sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Ousadia FC

Conheça o time de brasileiros que faz sucesso na última divisão espanhola.

Criado pelo influenciador e jogador "Queixinho", o time mais brasileiro da Espanha tem 100% de aproveitamento e já recebeu mensagem de jogadores: "Douglas Costa pediu pra separar a camisa".

"Qual o seu sonho? Ser jogador de futebol". 

Se você é brasileiro, certamente já ouviu essa frase. 

O país do futebol é repleto de jovens com vontade de viver do esporte. 

Um deles foi além e criou sua própria equipe de futebol na Espanha. 

O Ousadia FC disputa a última divisão regional, usa somente atletas brasileiros e faz sucesso nas redes sociais, contando com mais seguidores do que nove times de La Liga.

O Globo Esporte conversou com Edivando Júnior, mais conhecido como "Queixinho", idealizador e jogador do Ousadia FC. 

A equipe ganhou destaque nas redes sociais por compartilhar o dia a dia na Quarta Catalã, última prateleira do futebol espanhol.

Nascido na Vila Cruzeiro, comunidade que compõe o Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Queixinho, era mais um jovem brasileiro que tinha o sonho de ser jogador de futebol. 

Depois de tentativas frustradas na adolescência, o carioca decidiu fazer vídeos para a internet, sem saber que isso daria a oportunidade para, no futuro, realizar seu sonho.

Após um ano produzindo vídeos, Queixinho acumulava mais de um milhão de seguidores nas redes sociais. 

Um convite para jogar futebol na Albânia surgiu quando o influenciador achava que o sonho de ser jogador de futebol já estava fadado ao fracasso. 

No país europeu, o agora jogador documentava seu cotidiano nas redes e via a difícil realidade.

"Nosso banheiro não tinha vaso, a gente comia resto de carne com um pouco de arroz, nosso banheiro não tinha água quente no inverno rigoroso... Foi uma fase da minha vida que eu vi o que realmente era o futebol e se eu quisesse ser jogador de futebol eu teria que passar por aquilo ali. Então eu escolhi enfrentar aquilo", apontou.

Depois de jogar na Albânia, Queixinho se transferiu para o Guineueta, equipe de Barcelona. 

O jogador ficou apenas dois meses na equipe e saiu, após desentendimento com o treinador. 

Em busca uma nova oportunidade no futebol, Queixinho decidiu criar seu próprio time. 

Foi assim que surgiu o time mais brazuca da Espanha: o Ousadia FC.

Criar um time do zero não é tarefa fácil para uma pessoa só. 

Por isso, Queixinho entrou em contato com pessoas que já trabalhavam na área para dar conta da parte burocrática. 

Junto a uma empresa de intercâmbio esportivo, Queixinho fundou o Ousadia FC, que é listado como "Ibero-Americano de Fútbol" na primeira temporada, porque o nome português não havia sido aprovado a tempo pela federação.

2 meses antes do início da Quarta Catalã, última prateleira do futebol espanhol que equivale à décima primeira divisão, nascia o Ousadia FC. 

Caso subam cinco divisões, já estarão aptos para disputar a Copa do Rei contra gigantes do país, como Barcelona e Real Madrid. 

Até lá, porém, a equipe de brasileiros esbarraria em regras sobre o número de estrangeiros no elenco.

A última divisão espanhola é semiprofissional, e por isso não há o pagamento de salários. 

Selecionar os jogadores seria o primeiro desafio do presidente e atacante do time. 

Queixinho usou as redes sociais para fazer a seletiva que compôs o elenco. 

Atualmente, com 550 mil seguidores, o Ousadia FC já conta com mais seguidores do que nove equipes de La Liga.

"Para captar os jogadores, foi difícil. Na época, estávamos com 150 mil seguidores no perfil do time. A gente deixou claro que as pessoas tinham que ter condições de se manter na Espanha, ou que já morassem no país, pra facilitar. A gente não fez seleção nenhuma. Quem conseguiu vir, veio. Mais de 800 pessoas entraram em contato, mas só 25, 30 tinham condições de se manter. Já pro centro de treinamento e estádio, não foi difícil: encontramos um clube e pagamos para treinar em determinados horários semanalmente".

Além dos jogadores, o Ousadia FC conta com sete funcionários: um treinador chileno, um preparador físico panamenho, dois brasileiros que trabalham nas redes sociais do clube, um assessor, um motorista e o vice-presidente, que trabalha em conjunto com Queixinho na administração da equipe.

Um dos jogadores do Ousadia é Jesaias Duarte, que também é conhecido por ser sósia do influenciador Iran Ferreira, o Luva de Pedreiro.

Curiosamente, o sósia é zagueiro, e não um finalizador como Iran, que ficou conhecido por seus vídeos em um campo de terra, no interior da Bahia.

"Ele é monstro na zaga, não sorri nem pra mãe (risos). Cumpriu todas as expectativas. Pelo que eu vi o Luva de Pedreiro jogar, o sósia é mais jogador. Mas são posições diferentes, ele joga muito bem mesmo, até no treino", elogiou Queixinho.

Mesmo sem seletiva, o Ousadia FC está com 100% de aproveitamento no campeonato: são quatro jogos e quatro vitórias. 

Para subir de divisão, é preciso ser perfeito: apenas o campeão conquista o acesso direto. O segundo e o terceiro disputam com os últimos da outra divisão para decidir quem sobe.

As partidas da quarta divisão da Catalunha acontecem em todo o território catalão, que se estende por 400km pela costa leste da Espanha, na fronteira com Andorra pelo norte até a comunidade valenciana ao sul.

Racismo e xenofobia: Na Espanha, o racismo é um tema recorrente dentro e fora da esfera esportiva. 

Mesmo nos holofotes do futebol mundial, Vinícius Júnior é vítima de criminosos que frequentam as arenas esportivas. Infelizmente, na quarta divisão catalã não é diferente.

"A gente jogou três jogos, e em um chamaram a gente de macaco, fizeram cena pra nossa torcida, queriam jogar bola na gente... Mas a gente é brasileiro, a gente gosta de pedalar, de ir pra cima, e eles aqui não gostam. O futebol deles é toque de bola, estudado. Então infelizmente a gente sofreu muito racismo aqui já. A gente já tomou multa por causa da torcida e eles não tomam nada por fazer racismo com a gente.

"A maioria das pessoas aqui não gostam de imigrantes, seja brasileiro ou de qualquer país. Ainda mais o pessoal de Barcelona, que quer ser independente, então se fecham ali entre eles. Mas no geral, a gente tem que ter o psicológico forte pra aguentar isso todo dia, mas que dói, dói. E muito".

Interação com jogadores: Queixinho diz não acreditar quando jogadores profissionais dizem acompanham o Ousadia FC. 

O brasileiro comentou o contato de Raphinha, do Barcelona, dos campeões mundiais de futsal Pito e Ferrão e Everton Cebolinha, atacante do Flamengo.

O Ousadia FC ainda é novo, mas Queixinho quer levar o projeto para o futuro. 

O brasileiro planeja aumentar a rentabilidade da equipe para ter cada vez mais espaço para investimentos e vê o Ousadia FC como uma porta de entrada para pessoas que têm o sonho de serem jogadores de futebol mas não conseguem a oportunidade no Brasil.

Reportagem: Globoesporte.globo.com 

Adaptação: Eduardo Oliveira 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

Ramón na berlinda?

Torcedores do Corinthians pressionam, e diretoria vai esperar fim do ano para avaliar.

Trabalho é bem visto, mas eliminações nas Copas e falta de evolução do time depois da chegada de reforços pesam contra o argentino. 

Entenda o que pensa a direção alvinegra.

Ramón Díaz tem contrato até o fim de 2025 com o Corinthians. 

A permanência até lá, no entanto, não está garantida. 

As eliminações nas semifinais da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana, além da briga contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, aumentam a pressão sobre o técnico, e o trabalho é cada vez mais contestado entre os torcedores.

"Você sabe que tenho contrato até o fim do que vem? Não entendeu o que te respondi? Tenho contrato até dezembro de 2025", disse Ramón Díaz, em entrevista depois da derrota para o Racing.

Em 27 jogos no comando do Timão, o argentino obteve 10 vitórias, 9 empates e 8 derrotas, aproveitamento de 48,1%. 

Mas o que pensa o Corinthians sobre o futuro do treinador?

A avaliação geral é de que o trabalho é positivo, e a falta de bons nomes no mercado e os problemas financeiros pesam contra uma mudança neste momento. 

A definição será feita depois do término da temporada, com a permanência na Série A do Campeonato Brasileiro tendo peso significativo na avaliação final.

O Corinthians entende que uma troca de treinador e a ruptura do trabalho podem ser prejudiciais para a formação de uma equipe competitiva no próximo ano. Ramón Díaz recebeu os reforços que pediu desde a sua chegada, aumentando a pressão por um resultado além do que vem oferecendo.

Apesar das classificações para as semifinais da Copa Sul-Americana e da Copa Brasil não terem sido esperadas, a frustração pelas duas eliminações causaram desconforto na direção.

A avaliação é de que era possível avançar à final de pelo menos um dos torneios. 

E a conquista de um título premiaria a reformulação de elenco proposta pela atual gestão.

As eliminações possuem grande parcela de culpa justamente no trabalho de Ramón Díaz.

O entendimento é de que o Corinthians poderia ter desempenhado melhor, principalmente nos jogos contra Flamengo e Racing, ambos na Neo Química Arena. 

Pessoas próximas da direção defendem que o trabalho de Ramón chegou ao seu teto no clube, sem margem aparente para uma evolução mesmo com os jogadores contratados desde a sua chegada.

"Creio que o trabalho que estamos fazendo é excelente, porque competimos. Quando chegamos me chamaram para salvar o time, o grupo e os jogadores tiveram competência e qualidade para competir. Estamos juntos há três meses, pudemos ganhar jogos importantes do Brasileiro para saírmos da zona. Os jogadores chegaram em duas semifinais que não estavam no plano, temos que seguir lutando para terminar bem o ano", opinou Ramón.

Outros 2 pontos serão analisados pela direção alvinegra para definir a troca ou não de treinador em 2025: a falta de opções no mercado somada aos problemas financeiros para um possível aporte para a contratação de um grande nome, além da escassez de competições no próximo ano: até o momento, o Timão tem apenas Campeonato Paulista e Brasileiro no calendário.

A chance de uma interrupção no trabalho antes do término do Campeonato Brasileiro é remota.

A direção entende que Ramón Díaz segue sendo o nome mais capacitado para a missão de evitar que o Corinthians seja rebaixado no Campeonato Brasileiro. 

A grande dúvida é se o argentino tem o perfil para conduzir o time na próxima temporada diante das incertezas sobre o calendário, finanças e manutenção do elenco.

O próximo desafio será na segunda-feira (4), contra o rival Palmeiras, às 20 horas (horário de Brasília), na Neo Química Arena.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

Adaptação: Eduardo Oliveira

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro