparação, o faturamento do clube em toda a temporada passada foi de R$ 353 milhões.

Em entrevista na semana passada, o gerente financeiro do clube, Roberto Gavioli, informou que alguns destes débitos estão sendo renegociados.

"Estamos fazendo um trabalho de redução de custos. Também uma preocupação em relação aos passivos. Agora em junho fizemos uma renegociação de alguns passivos. Um deles relevante: obrigações fiscais que reparcelamos com a Receita Federal. É um alongamento de dívida. São R$ 100 milhões do passivo de curto prazo que foram alongados para administrar adequadamente ao longo de geração de receitas. É um dos elementos que permitem que o Corinthians produza recursos para cumprir compromissos", comentou.

Já a dívida de longo prazo se concentra nos tributos parcelados pelo Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro). 

O clube tem R$ 312 milhões a pagar até 2035.

Em 2019, o Corinthians apresentou déficit de R$ 177 milhões. 

Segundo o Conselho Fiscal do clube, o valor foi ainda maior: R$ 195,4 milhões. 

O órgão alega que houve omissão de cobranças judiciais nas quais não cabem mais recursos.

Confira o link das receitas do Corinthians-SP:


Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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