sexta-feira, 26 de junho de 2020

Resposta do Autuori

Autuori, do Botafogo, protesta após suspensão: "Dei voz ao que muita gente gostaria de falar".

Treinador foi suspenso por 15 dias pelo TJD-RJ (Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro) por críticas à FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro). 
Treinador voltou a criticar gestão do futebol carioca. (Foto: Reprodução)
Cabe recurso ao departamento jurídico do clube, mas treinador avisa à diretoria que não quer briga jurídica.

Após ser suspenso por 15 dias pelo TJD-RJ por críticas à FERJ, Paulo Autuori, treinador do Botafogo, afirmou em entrevista ao GloboEsporte.com, que não se surpreende pela decisão e exaltou a importância da "liberdade de expressão"

"Sem surpresa. Apenas corrobora aquilo que eu pude falar. Dei voz ao que muita gente gostaria de falar e por questões óbvias não falam. Não tenho nenhuma dificuldade de ser suspenso por apenas expressei as minhas opiniões. Se olhar para o mundo e o próprio Brasil em relação ao futebol, fico perfeitamente tranquilo".

"A coisa mais linda do mundo é a liberdade de expressão. Muita gente sofreu por ter expressado sua opinião no passado. E a gente tem que lutar para que isso nunca mais ocorra".

A decisão liminar saiu na tarde desta sexta-feira (26), após críticas do treinador à FERJ e ao presidente da entidade, Rubens Lopes, em entrevista ao jornal "O Globo". 

Autuori pede uma reflexão sobre o histórico da federação e afirma ter podido expressar suas opiniões em todos os países que trabalhou.

Ainda cabe recurso ao departamento jurídico do Botafogo. 

Apesar disso, o treinador afirma que prefere se sacrificar a prejudicar o clube e pedirá ao Botafogo para não recorrer. 

Mesmo assim, o clube afirmou em nota que "não vai medir esforços para defender o seu treinador".

"Vou pedir para o Botafogo não recorrer. Prefiro me sacrificar do que prejudicar o clube, a instituição. Já manifestei isso para o presidente. Mas, nunca vou deixar de expressar aquilo que eu penso. Até porque tenho parâmetros para isso, vivi em outros lugares".

Mais críticas à FERJ: "Espero que as pessoas reflitam, olhem para trás, possam até ver algumas reportagens que foram feitas em relação à entidade. Estou com 64 anos e 45 dentro do futebol. Não gosto de fazer papel de bobo. Futebol se joga e se ganha dentro de campo. E ganhando ou perdendo, é preciso ter a mesma postura. Tenho uma imagem que me dá muito orgulho em todos os países que passei. E em todos pude expressar as minhas opiniões e não passei o que passei aqui no meu país".

Comparação com a Federação Paulista de Futebol: "Na federação paulista, estava em outra função em um clube e eles nos chamaram para nos ouvir, a todos os profissionais. É isso o que uma federação deve fazer. Minha luta é para salvaguardar a integridade física dos jogadores. É desumano voltar uma competição com oito dias de trabalho".

Liberdade de expressão: "Temos que lutar para preservar. Tem pessoas que podem não concordar com aquilo que eu falo, mas eu vou defender até a morte até que as pessoas falem o que eu não concordo. Não há crescimento sem contraditório", seguiu o treinador.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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