terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Brigas judiciais

Clubes de futebol enfrentaram polêmicas e ações judiciais nos esports em 2022.

Corinthians, Flamengo, Cruzeiro e Santos tiveram problemas em seus times de esportes eletrônicos nesta temporada; entenda cada caso.

Clubes de futebol com participação nos esportes eletrônicos tiveram uma temporada 2022 cheia de polêmicas, com atrasos de salários, problemas de infraestrutura, resultados ruins e ações judiciais. 

Os acontecimentos de 2022, envolvendo Corinthians, Flamengo, Cruzeiro e Santos, ainda resultaram em rescisões entre as diretorias dos clubes e as empresas licenciadas para operar as equipes de esports.

Cruzeiro: Em um dos casos de maior repercussão deste ano, o Globo Esporte revelou, em junho, que o Cruzeiro Esports estava devendo de três a cinco meses de salários para jogadores, treinadores e outros funcionários, o que resultou na debandada de integrantes de times de todas as modalidades e na abertura de processos na Justiça do Trabalho, parte deles ainda em andamento.

O projeto de esports do clube mineiro vinha sendo administrado pela empresa 7W Play, do empresário Felipe Rossetto de Carvalho. 

Não só a 7W, como o Cruzeiro também passou a ser acionado judicialmente.

O caso mais sério envolveu o time de Wild Rift: sem pagamentos e sentindo-se abandonados, os atletas consideraram interromper a participação no Wild Tour Brasil, o campeonato oficial do jogo, enquanto o diretor do projeto, Pedro Mendes Cabreira, teve de desembolsar mais de R$ 25 mil para arcar com despesas não bancadas nem reembolsadas pela 7W.

Na reta final do Wild Tour Brasil, o time ainda lidou com uma situação desagradável na casa destinada para hospedagem dos jogadores. 

Larvas começaram a aparecer na área de serviço e na cozinha. 

Inicialmente, os bichos surgiram no saco de lixo deixado de um dia para o outro no local. 

Quando os integrantes do time foram fazer a limpeza, as larvas passaram a sair, ao longo de quatro dias, de diferentes partes dos dois cômodos. 

No dia seguinte ao cessamento das larvas, a casa começou a ser tomada por enorme quantidade de moscas.

Em uma live na internet no mesmo dia da publicação da reportagem do Globo Esporte, Ronaldo Fenômeno, dono de 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro, disse que o clube estava analisando o contrato com a 7W. 

De lá para cá, porém, nem Ronaldo nem o Cruzeiro voltaram a se manifestar sobre a situação do clube nos esports.

Corinthians: A 7W era a mesma empresa que administrava o time de eFootball do Corinthians e, assim como no Cruzeiro, deixou jogadores sem salários e descumpriu promessas.

Dos cinco atletas que chegaram a fazer parte do Corinthians durante o eGol Pro, um dos principais campeonatos de eFootball do Brasil, realizado em 2021, dois já tinham saído, mas os três que continuavam na equipe na época da publicação da reportagem do Globo Esporte, em junho, viviam uma fase de indefinição sobre o futuro em meio à crise da 7W.

O Corinthians informou que rescindiria o contrato com a 7W e assumiria o comando do time de eFootball.

Em julho, o Corinthians mudou a empresa gestora do time de Free Fire e das outras modalidades, incluindo eFootball. 

A Nomad eSports, que havia assumido a equipe em janeiro deste ano, em substituição à companhia norte-americana Immortals Gaming Club (IGC), saiu e deu lugar à CDS.

Conforme apurado pelo Globo Esporte naquela época, a Nomad não teve o retorno financeiro esperado para o investimento realizado, desistiu do projeto e pediu para rescindir o contrato.

Contudo, a nova administradora, a CDS, teve problemas e chegou a atrasar salários para o time de Free Fire, deixando também de prover locais de hospedagem e treinamento e equipamentos adequados para os integrantes do elenco.

Na oitava edição da Liga Brasileira (LBFF), o Corinthians ficou na décima terceira colocação da fase classificatória, dentre 18 times participantes, e não se classificou para a final pela primeira vez na história da competição. 

O Timão já foi campeão mundial da modalidade, em 2019, quando a IGC era a gestora.

Em novembro, a equipe de eFootball do Corinthians conquistou o título do eGol Copa 2022 com uma vitória sobre o Flamengo na decisão.

Flamengo: O ano de 2022 ficou marcado com o último do Flamengo sendo representado no Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL), um dos mais importantes torneios de esports do Brasil, do qual o Rubro-Negro fazia parte desde 2018. 

O Flamengo chegou a ser campeão do CBLOL em 2019, na terceira final consecutiva da qual participava desde a promoção da segunda divisão para a elite.

Dona da vaga do Flamengo na franquia do CBLOL, iniciada em 2021, a empresa norte-americana Simplicity Esports vendeu o posto para a Los Grandes. 

No segundo Split do CBLOL, a equipe ainda se chamou Flamengo Los Grandes e tinha as cores, o uniforme e os emblemas do Rubro-Negro, mas, a partir da próxima temporada, passará a se chamar só Los Grandes.

O movimento da Los Grandes de assumir logo o time nesta temporada ocorreu depois de o jogador do elenco academy do Flamengo, Leonardo "Lynkez", ao ser demitido, denunciar problemas de infraestrutura na gaming house (casa onde os atletas moram) e no gaming office (centro de treinamento).

A saída da Simplicity, que havia assumido a operação do Flamengo em 2020 e vinha sendo muito criticada pela comunidade pela gestão ruim, aconteceu depois da equipe montada para o primeiro Split de 2022 ter realizado a pior campanha da história do Rubro-Negro no CBLOL: nono colocação na tabela, com cinco vitórias e 13 derrotas.

Fora do CBLOL, o Flamengo continua representado em outras modalidades de esports, por meio de uma parceria com a equipe Medellin. 

O Flamengo Medellin tem times de Free Fire, Valorant e, anunciado mais recentemente, CS:GO, mas fora das principais competições do país.

Santos: O Santos também enfrentou uma enxurrada de reclamações sobre atrasos de salários, irregularidades trabalhistas e problemas de infraestrutura, que resultaram em cobranças na Justiça.

O Globo Esporte mostrou, em fevereiro, que atletas de diversas modalidades, streamers e outros profissionais tinham uma série de queixas contra a Select, a empresa responsável por administrar a divisão de esports do Peixe. 

Os problemas, principalmente os rotineiros atrasos de salários, mancharam a imagem da equipe nos bastidores.

Em abril, o Santos rescindiu o contrato com a Select e entrou na Justiça contra a empresa, alegando descumprimento de cláusulas do contrato de licenciamento de marca. 

Entre as irregularidades apontadas pelo Santos estão o não pagamento de royalties, a não apresentação de relatórios, a comercialização de vagas em campeonatos, como a LBFF, sem o conhecimento do clube e os danos à imagem da instituição por conta de processos trabalhistas.

O processo, usado pelo clube paulista para cobrar documentos sobre a administração de esports da Select, segue em andamento.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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