segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Despedida do mestre

Léo Batista é velado na sede do Botafogo. 

Alex Escobar se despede: "Um cracaço da comunicação".

Cerimônia foi aberta ao público e contou com a presença de personalidades do jornalismo brasileiro.

O jornalista Léo Batista faleceu aos 92 anos no último domingo (19). 

O corpo foi velado nesta segunda-feira (20) na sede social do Botafogo, em General Severiano, no Rio. 

A cerimônia recebeu familiares e amigos e foi aberta ao público.

Dezenas de pessoas estiveram presentes para prestar a última homenagem à "Voz Marcante" que se fez presente em mais de 7 décadas no jornalismo brasileiro. 

Foram 2 horas com portões abertos, e o evento foi encerrado com um minuto de palmas de todos os presentes.

Atual apresentador do Globo Esporte, Alex Escobar foi uma das personalidades que compareceu para prestar a última homenagem ao colega. 

Léo, que atuou na televisão até dezembro, foi responsável por apresentar a primeira edição do programa diário de esportes da Globo, que hoje é comandado por Alex. 

O apresentador revelou que teve conversas sobre o fim com o amigo.

"Por volta do meio de novembro ele falava para mim "estou sentindo que estou perdendo as minhas forças". No início eu brincava "o senhor vai morrer nunca". Com o tempo fui percebendo que ele estava realmente perdendo as forças. Eu tomei a decisão de legitimar. Eu estava percebendo o que ele estava percebendo, nós éramos amigos e nós tivemos duas conversas muito abertas sobre o fim. Ele dizia "eu não quero descansar". Eu disse que não é a gente que escolhe. Está chegando sua hora de descansar. A gente se abraçou, foi difícil. Ele ainda trabalhou mais uma semana ou duas, mas mal. Ele já debilitado, dizendo que estava com dificuldade de ir para lá", disse Alex Escobar.

"A única certeza que a gente tem quando vive, é que um dia vai embora. Mas é tão difícil se preparar para isso. Para quem fica é difícil, imagina para quem entende que está indo. Ele tinha muita vitalidade, gostava da vida, de contar histórias", comentou Alex Escobar.

Léo atuou no Grupo Globo por mais de 50 anos. 

A última participação no Globo Esporte foi em dezembro de 2024. 

Para Escobar, a forma como Seu Léo soube se atualizar ao longo de mais de 7 décadas como jornalista é única.

"Seu Léo trabalhou até o fim em alto nível. Bem, relevante, atual. O quadro que ele fazia no Globo Esporte era muito atual, de um jeito que ele não fazia antes, passou a fazer e bem. Era um cracaço de comunicação que soube se atualizar por 70 anos. É um caso único na humanidade o mestre Léo Batista. Ele trabalhou bem até o fim. Gigante o mestre Léo Batista", completou Alex.

Mylena Ceribelli, que dividiu apresentação dos programas de esporte da Globo com Léo de 1991 até 2009, se emocionou ao falar do amigo. 

A apresentadora lembrou de história que Batista contava nos bastidores e destacou como ele sempre era solícito para ajudar os colegas com conselhos:

"Era um menino de 92 anos, porque ele sempre estava tão feliz por apresentar, estar dentro do esporte. Tanto que várias gerações amam o Léo Batista. Qualquer lugar que a gente tivesse sempre vinham reverenciá-lo. É isso que ele merece, as pessoas nunca esquecerem dele. No enterro do Zagallo, ele falou essa frase que todo mundo está repetindo "só morre quem não é mais lembrado". Ele eu tenho certeza que será sempre lembrado. Porque é uma referência de pessoa e profissional".

Diretor de produção de conteúdo de esportes da Globo, Renato Ribeiro destacou a atualização como um dos maiores legados deixado pelo jornalista. 

Como ele soube se atualizar ao longo de 70 anos de carreira.

Léo Batista começou a carreira no Rádio, foi inclusive o responsável por noticiar o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e cobriu a final da Copa do Mundo de 1950. 

Passou a maior parte da carreira na TV e terminou fazendo conteúdos também para a internet.

"A gente aprendia com ele e ele se alimentava disso. Ele nunca negou o novo, soube se atualizar sempre. Quando você achava que o tempo dele tinha passado, ele ressurgia, mudava o jeito de contar história, se reinventava. Esse é a grande inspiração dele. Não negar o novo, receber as novas linguagens e se reinventar a todo instante", disse Renato.

Léo Batista, ícone do jornalismo esportivo, lutava contra um tumor no pâncreas. E

le foi internado no último dia 6 de janeiro e resistiu por 13 dias. 

O velório na sede do Botafogo é aberto ao público.

Reportagem: Globoesporte.globo.com

 

Adaptação: Eduardo Oliveira

 

Revisão de Texto: Ana Cristina Ribeiro

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