quinta-feira, 23 de abril de 2020

A base pode salvar!!!

Diretor do Atlético com passagem pela Juventus de Turim garante: "Divisões de base vão salvar o futebol". 
Júnior Chávare, diretor das categorias de base do Atlético-MG. (Foto: Guilherme Frossard)
Júnior Chávare começou trabalho da base do Grêmio que revelou Éverton Cebolinha e no São Paulo, no início de Antony. 

No Atlético, ele julga que jovens do Brasil vão ajudar a sair da crise.

Júnior Chávare tem 53 anos e há 25 trabalha com formação de jogadores. 

Foi do Rio Branco de Americana, vice-campeão da Copa São Paulo, Internacional de Limeira, Ponte Preta e, de Campinas, rumou para a Juventus da Itália. 

Trabalhou como scout, observador para a América Latina. 

Saiu de lá em 2012, antes do início da hegemonia do futebol italiano, para começar o trabalho de formação do Grêmio que ajudou a levar ao título da Libertadores de 2017.

No São Paulo, passou pouco tempo, junto com André Jardine e foi contratado pelo Atlético, há um ano, para repetir em Belo Horizonte um pouco do projeto gremista. 

Garante que o trabalho de formação de jogadores do Brasil melhorou muito e que é isto o que vai salvar o futebol brasileiro depois da crise do coronavírus.

PVC: Você começou onde?

JÚNIOR CHÁVARE: No Rio Branco. Lá, eu era gerente de informática, mas foi um tempo em que começamos a montar uma estrutura muito boa. 

Na segunda metade dos anos 1990, não revelamos tanto, como antes. 

O Rio Branco lançou Flávio Conceição, Marcos Assunção, Alexandre, Macedo... 

Mesmo sem revelar tanto quanto antes, foi a base que deu sustentação para o Rio Branco permanecer na primeira divisão de 1990 até 2017.

PVC: A experiência da base num time do interior serve para entender o momento de agora? 

Você acha que quem tiver base vai sair da crise mais rapidamente?

JÚNIOR CHÁVARE: Não tenho a menor dúvida. 

Quem já tem o trabalho estruturado nas divisões de base vai ter um caminho com muito menos dificuldade.

PVC: Quais clubes podem ter este sucesso?

JÚNIOR CHÁVARE: Ah, eu diria que o Flamengo, o Grêmio... 

O Santos pela sua história... 

O Palmeiras. 

E o Atlético, onde nós estamos fazendo o trabalho há um ano. 

Ah, e também o São Paulo, que tem uma estrutura muito bem montada há muito tempo. 

Mas, veja, os departamentos de formação de jogadores podem ajudar muito mesmo a quem não está neste momento no topo. 

Eu diria que o Goiás tem um trabalho que pode oferecer dois ou três grandes jogadores. 

O Ceará também tem. Isso vai ajudar muito, porque o dinheiro não vai sobrar.

PVC: Como você encontrou o Atlético?

JÚNIOR CHÁVARE: Estou aqui há um ano. 

Encontramos uma estrutura física privilegiada. 

O departamento muito bem montado. 

O que montamos foi a maneira de captar. 

Eu diria que o Atlético tinha um comportamento passivo na captação, na descoberta de jogadores. Esperava os jogadores que chegavam. 

Neste ano, observamos 4 mil jogadores do Brasil inteiro, em todos os estados. 

Nem que seja avaliação à distância, nós procuramos os bons valores. 

Trouxemos 70 jogadores para a Cidade do Galo e não aumentamos o número de atletas. Substituímos. 

Sem focar nas conquistas. 

Claro que são importantes, mas tem de ser conseqüência.

Se você formar bem, seu time vai ganhar.

PVC: Como foi seu trabalho na Juventus de Turim?

JÚNIOR CHÁVARE: Aprendi a ter obsessão pela qualidade.

É isso que eles fazem. 

Dão as melhores condições para o trabalho que se está fazendo. 

Eu era scout para a América do Sul. 

Não colocamos nenhum jogador no time de cima, naquela época, em que a Juve tinha Felipe Melo e Diego. 

Também não era o período em que a Juventus tivesse a supremacia que tem hoje. 

Mas pode ter certeza que o sucesso de hoje está baseado no que eles fizeram naquela época.

PVC: Como você avalia hoje o trabalho de formação feito no Brasil?

JÚNIOR CHÁVARE: Nós melhoramos muito. 

Não só nas estruturas físicas. 

Hoje todo mundo tem centro de treinamento, departamentos médicos e de fisiologia bem montados. 

Eu costumo dizer sempre que é trabalho de formação. 

Porque os clubes têm apoio psicológico, nutricional e o Brasil descobre muitos jogadores. 

A gente percebe isto quando os times viajam para a Europa. 

Grêmio, Palmeiras... 

Os clubes brasileiros têm resultados muito expressivos no exterior, porque a formação é bem feita. 

O nosso problema crônico, nevrálgico, é a transição. 

O momento de sair das divisões de base e chegar ao time profissional. 

Este é o grande ponto.

PVC: É preciso menos pressão e mais paciência?

JÚNIOR CHÁVARE: Ter convicção de fazer. 

Ter foco. 

Hoje as torcidas mostram mais paciência com um jogador formado dentro do clube do que no passado. 

Mas pode apostar que, se Brasil não voltar a ganhar uma Copa do Mundo, não será por falta de jogador.

Reportagem: Blog do PVC

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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