A chave para movimentar os Grandes Prêmios da Fórmula 1: as corridas classificatórias.
Disputas seriam mais frequentes tanto na corrida de sábado quanto na de domingo. (Foto: Mark Thompson/Getty Images) |
FIA (Federação Internacional de Automobilismo) propõe a substituição do qualifying de sábado nas rodadas duplas causadas pela pandemia.
Às vezes, as melhores soluções para problemas surgem em época de crise.
Exatamente o que a pandemia da Covid-19 está provocando na Fórmula 1.
Sem a possibilidade de seguir o calendário original de 22 Grandes Prêmios anunciado no ano passado, a categoria teve de se mexer para fazer corridas em fins de semana seguidos.
A primeira rodada dupla seria justamente em Spielberg, na Áustria, nos dias 5 e 12 de julho.
E para movimentar a segunda prova no mesmo circuito, a FIA propôs corridas classificatórias com 100 quilômetros de distância (1/3 do normal) para determinar a largada de domingo.
E a entidade foi além: o grid dessa prova seria invertido, ou seja, com os melhores largando nas últimas posições, ideia que já foi rechaçada pela Mercedes.
Sou muito a favor das corridas classificatórias e vou explicar neste texto o porquê.
Sobre o grid invertido, pode ser uma ousadia muito grande em uma categoria tão conservadora como a Fórmula 1.
Poderia ser uma boa ideia para embaralhar o cenário das provas de domingo?
Claro que sim.
Mas tenho medo de um boicote das equipes, em caso de algo dar errado para uma das principais.
Mais ou menos como aconteceu com a classificação em formato eliminatório, que era interessante, mas acabou abandonado após uma tentativa apenas, no Grande Prêmio da Austrália de 2016.
Naquela ocasião, era fácil fazer dar certo: dar jogos de pneus extras, com obrigatoriedade de uso, para os times no Q2 e no Q3. Ideia simples e que traria uma pimenta para as sessões.
Mas não foi o que vimos.
Fim de semana ganharia em importância: Para mim, a ideia de fazer uma corrida classificatória no sábado seria a forma ideal de revitalizar os fins de semana de Grandes Prêmios.
Simplesmente porque hoje a sexta-feira não tem atrativos para os fãs.
Os dois treinos livres com duração de uma hora e meia cada são pouco movimentados e valem muito pouco para o resultado da corrida.
A Fórmula 1 tenta já há alguns anos arrumar uma solução para movimentar os três dias de atividades.
Até agora, sem sucesso.
A ideia de fazer uma corrida classificatória no atual horário do treino classificatório poderia ser a solução ideal.
Feita da forma correta, poderia causar uma reengenharia da sequência de atividades nos fins de semana.
Na minha opinião, o ideal seria fazer um treino livre de duas horas na manhã de sexta, para que pilotos e equipes tivessem chances de acertar seus carros.
O treino classificatório com o formato atual, Q1, Q2 e Q3, seria realizado na sexta à tarde, para definir o grid da corrida de 100 km do sábado.
Seria uma sexta muito mais movimentada.
A programação de sábado começaria com o atual treino livre de uma hora de duração, que funcionaria como uma espécie de warm up para a corrida classificatória.
A sessão ganharia em importância, já que o resultado implicaria em mais chances de sucesso na prova curta e também seria o começo de uma boa prova no domingo.
Medidas que serviriam para valorizar os fins de semana para os fãs da Fórmula 1 e também para tirar as equipes da zona de conforto atual.
Corrida curta: chances para as zebras?
A adoção de uma corrida classificatória mais curta, em um formato parecido com o da sprint race da Fórmula 2, poderia dar chances para zebras aparecerem.
Mas tudo vai depender do regulamento a ser adotado pela Fórmula 1 nesse caso.
Se a categoria optar por um caminho conservador, dificilmente teremos alguma influência na ordem de forças das equipes.
Regras mais ousadas, porém, poderiam incentivar equipes médias e pequenas a tentarem aparecer de alguma forma.
E como fazer isso?
Se dependesse de mim, as corridas não teriam pit stops obrigatórios.
Seriam no clássico formato de sprint: da largada à chegada com aceleração plena.
Outra medida: obrigar o uso sempre do pneu mais macio disponível no fim de semana, para que os pilotos tenham de lidar com o desgaste mais pronunciado nas voltas finais dessas corridas mais curtas.
Por fim, essas provas de 100 km de duração teriam de abandonar a limitação do fluxo de combustível: dar mais desempenho aos carros para incentivar disputas e agradar aos fãs.
A cereja do bolo?
Atribuir uma pontuação, menor que a corrida de domingo, para os seis primeiros colocados desta corrida de sábado.
Seria uma forma de incentivar os times a darem tudo na pista.
Corrida classificatória: conclusão: A Fórmula 1 é a grande referência mundial em termos de categorias no automobilismo.
Mas, em alguns momentos, a organização da categoria precisa pensar em melhorar o show para agregar valor ao espetáculo esportivo.
E acho que a adoção de uma corrida classificatória aos sábados poderia, sem dúvidas, melhorar o show dos fins de semana.
Reportagem: Globoesporte.globo.com/Voandobaixo
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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