CEO do Botafogo responde a Landim e compara fluxo de contratação a financiamento imobiliário.
Em evento da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), dirigente explica planejamento do grupo Eagle e vê apoio do torcedor alvinegro: “Precisava de uma injeção de ânimo”.
Em participação em painel sobre redes multiclubes no Summit CBF, evento promovido em São Paulo pela entidade máxima do futebol brasileiro, o CEO do Botafogo, Thairo Arruda, comparou o modelo de contratação alvinegro ao financiamento imobiliário de pessoa comum.
Horas antes do jogo decisivo do Campeonato Brasileiro contra o Palmeiras, no estádio palmeirense, Thairo aproveitou para responder a entrevista recente do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, que defendeu o Fair Play financeiro para evitar casos como do Botafogo, que, nas palavras do rubro-negro, gasta mais do que arrecada.
"O presidente Landim falou que a receita do Botafogo é de R$ 400 milhões e disse: “Como ele consegue ir ao mercado e gastar R$ 600 milhões? Não pode”. Vou dar um exemplo, até fazer uma analogia bem interessante. Imagina um profissional qualquer que ganha R$ 20 mil por mês. Ao longo do ano, o salário é de R$ 240 mil. Só que eu vou lá e vou comprar um apartamento de R$ 500 mil. Eu paguei R$ 100 mil à vista, os 20% do apartamento e financiei R$ 400 mil daquele apartamento. Esse financiamento no banco tradicional vai me dar lá um custo de R$ 4 mil por mês. Então com o meu salário de R$ 20 mil por mês, eu gasto R$ 4 mil por mês, pago o financiamento do meu imóvel. Só que daqui a 3, 4 anos eu já não ganho mais R$ 20 mil, eu posso ganhar R$ 30 mil ou R$ 40 mil. Então eu vou lá e posso inclusive vender esse apartamento que eu comprei pra comprar um melhor. Ou do outro lado, se eu pego meu emprego, por exemplo, e já não ganho mais 50 mil por mês, eu posso vender aquele apartamento que eu comprei porque ele é um ativo. Então essa é a forma que a gente faz", explicou Thairo, reforçando que era era uma resposta “ao meu querido presidente Landim”.
"Ele está dizendo que o profissional que ganha R$ 240 mil não pode gastar 600 mil, pelo apartamento que assumiu. Ora, mas existe financiamento para isso. É para a gente conseguir ter um custo de pagamento e conseguir honrar com esses compromissos. Por que eu estou fazendo essa analogia? Porque o fair play financeiro é fundamental de se implementar no Brasil, mas não dessa forma. A forma correta de implementar o fair play financeiro é controlar o pagamento. Ora, se ele comprou um apartamento, ele está pagando direitinho, ele está pagando em dia, então está tudo bem. A gente não precisa controlar o quanto que ele pode gastar. Mas sim a capacidade da pessoa de pagar aqueles compromissos assumidos".
Thairo lembrou também entrevista recente da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que sugeriu Fair Play financeiro “light”.
"Eu acho que é isso que ela quis dizer, de a gente controlar o pagamento das obrigações. E isso tem muito a ver com o nosso tema, porque chegou à tona esse tema do fair play financeiro novamente, justamente, pelo Botafogo ter ido ao mercado da forma que foi", afirmou.
Com referência ao passado recente do Botafogo antes da SAF (Sociedade Anônima do Futebol), o CEO também disse que o torcedor entende e apoia as mudanças promovidas.
Citando o investimento em departamento de scout como um dos principais da transformação do Alvinegro.
"O torcedor queria mudança. E não mudança cultural assim, isso é imutável, numa história de um clube que tem 100 anos, mas mudança de comportamento. Nosso torcedor precisava de uma injeção de ânimo, de uma forma diferente de ver o clube, de sentir o clube. E a gente está entregando isso para eles. Os torcedores mesmos entendem que os últimos 30 anos foram 30 anos horríveis, têm um sentimento ruim", disse Thairo Arruda.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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