Velocista brasileiro ganhou dois ouros, vibrou, pulou, comemorou, esbanjou carisma, fez declaração de amor para a namorada em entrevistas e ganhou o coração a torcida no Pan.
Como dorme depois que vira “estrella”?
Sí, estrella, como Gallina.
Esse era o maior problema que o mais novo, mais novo mesmo, com apenas 19 anos, campeão pan-americano dos 200 metros tinha para resolver na noite desta quinta-feira (2), em Santiago.
Como dormir depois de ser campeão do Pan nos 200m e, logo em seguida, na mesma noite, ganhar o 4x100m fechando o revezamento do Brasil de forma arrasadora?
Renan Gallina não sabia.
Ficou acordado até a madrugada lembrando do dia mais feliz da vida esportiva.
Aos 19 anos, é até o momento o atleta mais jovem a conquistar um ouro no Pan de Santiago.
E ainda igualou o resultado de dois medalhistas olímpicos e mundiais: o Brasil não ganhava o ouro nos 200 metros desde Claudinei Quirino (1999) e Robson Caetano (1991).
Depois veio a consagração fechando o revezamento brasileiro que já tinha sido campeão em Lima 2019.
Mas, naquele Pan passado, a promessa da equipe era Paulo André Camilo.
Justamente o PA que se machucou nas semifinais dos 100m em Santiago e deixou a delegação.
Abriu espaço para Renan correr o revezamento ao lado de Rodrigo Nascimento (único remanescente de Lima 2019), Eric Felipe Cardoso e Felipe Bardi, este prata nos 100 metros dois dias antes.
Renan Gallina, agora, volta para Maringá, onde treina com Sandra Regina Crul, educadora física que descobriu o velocista aos 12 anos e segue com ele até hoje, dividindo-se entre o cuidado em revelar crianças para o esporte e cuidar da nova grande promessa do Brasil.
Do salto em altura, o garoto paranaense de pernas longas migrou para as provas de velocidade.
Com 1,87m e apenas 5% de gordura corporal, ele voa.
Mas ainda precisa ficar mais forte.
A treinadora acredita que as Olimpíadas de Paris 2024, daqui a nove meses, ainda não verão o auge do pupilo.
Ele ainda precisa fazer o índice olímpico nos 100 metros (correr abaixo de 10 segundos) e nos 200 metros (20s16).
O brasileiro fez 20s37 em Santiago, depois de um ano em que se recuperou de lesão.
Agora, a mãe Juliana já sabe que o assédio ao filho será maior.
Convites para treinar fora de Maringá já chegaram, mas a família não considera que seja a melhor hora para sair.
Sabem apenas que no início do ano que vem Renan Gallina vai fazer períodos de treinamento com a seleção brasileira nos Estados Unidos.
Quando treinou pela primeira vez com a equipe de revezamento em São Paulo, há três meses, era apenas um calouro que carregava as malas dos mais experientes.
Na noite desta quinta-feira (2), após os dois ouros no Pan, ouviu do capitão Rodrigo Nascimento: “Ele está pronto!”.
Os pais sempre quiseram que esse momento de gloria esportiva chegasse.
Apaixonados por esporte, deram ao filho o nome em homenagem ao ídolo do vôlei Renan Dal Zotto.
Mas talento com a bola nos pés ou nas mãos faltava na infância.
Sorte que a professora Sandra o viu correndo com os colegas e convidou para ser do atletismo.
Como Lima viu há quatro anos um jovem de 19 anos brilhando nas pistas da capital peruana em ganhando o Pan, mostrando às Américas e ao mundo o hoje consagrado nome de Alison dos Santos, campeão mundial dos 400m com barreiras, desta vez foi Santiago que presenciou outro astro surgindo nas pistas aos 19 anos em seu primeiro Pan.
Entre algumas semelhanças está também o carisma. Renan Gallina conquistou os chilenos, vibrou, pulou, comemorou, fez declaração de amor para a namorada em entrevistas e ganhou o coração a torcida também.
Nesta sexta-feira (3), Renan Gallina acordou.
E descobriu que não era sonho. Foi ao Estádio Nacional de Santiago receber os ouros da noite anterior.
Medalhas douradas, brilhantes, como estrelas.
Reportagem: Globoesporte.globo.com
Adaptação: Eduardo Oliveira
Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro
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