Em excursão com o Santos pela África, presença do Rei provocou um cessar-fogo na guerra civil de Biafra, na Nigéria.
Além dos gols, títulos e momentos eternizados na história, Pelé protagonizou diversos outros feitos históricos no futebol.
Um deles foi o fato de ter parado uma guerra na África nos anos 1960, uma narrativa envolvida em mitos, mas que virou, inclusive, música da torcida do Santos.
Em 1969, o Santos viajou para uma excursão pelo continente africano.
Na época, a Nigéria passava por uma guerra civil, com a região de Biafra tentando a independência.
O conflito colocou em lados opostos dois grupos étnicos do país: os igbo e os hausa, que dominavam o governo naquele momento.
"Um dos meus grandes orgulhos foi ter parado uma guerra na Nigéria, em 1969, em uma das várias excursões que o Santos fez pelo mundo. Nós tínhamos um amistoso marcada na Cidade de Benin, que estava no meio de uma Guerra Civil. Só que o Santos era tão amado que as partes aceitaram um cessar-fogo no dia da partida. Ficou conhecido como o "Dia em que o Santos parou a guerra", contou Pelé nas redes sociais, em post em 2020.
Originalmente, o itinerário do Santos pela África na previa aquela partida.
O convite chegou para enfrentar uma seleção local na Cidade do Benin, estrategicamente localizada entre a capital Lagos e o estado de Biafra. Para tranquilizar os santistas, houve a promessa de que haveria um cessar-fogo enquanto a delegação do Peixe estivesse na região.
"Lembro bem que o empresário falou que alguns países que gostariam de nos ver jogando estavam em guerra. Mas ele conversou com as autoridades e fizeram uma trégua nos combates", contou Edu, em entrevista à "Gazeta Esportiva".
Mito ou realidade?
A Guerra de Biafra durou entre 1967 e 1970, com um total de 2 milhões de civis mortos, além de 4,5 milhões deslocados de suas próprias casas.
No fim, Biafra não conseguiu a separação e foi reintegrada à Nigéria.
A história do jogo do Santos, porém, nunca foi confirmada oficialmente.
O site oficial do Peixe afirma que, no dia 4 de fevereiro de 1969, o governador local decretou feriado e liberou uma ponte para que os biafrenses também pudessem assistir ao jogo, que terminou com vitória por 2 a 1 do Santos para um público de cerca de 25 mil pessoas, com gols de Toninho Guerreiro e Edu.
Entretanto, um blogueiro nigeriano, chamado Oloajo Ayegbayo, tentou reconstituir o episódio ao recorrer a jornais locais da época, mas não achou menção alguma ao cessar-fogo.
De acordo com Ayegbayo, era costume que as hostilidades fossem interrompidas durante jogos de futebol, não necessariamente por conta da presença do Santos.
Em sua autobiografia, Pelé fez rápida menção ao episódio e afirmou que os nigerianos se certificaram de que os biafrenses não invadissem Lagos enquanto o Santos estivesse na cidade.
História eternizada pela torcida do Santos
Depois de 53 anos, a realidade ganhou contornos de mito.
Nada que diminua o feito.
Nas arquibancadas, o episódio virou música para a torcida do Santos, que canta que "Só o Santos parou a guerra".
Graças a Pelé.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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