Torcedora do Racing fotografada sangrando no alambrado explica emoção: "Queria voar".
Imagem de jovem ensanguentada em comemoração contra o Corinthians viralizou na internet.
Conheça a história dela.
Diante da catarse, nem o arame farpado intimidou Marianela Cagni. Logo depois do apito que selou a classificação do Racing para a final da Copa Sul-Americana, a torcedora se notabilizou por uma comemoração incomum no El Cilindro.
Boquiabertos, fotógrafos registravam a cena, digna de filme.
Por segundos de descompasso entre impulso e razão, a jovem de 21 anos foi projetada à fama repentina na internet e ganhou as telas ao redor do mundo.
Ela chegou a figurar entre os assuntos mais comentados no X (antigo Twitter).
"Eu estava tão emocionada. Tudo que eu queria era ser um pássaro e voar para conseguir ver tudo que acontecia no Cilindro. E já que eu não posso voar, subi no alambrado", comentou Marianela Cagni, torcedora do Racing que viralizou ao subir em alambrado.
"Por alguns segundos, pouco me importavam os cortes, os machucados. Esqueci o medo. Vivi meu maior momento como torcedora", explicou a torcedora em entrevista ao Globo Esporte.
Auxiliar de serviços gerais na mega loja do clube, em Avellaneda, Mari herdou do padrinho Sérgio, em 2010, o fanatismo pelo Racing.
O amor pelo clube é o que nutre a esperança por dias felizes diante da complexidade e dos dissabores da vida.
"Não importa quantos problemas eu tenha. Preciso de algo que me motive a continuar, certo? E bem, minha terapia é o Racing. Eu me desconecto de tudo quando tenho que ver o Racing", disse.
O jogo contra o Corinthians, quinta-feira (31), contou com ingredientes especiais.
A possibilidade de chegar à final inédita da Copa Sul-Americana mobilizou a torcida.
O espetáculo visto no estádio foi anunciado e preparado com antecedência.
O empate em São Paulo, na semana anterior, alimentou a expectativa de classificação diante de um adversário considerado “mais rico”.
No dia do jogo, naturalmente, Mari não relaxou até chegar aos arredores do Cilindro.
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"Meus nervos estavam à flor da pele. Contei as horas. Queria ir logo para minha segunda casa. Não chorei somente quando subi no alambrado. Me emocionei com a chegada do ônibus da delegação, chorei ao entrar no estádio, durante o jogo. Foi tudo impressionante aquele dia. Aquela noite, eu senti a magia no ar", relatou Marianela.
Quando Juan Quintero conduziu a virada-relâmpago no fim da primeira etapa, ela viu o sonho ganhar forma.
A primeira final internacional que assistiria como torcedora se materializava à medida que os segundos passavam.
O apito derradeiro do chileno Felipe González foi um convite ao desatino.
O Racing voltará a disputar uma final fora da Argentina depois de 32 anos.
Yuri Laurindo, fotógrafo brasileiro responsável pelo registro viral, conta que chegou a ficar alguns minutos imóvel, sem reação.
"Quando vi aquela imagem, primeiro entrei em êxtase. Num primeiro momento, sequer consegui apertar o botão da câmera", contou ao Globo Esporte.
Ele acredita que a repercussão da imagem deve-se, também, à sensibilidade de conseguir transmitir exatamente a emoção que sentiu.
"Eu consegui passar para as pessoas o que eu vi, o que aquela cena me despertou naquele momento. Era algo impressionante. Mas eu não fazia ideia que tomaria essa proporção", completou.
A grande projeção alcançada pela foto despertou reações diversas.
Apesar de colecionar muitos elogios pela coragem e plasticidade do clique, o comportamento da torcedora também causou incômodo.
De forma geral, as alegações eram “mau-exemplo, tentativa de aparecer e risco desnecessário”.
"Por mais que doa, tento não dar importância a esses comentários. Eles ficam em segundo plano. Eu não posso por ser mulher? Não. Como você viu, eu posso, sim", desabafou.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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